Memória e autoritarismo: setores populares e a ditadura Stroessner no Paraguai (1954-1989)
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Data
2014-11-06
Autores
Pereira Júnior, Paulo Alves
Silva, Paulo Renato da
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Resumo
A historiografia sobre os modos de resistência às ditaduras cívico-militares na América
Latina destaca, majoritariamente, os grupos “intelectualizados” da sociedade (estudantes,
intelectuais, jornalistas, escritores, artistas) e os trabalhadores urbano-industriais, organizados em
sindicatos e partidos políticos. Ademais, muitos intelectuais marxistas que estudam esses
governos autoritários priorizam como sujeitos históricos o proletariado. Dessa forma, como
explicar o caso de resistência à ditadura existente em um país agrário-exportador como o
Paraguai? Nesse caso, o conceito de proletariado se manifesta insuficiente, pois não conseguiria
explicar as ações de parcelas expressivas de certos grupos sociais. Para isso, utilizaremos o
conceito de setores populares. Luis Alberto Romero, em seu livro Sectores Populares, Cultura y
Política: Buenos Aires en la entreguerra (1995), escrito em conjunto com Leandro Gutiérrez,
desenvolve o conceito de setores populares, ao pensar na constituição dos trabalhadores para
além do processo produtivo urbano-industrial e se voltando para os sujeitos e grupos que não
estejam, necessariamente, inseridos neste processo produtivo (as mulheres, os idosos, as
crianças, os camponeses, os indígenas, dentre outros). É importante frisar que o conceito de
setores populares não exclui os trabalhadores urbano-industriais, mas procura pensar suas ações
para além do processo produtivo. Além disso, na grande maioria dos estudos, as resistências
cotidianas dos setores populares são “silenciadas” pelos autores, que dão prioridade aos grupos
armados e às oposições político-partidárias. Para esses autores, a população paraguaia se calou
diante do medo e da repressão, paralisando-se politicamente frente ao autoritarismo estatal.
Assim, o presente trabalho apresenta a seguinte problemática: os setores populares foram
desarticulados politicamente durante o período stronista? A partir das produções bibliográficas da
década de 1980 até a de 2010 e dos tomos III e V do Informe Final da Comissão de Verdade e
Justiça no Paraguai (2008), pretendemos apresentar perspectivas a essa problemática,
identificando como esses textos representam a atuação política dos setores populares. Os estudos
sobre o governo stronista, apesar de evidenciarem as oposições e resistências de distintos grupos
sociais, reproduzem a imagem de uma população passiva, desmobilizada e apolítica. Entretanto,
os livros de René Horst (2008) e de Alfredo Bocia Paz, Myrian González e Rosa Palau (1994),
juntamente com os tomos do Informe Final da CVJ, representam os setores populares como um
grupo politicamente ativo, que se mobilizaram e utilizaram táticas para criticarem o sistema
autoritário e repressivo do governo. Como referenciais teórico-metodológicos, utilizaremos, além
do conceito de setores populares, definições de memória, resistência, práticas cotidianas,
representações e “silenciamento”. Agradecemos ao Programa de Bolsas de Iniciação Científica
(PROBIC) da Universidade Federal da Integração Latino-Americana pela bolsa concedida.
Abstract
Descrição
Anais do III Encontro de Iniciação Científica da Unila - Sessão de História - 06/11/14 – 13h30 às 17h30 - Unila-PTI - Bloco 09 – Espaço 03 – Sala 01
Palavras-chave
Regimes cívico-militares, Stronismo, Resistência, Cotidiano, América Latina