LC - Dissertação

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    O FEMINISMO NA LITERATURA INFANTIL CONTEMPORÂNEA: AS VOZES DE EMPODERAMENTO EM LA DURMIENTE
    (2024-07-09) Santos Menezes, Andreia; Orientação
    Esta dissertação examina a obra La Durmiente, de Maria Teresa Andruetto e István Schritter, publicada em 2010 na Argentina. O livro ilustrado integra a linguagem verbal e visual, desafiando as convenções dos contos de fadas e promovendo o empoderamento feminino. A pesquisa, baseada em teorias do feminismo contemporâneo, como a performatividade de gênero de Judith Butler (2018) e as perspectivas pós-coloniais de Karina Bidaseca e Vanesa Vazquez (2011), explora como a obra desconstroi estereótipos e reflete sobre autonomia e poder. A análise considera o papel da literatura como resistência cultural, investigando a interação entre texto e imagem com base nas teorias de Nikolajeva e Scott (2011). O estudo esclarece como as perspectivas feministas se manifestam na narrativa e no discurso visual, influenciando a formação crítica das crianças e sua percepção de questões de gênero.
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    Literatura como manifesto político: uma análise da representação da violência contra o corpo feminino nas produções literárias de Sheyla Smanioto.
    (2024) Klumb, Stefani Andersson
    A presente pesquisa focalizou-se em realizar reflexões e análises comparatistas sobre três produções literárias da autora contemporânea Sheyla Smanioto que possuem como eixo temático principal a violência contra a mulher em suas mais variadas formas e que acontecem, sobretudo, no âmbito doméstico, a saber, o romance de estreia Desesterro (2015), que retrata a vida de quatro gerações de mulheres do sertão nordestino inseridas em diferentes formas de opressão; o conto “Mulher bicho” (2016), que revela os efeitos negativos que as imposições sociais historicamente delineadas pelo patriarcado causam nos sujeitos do sexo feminino; e o romance Meu corpo ainda quente (2020), que configura-se em torno de uma sociedade distópica onde as mulheres não são donas do próprio corpo. A partir da perspectiva da Literatura Comparada, que nos permite explorar o imbricamento da literatura com outras formas de conhecimento, delineamos, como objetivo geral, compreender como ocorre a representação da violência contra o corpo feminino nas três obras literárias selecionadas como corpus, visando compreender de que forma a escritora contribui para promover visibilidade às distintas formas e consequências desta manifestação. Na perspectiva de alcançar o objetivo proposto, sustentamos a pesquisa nos estudos de Heleieth Saffioti (1987; 1994; 2001; 2011), Lia Zanotta Machado (1998; 2000) e Lilia Schwarcz (2019), que refletem sobre o fenômeno da violência, sobretudo perpetrada contra a mulher; nos pressupostos teóricos acerca da produção literária de autoria feminina, com foco voltado à representação da violência contra o corpo da mulher, desenvolvidos por Carlos Magno Gomes (2013; 2014; 2017); Eurídice Figueiredo (2020), Lúcia Zolin (2021) e Regina Dalcastagné (2010; 2016); e na tipologia corpórea, desenvolvida por Elódia Xavier (2021). Trata-se de uma pesquisa bibliográfica, que adota uma perspectiva interdisciplinar e plurimetodológica, com o intuito de, a partir da articulação de diferentes epistemes, construir uma abordagem compreensiva da violência contra a mulher, buscando cumprir não apenas uma função estética em torno de um estudo literário, mas também social, visto que favorece um posicionamento crítico diante das questões exploradas por Sheyla Smanioto. Como resultado desse processo de investigação, foi possível perceber como a escritora ficcionaliza o real para suscitar reflexão, convertendo o processo de escrita em uma ferramenta de resistência e expansão de experiências femininas, transfigurando-o em um ato político.
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    A estética Decolonial e o protagonismo indígena nas obras da artista Daiara Tukano.
    (2024) Veiga, Giuliana Adam Tezza da
    Este trabalho acadêmico propõe uma revisão do papel da arte indígena na construção da cultura brasileira desde a chegada dos europeus ao território brasileiro, culminando em uma análise das obras da artista indígena Daiara Tukano a partir das considerações teóricas propostas por Walter Mignolo em sua teoria da Estética Decolonial. A estética decolonial de Mignolo oferece uma lente crítica para examinar as formas pelas quais as estruturas coloniais persistem na produção e na recepção da arte, destacando a importância de decolonizar tanto os processos de criação quanto os sistemas de valorização estética. Por outro lado, a arte indígena contemporânea de Tukano surge como uma expressão vibrante e resistente da identidade indígena em um contexto pós-colonial, desafiando narrativas dominantes e subvertendo estereótipos, além de representar uma forte referência na atuação de mulheres artistas e indígenas no contexto contemporâneo. Este estudo busca identificar convergências entre as ideias de Mignolo e a prática de Daiara Tukano, investigando como a arte pode ser uma ferramenta para a descolonização epistêmica e a afirmação de identidades marginalizadas. Ao traçar paralelos entre a teoria e a prática, este trabalho contribui para uma compreensão mais profunda das dinâmicas de poder na produção cultural e para o potencial da arte como um espaço de resistência e transformação.
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    Oralitura e ecumenismo em João Guimarães Rosa (1908-1967): paisagens simbólicas em Grande sertão: veredas (1956).
    (2024) Vieira, Elizabete da Conceição
    Este estudo tem como objetivo percorrer o romance Grande sertão: veredas (1956), de João Guimarães Rosa (1908-1967), com base em instrumental teórico em torno de aspectos conceituais e históricos da categoria estética denominada “oralitura”. Essa categoria é aqui entendida como modo tradicional de expressão comunicativa, de natureza poética e verbal, cuja transmissão interpessoal ocorre de forma acústica, em performances corporais, coletivas e gregárias. Portanto, como ponto de partida, propomos uma revisão histórico-bibliográfica em torno do conceito de “oralitura”. Em momento ulterior, trilhando e explorando pistas de leitura deixadas por Guimarães Rosa em sua obra Grande sertão: veredas, seguimos os movimentos e ritmos da oralitura, suas diversificadas manifestações nas páginas da obra do bardo mineiro, em estreito diálogo com as performances da oralitura no terreiro do sagrado e no terreno do profano. No tocante à conflituosa formulação do conceito de “oralitura”, confrontamos as ideias de Hampâté Bâ (2010), Aguirre (1992), Ferrer (2010), Friedemann (1999), Lisbôa (2020), Maglia (2016), Martins (1997), Mendizabal (2010), Thiong'o (2007) e Zirimu (1998), para logo contemplarmos, em perspectiva comparatista, os estudos pioneiros de Mário de Andrade (2002). De forma complementar, buscamos apoio em críticos pioneiros que analisam as vertentes regionalista e popular da obra rosiana, tais como Candido (1983) e Arroyo (1984). Para melhor compreensão do viés espiritual e ecumênico dessa obra, seguimos os estudos de Utéza (1994) e Campos (2006), em leitura contrastiva com recentes pesquisas publicadas por Marinho, em co-autoria com Castro (2021), Maciel (2021), Santos (2021), Silva (2019, 2020), Souza (2022) e Leal (2023). Com base nesse arcabouço crítico e teórico, percorremos a narração do próprio bardo Riobaldo, de forma a evidenciar o encontro de múltiplas espiritualidades em suas variadas manifestações diastráticas, diacrônicas e diatópicas – tal qual a linguagem utilizada pelo romancista mineiro. Caberia aqui relembrar que o próprio autor afirma se dedicar ao preparo de um “omelete ecumênico”, ou seja, uma obra poética que busca inspiração em todos os solos, em toda a terra habitada, no conjunto do universo, tal como indica a etimologia de “ecumênico” (do grego “οἰκουμένη”, oikumene, significado “mundo habitado”). Nesse sentido, buscamos identificar passagens textuais articuladas em torno da oralitura e do ecumenismo espiritual, enfeixadas em elementos de paisagem pretextualmente sertaneja.
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    Desumanização e resistência na obra Ponciá Vicêncio, de Conceição Evaristo.
    (2023) Franke, Rosiane Maria Gusberti
    A presente dissertação pretende analisar a representação literária relacionada à luta contra a desigualdade racial, social e de gênero vivida pelas mulheres negras na obra Ponciá Vicêncio (2017), da brasileira Conceição Evaristo. Neste romance, Evaristo traça a trajetória da personagem principal, Ponciá Vicêncio, apresentando os seus percursos, desde a infância até a idade adulta, que conjugam violências advindas da sua condição social de mulher pobre e negra, descendente de escravizados, e seus processos de construção identitárias, estabelecendo um diálogo entre o passado e o presente. Pretendo analisar como Evaristo é capaz de relacionar, a partir do seu con ceito de escrevivência, suas próprias narrativas e experiências pessoais com o cenário social brasileiro, retratando os traumas emocionais e profundas ausências que o racismo, o machismo e a pobreza vivenciadas pelas mulheres negras produzem, sem deixar também de humanizar e enaltecer a resistência e “subjetividade ativa” das suas personagens.
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    Favela, infância e adolescência: o discurso narrativo do lugar e de todos os lugares em O Sol na Cabeça.
    (2024) Santos, Robson Fagundes dos
    Composto por treze contos, o livro O Sol na Cabeça (2018) de Geovani Martins apresenta a rotina de crianças, adolescentes e jovens em territórios marginalizados da cidade do Rio de Janeiro. As dificuldades da infância periférica, a discriminação social, o abuso de autoridade, a exposição do jovem ao tráfico, a violência e as drogas compõem a temática dos contos. Assim, atendo-nos ao contexto literário apresentado pelo escritor, esta dissertação tem como objetivo geral analisar quatro contos da obra, sendo dois contos narrados em primeira pessoa – “Rolézim” e “Sextou” – que apresentam o olhar do jovem morador da favela, seus conflitos e desafios e dois contos narrados em terceira pessoa – “Roleta-russa” e “Primeiro dia” – que trazem o olhar da/sobre a criança da favela, suas descobertas, curiosidades e anseios. Logo, propomo-nos à discussão sobre o lugar que ocupa o escritor e sua produção entre a literatura considerada cânone e a literatura marginal e se o escritor consegue representar a periferia a partir da linguagem – do trânsito entre a formalidade e a oralidade – e de sua formação nos projetos literários periféricos. Também, indagamos se a literatura marginal surge por existir um cânone literário ou se ela apresenta-se como uma literatura temática. Fazemos tais questionamentos uma vez que entendemos o escritor como representante dos sujeitos e espaços marginalizados através de sua literatura. Deste modo, o texto proposto discute, inicialmente, o estabelecimento do cânone e da literatura clássica (PERRONE-MOISÉS 2016; COMPAGNON 1999; BLOOM 2010) ao longo do tempo, com vistas a contrastar esses modos de conceber o literário com as definições de literatura marginal (NASCIMENTO 2009; EBLE & LAMAR 2015) a partir do movimento “Literatura Marginal/Geração Mimeógrafo” que surge na década de 70 e do movimento “Literatura Marginal” dos anos 90 que tem como ferramenta de divulgação e reconhecimento a revista Caros Amigos publicada em três edições especiais. Em face do novo comparatismo no cenário latino-americano (COUTINHO 2016), propõe-se a reflexão sobre o lugar das vozes periféricas (DALGASTAGNE, 2002) na literatura.
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    Bruno de Menezes batuca amefricanidade e afrorrealismo: marginalização literária e literatura da améfrica.
    (2024) Santos, Állan Sereja dos; Matias, Felipe dos Santos
    Esta dissertação estuda a obra Batuque (1953), de Bruno de Menezes (1893-1963), como representação da Amefricanidade e do Afrorrealismo na Amazônia. O trabalho parte da percepção de haver uma marginalização literária do intelectual e uma escassez de análises da sua obra por uma perspectiva central e/ou predominantemente afro-americana; e de contrapor ao “racismo epistêmico” (GROSFOGUEL, 2016). Assim, desenvolvem-se três capítulos. O primeiro apresenta uma biobibliografia do referido literato e alguns pontos do contexto intelectual de Menezes. O segundo capítulo aborda sobre a constituição literária do negro pelas autorias brancas, a autoria negra no cenário latino-americano, e um panorama da intelectualidade e dos movimentos literários negros da América. Além disso, o segundo debate, como possíveis motivos para a marginalização literária de Menezes, o fato dele ter sido negro, pobre, latino-americano e oriundo de uma periferia urbana brasileira da Amazônia/Norte. Também reflete sobre a colonialidade do ser e do saber, a partir dos estudos decoloniais, e destaca os conceitos de Amefricanidade (GONZALEZ, 1988) e Afrorrealismo (DUNCAN, 2019). No terceiro capítulo ocorre a análise de cinco poemas da obra Batuque, tendo os conceitos afrorrealismo e amefricanidade como centrais, articulados com reflexões sobre a obra (SILVA, 1984; ASSIS, 2006) e estudos de outras Ciências Humanas (CARNEIRO, 1977; NASCIMENTO, 1978; SALLES, 2004; LUCA, 2010; SODRÉ, 2017). Através de Batuque, percebe-se a amefricanidade, pelas representações das marcas de africanização no território amazônico-brasileiro, e uma voz lírica que adota uma perspectiva intraétnica contraposta ao discurso do dominador, considerando o afrorrealismo presente na literatura amazônica-brasileira. Assim, pode-se dizer que os dois conceitos negro-latino-americanos se complementam e proporcionam analisar questões estéticas e linguísticas, além de representações étnico-raciais e da cosmovisão e ancestralidade afro na poética meneziana.
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    Palavra de mestres: ancestralidade, cultura e política no tambor caboatã do coco de umbigada em Pernambuco.
    (2023) Alves Silva, Francisco Rodrigo Simões
    Este trabalho é dedicado a um conjunto de práticas culturais, saberes ancestrais, posições políticas e relações sociais localizado num bairro tradicional da cidade de Olinda, mais especificamente em volta e no interior de uma casa que é, ao mesmo tempo, o terreiro Ilê Axé Oxum Karê e o Ponto de Cultura do Coco de Umbigada. A proposta principal do trabalho, ao menos do ponto de vista epistemológico, é o fato de que ele é planejado, conduzido e redigido em parceria com as duas figuras de referências desse espaço: mãe Beth de Oxum e o Mestre Quinho Caetés, que são, para além das convenções e protocolos da esfera acadêmica brasileira, também coautores dos textos aqui apresentados que, assim, buscam dar concretude às propostas de encontros de saberes que se espalham em vários âmbitos políticos e educacionais da América Latina.
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    As mulheres de véu no grafite: a arte como instrumento de representação das muçulmanas contra a islamofobia.
    (2024) Eroud, Aicha de Andrade Quintero
    Este estudo tem por escopo a verificação da importância do véu islâmico para as mulheres muçulmanas, delineando questões que envolvem a islamofobia e a hijabofobia, terminologia trabalhada pela Antropóloga Francirosy Campos Barbosa. Para tanto, utiliza-se um olhar voltado para o grafite como arte produzida por mulheres muçulmanas que usam o véu islâmico, como instrumento efetivador da manifestação religiosa como Direito Humano, e que contrapõe o orientalismo no Brasil. Para edificar este estudo são colecionadas revisões bibliográficas sobre o tema, com o fito de visualizar demais estudos e coletar informações sobre o uso do véu islâmico sob a perspectiva da agência feminina, conceito proposto pela Antropóloga Sabah Mahmood. Também, parte-se dos estudos de Edward Said para compreender o fenômeno do Orientalismo. No decorrer deste trabalho apresenta-se o grafite enquanto objeto artístico trabalhado por mulheres muçulmanas, como a Najdaty Andrade, do Brasil, que se apresenta como um importante meio de construção de uma representação autônoma da mulher que usa o véu islâmico na sociedade. Para tanto, este trabalho tem como Objetivo Geral os estudos pautados nos grafites produzidos por mulher uma muçulmana que usa o véu islâmico no Brasil, a Najdaty Andrade, de forma a verificar como os grafites feitos por ela possuem a possibilidade de desconstruir as representações propostas pelo Orientalismo sobre tais mulheres. Ao final foi constatado que, o grafite, enquanto arte de rua, pode ser considerado como instrumento de representação capaz de contribuir para a mitigação das discriminações causadas pelo Orientalismo sobre as mulheres em estudo, uma vez que os grafites tendem a carregar consigo as experiências e identidade daqueles e daquelas que a produzem.
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    Narrativas femininas de resistência e crítica social na literatura de Bernardine Evaristo.
    (2024) Ferreira, Inês Couto Macedo
    Esta pesquisa realiza uma análise comparativa das representações de mulheres negras na obra "Garota, mulher, outras" (2020) da autora inglesa Bernardine Evaristo. Integrando fundamentação teórica e a obra, a análise dialoga com estudos culturais, baseando-se em Stuart Hall (2013, 2016; 2019), e a produção de intelectuais feministas negras como Lélia Gonzalez (1984), Collins (2016), hooks (2019) e Kilomba (2019). Pretende-se mostrar como a obra de Evaristo faz ecoar uma pluralidade de vozes que representam um conjunto diverso de vivências de mulheres negras a partir da intersecção de raça, gênero e classe social. A análise comparativa realizada neste trabalho busca enriquecer a compreensão dos processos socioculturais de construção da identidade, denunciando a forma como as imagens de controle (Collins, 2026) construídas pelo racismo criam obstáculos para a autonomia das mulheres negras na literatura e na sociedade. Por fim, pretende-se demonstrar como Garota, Mulher, Outras de Bernardine Evaristo se torna um veículo poderoso para explorar e desafiar as estruturas de poder produtoras de violência sexista e racista, oferecendo uma perspectiva crítica que ajuda a compreender a complexidade das experiências das personagens e, por extensão, das pessoas reais que enfrentam preconceito e discriminação.
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    Memórias e narrativas femininas como manifesto feminista: uma análise de Garotas Mortas (2018) e Praia dos Ossos (2020).
    (2024) da Silva, Eliane
    Este estudo tem como objetos de análise o livro Garotas Mortas (2018), da escritora argentina Selva Almada e o podcast Praia dos Ossos (2020), produzido e narrado pela podcaster brasileira Branca Vianna. Ambas as obras são classificadas como não ficcionais, e narram histórias de feminicídios ocorridos durante e após as ditaduras no Brasil e na Argentina nas décadas de 70 e 80. As duas narrativas são conduzidas pela reconstrução de memórias e testemunhos levantados pelas autoras durante um processo de investigação próprio, abordando questões relevantes sobre patriarcado e violência contra as mulheres, como feminicídio, culpabilização das vítimas e impunidade masculina. A metodologia de pesquisa adotada baseia-se na análise comparada entre as obras, considerando pontos de convergência nos temas abordados. Para fundamentar teoricamente essas discussões, foram utilizados os estudos sobre memória e testemunho de Michael Pollak (1989), Halbwachs (2004), Le Goff (1996), entre outros. O objetivo geral desta pesquisa é explicar como o pensamento feminista influenciou na formação da memória e das subjetividades políticas das mulheres brasileiras e argentinas, refletindo-se em suas produções narrativas. Para tanto, foram considerados estudos de teóricas feministas, como Rita Segato (2016), Dora Barrancos (2022), Michelle Perrot (2007), Rebecca Solnit (2017), entre outras. Como objetivos específicos, este estudo pretende demonstrar, por meio da análise das obras, como elas podem ser veículos do pensamento feminista, engajando as mulheres na luta contra a misoginia, enquadrando as narrativas de Almada e Vianna como manifestos feministas sob a perspectiva de Vanessa Bortulucce (2015).
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    Volver a ser uno: Contra el tiempo de la catástrofe
    (2023) Schwaab, Dino Brian; Orientação
    O trabalho que segue parte da necessidade de fazer o próprio processo de investigação um problema. Com A queda do céu. Palavras de um xamã yanomami (2015), de Davi Kopenawa e Bruce Albert, como principal aliado — mas não único —, tenta-se ver como vemos, e como o que aqui chamamos, para esquematizar, lógica onírica, pode repercutir em nossos próprios modos de elaborar pensamento, como trazer esse outro lado que é o sonhar xamânico, a este lado no qual nós pensamos? A catástrofe, longe de ser uma ameaça iminente, já começou, estamos em seu tempo, e a lógica binária –que separa cultura e natureza, nós e mundo, sujeito e objeto, pensamento e corpo, eu e outro, etc.– é a condição sob a qual propaga-se. A partir daqui, torna-se necessário pensar como pensamos, porque esta separação, longe de ser uma obviedade, é o efeito de uma vinculação com o tempo que coloca seu sentido fora dele, num "além". Se é porque "não sabem sonhar que os brancos destroem a floresta", segundo fala o xamã, é porque, separados do vivo, só vemos nela um meio para um fim. Essa percepção que se separa do mundo no qual se tece, sendo herança de uma longa tradição ocidental, hoje se dá sob o modo de produção capitalista, no qual "tempo é dinheiro". É este modo de estar na Terra sem perceber-se parte dela que hoje, sob o comando do capital, encontra limitações em todo tempo e lugar, fazendo eclodir a guerra em todo lado, dentro e fora, aqui e ali. O que esta separação implica e o modo em que o xamanismo yanomami pode nos ajudar a sair dela, é o que aqui se tenta pensar. Da mesma forma, adotamos o gênero ensaio para elaboração do texto, pois este gênero permite fazer da forma e do tempo da escrita um problema em si mesmo da pesquisa acadêmica.
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    Vozes insurgentes: escrevivência e luta antirracista em Carolina Maria de Jesus e Conceição Evaristo.
    (2023) Palomo, Débora Nunes
    As obras literárias Quarto de Despejo (1960), de Carolina de Jesus, e Becos da Memória (2006), de Conceição Evaristo, são os objetos de estudo desta pesquisa, que busca compreender o papel da decolonialidade e sua relevância na sociedade contemporânea. O objetivo é analisar se o movimento de escrita/vivência, sob uma perspectiva decolonial, desempenha um papel importante na luta antirracista e na (des)construção do imaginário social em relação à identidade da mulher negra. Para embasar teoricamente o estudo, serão considerados autores como Aníbal Quijano (2005) e Maria Lugones (2020), bem como de outros pesquisadores latino-americanos que pensam criticamente o processo de modernidade/colonialidade/decolonialidade. Além disso, serão exploradas as reflexões de Conceição Evaristo (2005, 2019, 2020) acerca do conceito de (Escre)vivência, bem como reflexões de Lélia González (2020), Patrícia Hill Collins (2015, 2016), bell hooks (2020), Djamila Ribeiro (2017) e outras intelectuais negras, a fim de obter uma compreensão ampla da condição social das mulheres negras através de representações literárias e de autoras que falam/criam suas narrativas tomando em conta suas vivências, as quais estão conectadas às intersecções de raça, gênero e classe.
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    Presença de Antônio Lopes: trajetória de um polígrafo no meio do folclore maranhense.
    (2023) Barros, Luis Fernando Nascimento
    Este trabalho aborda a trajetória intelectual de Antônio Lopes (1891-1950), intelectual maranhense, que foi ativo nos campos do Direito, da Literatura, do Jornalismo, da História, da Geografia e da Etnografia, com ênfase na sua atuação com temáticas relacionadas ao folclore, à cultura popular do seu Estado natal e do patrimônio histórico e arquitetônico. A pesquisa destaca a originalidade de alguns dos resultados e dos produtos da sua intensa e multifacetada atividade intelectual.
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    Uma trajetória de horror na classe média: conflito de classes em trabalhar cansa (2011) e o animal cordial (2017)
    (2023) Germano, Pedro da Cunha
    As transformações políticas e sociais no Brasil durante os últimos dez anos produziram certos efeitos de natureza narrativa no cenário de produção cinematográfica de horror. O cinema de medo brasileiro passou por um significativo aumento e com isso um diálogo muito próximo à realidade política tomou forma em muitas das narrativas do gênero. Trabalhar Cansa (2011) e O Animal Cordial (2017) são dois enredos que representam uma psique da classe média urbana brasileira em dois momentos diferentes da década. Compreender a trajetória de receio e ódio dos protagonistas de ambas as narrativas acaba por traçar um paralelo às mudanças no cenário político do Brasil.
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    Paisagens pseudo-sertanejas e ecumenismo em “O Recado do Morro”, de João Guimarães Rosa
    (2023) Leal, Juliana Aparecida
    Este estudo propõe-se a perscrutar O recado do morro (1956), de João Guimarães Rosa (1908-1967), no que se refere à convergência recíproca entre concepção/percepção de paisagens, linguagem poética e religiosidades. A pesquisa parte da representação verbal da geografia concreta em busca de um imaginário simbólico, consubstanciado pela palavra demiúrgica. Portanto, como ponto de partida, perfazemos uma revisão bibliográfica em torno do conceito de paisagem, em sua condição de representação imaginária e idiossincrática, que deverá nos permitir analisar certos elementos apresentados no conto com base em uma perspectiva religiosa ou, com mais propriedade, espiritual. Tal viés decorre de uma hipótese de trabalho em que a narrativa apresentaria o sertão não apenas como referência geográfica externa, mas também como um espaço interior e simbólico. Buscamos dar forma a outras possíveis perspectivas de leitura inédita para essa narrativa. Para tanto, partimos de uma declaração de Guimarães Rosa, tal como citada por Haroldo de Campos (2006), em que o romancista assim afirma: “as pessoas dizem que só estou pintando uma cena do interior de Minas e estou é fazendo uma espécie de omelete ecumênico”. Nesse sentido, buscamos identificar passagens textuais e paisagens culturais articuladas em torno da religiosidade, tal como a crítica literária vem analisando desde os estudos pioneiros de Araújo (1996) e Utéza (1994), passando pelos recentes estudos de Marinho (2001, 2003, 2008, 2012), Castro e Marinho (2021); Castro, Marinho e Maciel (2022); Maciel e Marinho (2021); Marinho e Maciel (2021); Marinho e Silva (2019, 2020); Marinho e Oliveira (2021); Souza, Marinho e Maciel (2022). Com esteio em minuciosa análise dos campos lexicais que emergem da obra de Rosa, o presente estudo prospecta essa obra literária para além da categoria de “regionalismo”, com ênfase na universalidade anunciada por Antônio Cândido (2002).
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    Am I Latina/Nordestina Enough?: Representações Identitárias pelas Poetas Melissa Lozada-Oliva e Bell Puã
    (2023) Araujo, Laura Emilia
    Esta dissertação por meio dos estudos da performance e da colonialidade, procura propor uma análise da experiência feminina latina e latino-americana por meio de vídeo-performances em competições de poesia falada, Slam, e reflexões pessoais. Para tanto, foi selecionado como corpus seis video-performances de duas poetas, uma delas descendente de imigrantes latino-americanos nos Estados Unidos (Melissa Lozada-Oliva) e a segunda uma mulher negra pernambucana (Bell Puã). Elas se conectam por essa rubrica do slam e de seus poemas sobre si, também pelo processo de marginalização de suas identidades e corpos empreendido pela colonialidade. Como os negativos desta dissertação-retrato, apresento minha relação com as autoras e seus trabalhos, um relato de experiência de uma sequência didática de uma aula de português para estrangeiros analisando poemas de Bell Puã, além de uma reflexão sobre o fazer tradutório de quatro poemas de Melissa Lozada-Oliva. A discussão é empreendida com base em autores como Durval Muniz Albuquerque Junior (1999), Diana Taylor (2016), Ruth Behar (1993), Ellen Jones (2022), entre outros. A dissertação se atenta à elaboração de interpretações, teorizações e críticas por meio da performance, conferindo centralidade aos temas: identidade, linguagem e gênero.
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    Aportes del Cine Documental Contemporáneo en la Reconstrucción de La Memoria sobre la Dictadura Uruguaya
    (2022) Amaro Carbone, Carla
    El presente trabajo pretende comprender las formas en que el cine documental contemporáneo ha reconstruido la memoria sobre los sucesos de la última dictadura cívico-militar uruguaya, comprendida entre 1973 y 1985. Las medidas políticas que fueron aplicadas a partir de 1985 en la transición hacia la democracia generaron un silenciamiento sobre el tema, no siendo mayormente tratado en ámbitos públicos, lo cual repercutió en la producción cinematográfica, sobre todo de documentales. A partir de 2005, con las decisiones de un gobierno comprometido en formular políticas públicas de memoria sobre la dictadura, se genera un notable incremento en la producción de documentales sobre la problemática. Esta investigación se centra en tres documentales realizados en el periodo que se inicia en 2005: Secretos de lucha (2007), de Maiana Bidegain; Es esa foto (2008), de Álvaro Peralta Techera, y El círculo (2008) de Pedro Charlo y Aldo Garay, películas que abordan el exilio, la prisión y la ausencia a través del testimonio de quienes lo vivieron, lo que contribuye de manera decisiva a la construcción de la memoria colectiva.
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    Resistência e Protagonismo Indígena em Metade Cara, Metade Máscara, de Eliane Potiguara
    (2023) Trento, Bruna Maria; Matias, Felipe dos Santos
    A presente dissertação de mestrado realiza uma análise da obra Metade cara, metade máscara (2004), da escritora Eliane Potiguara, a partir das ideias de resistência e protagonismo indígena na produção literária. Neste livro, a autora traz uma discussão em que problematiza a invasão europeia e as diversas formas de violência colonial sobre os povos originários do subcontinente latinoamericano. Mesclando testemunho, autobiografia, romance e poesia, Eliane Potiguara desenvolve em Metade cara, metade máscara uma narrativa híbrida, na qual se observa uma voz autoral, que ao mesmo tempo em que expõe uma série de relatos autobiográficos e reflexões socio-históricas acerca das populações tradicionais, conta as peripécias do casal de personagens indígenas Cunhataí e Jurupiranga, que, separados pelo colonizador, viajam ao longo do tempo e espaço, testemunham as atrocidades colonialistas e lutam para se reencontrar e para libertar os povos indígenas da opressão e marginalização social. O estudo é desenvolvido em diálogo com os aportes teórico-críticos de Graça Graúna, Julie Dorrico Peres, Daniel Munduruku, Olívio Jekupé, entre outros.
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    Mar Paraguayo: o 'Trans' como Chão de uma Poética, uma Leitura em Ciranda
    (2023) Aires, Ana Gabriella Melo Ribeiro
    Muitos questionamentos já foram apontados e tantos outros surgem a partir da aproximação à obra Mar Paraguayo (1992), de Wilson Bueno, mas são dois os que orientam a escrita desta pesquisa: como ler Mar Paraguayo hoje, justo após trinta anos desde a sua primeira publicação? Como dialogar com essa obra a partir de onde se lê? Desse modo, sem preconizar respostas, mas de maneira propositiva, entendemos a necessidade de discutir Mar Paraguayo enquanto construção de uma narrativa trans: narrativa que está ‘para além’ de limites desde o corpo trans da marafona do balneário de Guaratuba, nossa narradora e única voz da narrativa, também persona-personagem. Nesse sentido, notando a potência do ‘trans’ como chave de leitura à narrativa, a partir da narrativa marafa vamos refletir sobre categorias como, por exemplo, língua ou translíngua (MIRANDA, 2019); linguagem, ritmo, imagem (PAZ, 2012); linguagem performática, tempo (MARTINS, 2021); memória (ASSMANN, 2011); comunidade (ANDERSON, 2008; NANCY, 2006) em perspectiva com as multidões kuir (PRECIADO, 2019) e com a relação por extensão (GLISSANT, 2021). Ainda, vamos considerar as redes (JASINSKI, 2017; BRAVO, 2011) que foram e continuam sendo articuladas e de que fazem parte Mar Paraguayo em suas reverberações e Wilson Bueno em sua presença na máquina performática (AGUILAR; CÁMARA, 2017) enquanto autor-crítico-editor a projetar-se sempre além-fronteiras. Ademais, além de toda a discussão, o presente trabalho conta com quatro entrevistas feitas em campo com autores partícipes das redes que tanto Mar Paraguayo quanto Wilson Bueno também fazem parte, a saber: Jorge Kanese, Douglas Diegues, Jussara Salazar, Ricardo Corona. Dessa maneira, buscamos realizar uma leitura em ciranda de Mar Paraguayo na medida em que compreendemos a importância de ressaltar de onde parte nossa leitura e que a contemporaneidade da obra também solicita modos de leitura contemporâneos.