Assimetria flutuante em abelhas das orquídeas (Hymenoptera, Apidae) de um grande fragmento florestal de floresta atlântica
Data
2015-11
Autores
Vieira, Lara Helena Pires
Faria Junior, Luiz Roberto Ribeiro
Soares, Elaine Della Giustina
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Editor
Resumo
A assimetria flutuante (AF) é um pequeno desvio aleatório na simetria perfeita
de características bilateralmente simétricas dos organismos, e tem sido utilizada como
uma medida de ruído no desenvolvimento. Uma premissa básica do uso da assimetria
flutuante como tal é que as instabilidades no desenvolvimento irão se refletir na
morfologia dos organismos. Algumas espécies de abelhas das orquídeas
(Hymenoptera, Apidae, Euglossina) são reconhecidas como bons bioindicadores de
qualidade ambiental, especialmente em áreas fragmentadas, devido às diferentes
respostas apresentadas por espécies do grupo aos eventos de fragmentação e
redução das áreas de floresta. Para testar a hipótese que os níveis de assimetria
flutuante variam em espécies de Euglossina de acordo com suas diferentes tolerâncias
à fragmentação, avaliamos a seguinte predição: os níveis de assimetria flutuante são
mais altos em espécies menos tolerantes à fragmentação florestal. Foram medidos três
marcos anatômicos das asas anteriores de 100 indivíduos (25 por espécie) de quatro
espécies de Euglossina, sendo duas espécies bastante tolerantes à fragmentação,
Euglossa cordata (Linnaeus, 1758) e Eulaema nigrita Lepeletier, 1841, e duas espécies
associadas a ambientes florestais, Euglossa iopoecila Dressler, 1982 e Euglossa
marianae Nemésio, 2011. Os indivíduos analisados foram coletados com o auxílio de
armadilhas específicas para estas abelhas, entre dezembro de 2012 e julho de 2013,
na Reserva Natural Vale, um grande remanescente de Floresta de Tabuleiro (ca.
22.000 ha) no norte do estado do Espírito Santo, sudeste do Brasil. Encontramos
evidências significativas de assimetria flutuante em todos os marcos anatômicos de
todas as espécies estudadas. Entretanto, os níveis de AF nas asas de Euglossa
marianae e Euglossa iopoecila, as espécies mais associadas às florestas, não foram
significativamente maiores que os encontrados em Euglossa cordata e Eulaema nigrita,
as espécies com maior plasticidade ambiental. Os resultados sugerem que a
estabilidade do desenvolvimento está sendo amplamente afetada nas espécies de
Euglossina da região, e que no caso específico de Euglossa marianae, espécie cujas
populações encontram-se isoladas nos grandes fragmentos florestais de Floresta
Atlântica do sudeste e nordeste do Brasil, este processo de isolamento não parece
estar desencadeando níveis mais elevados de instabilidade no desenvolvimento. Em
conclusão, apesar de encontrarmos evidência para a ocorrência de níveis significativos
de assimetria flutuante em todas as espécies estudadas, nossa predição que estes
valores seriam mais elevados em espécies associadas aos ambientes florestais não foi
confirmada. Agradecemos à UNILA pela bolsa de Iniciação Científica (PIBIC-UNILA)
concedida.
Abstract
Descrição
Anais do IV Encontro de Iniciação Científica da Unila - “UNILA 5 anos: Integração em Ciência, Tecnologia e Cultura na Tríplice Fronteira” - 05 e 06 de novembro de 2015 – Sessão Ciências Biológicas e Saúde Coletiva
Palavras-chave
Biomonitoramento, Euglossini