Tráfico de linguagens na cultura da mídia: a “ética-estética” da narcocultura e as mediações em Narcos

Nenhuma Miniatura disponível

Data

2019-09-13

Título da Revista

ISSN da Revista

Título de Volume

Editor

Biblioteca Latino-Americana

Resumo

Como contribuição para o estudo de estéticas contemporâneas, esta dissertação tem como objetivo estudar o fenômeno da narcocultura latino-americana e as suas narrativas midiáticas, tomando como objeto a série Narcos, produção original da plataforma Netflix. A série é apenas um exemplo dentre inúmeros bens culturais de cinema, televisão, literatura e música que se servem da narcocultura e das suas representações ao mesmo tempo em que contribuem para retroalimentá-las ou mesmo reinventá-las. Baseando-se nas reflexões de Omar Rincón (2013) e Carlos Monsiváis (2006) sobre a violência e suas repercussões nos campos da cultura e da política, o trabalho desdobra-se em dois eixos de análise: a) a narcocultura incorpora elementos de diferentes linguagens da cultura da mídia, como melodrama, realismo mágico, seriado televisivo, cinema de ficção e documentário, e subverte, destitui ou ressignifica seus sentidos originários para criar uma mentalidade “ética-estética” própria, jogando com valores e sentidos morais da família, propriedade e religiosidade presentes na tradição latino-americana; e b) a mediação promovida por Narcos da narcocultura realiza uma apropriação específica dessa mentalidade “ética-estética”, matizando seus elementos constitutivos, e toma a figura mítica de Pablo Escobar como elemento central de uma produção transnacional destinada a uma audiência global. Em termos de análise comparada, o considerado é o ponto de contato e a coexistência de matrizes culturais e suas linguagens dentro de uma mesma obra audiovisual. A narcocultura extrai expedientes estéticos das matrizes culturais populares em sua busca por autenticidade. Portanto, essa forma cultural emprega desdobramentos estéticos, éticos e políticos no campo das representações da “cultura da mídia”. À vista disso, a análise da série se apoia em Andreas Huyssen (1997), Douglas Kellner (2001) e Vera Lúcia Follain de Figueiredo (2010), visto que Narcos é mais um produto cultural que aborda o fenômeno da violência e do narcotráfico, sendo assim um elemento da chamada cultura da mídia que tanto aterroriza e fascina a sociedade que, em seus inúmeros apelos de consumo, é atraída pela riqueza “ética-estética” da narcocultura, produzindo inúmeras narrativas a partir de representações midiáticas, o que coloca em disputa os sentidos da narcocultura e seus significados na América Latina.
Como contribución al estudio de la estética contemporánea, esta tesis tiene como objetivo estudiar el fenómeno de la narcocultura latinoamericana y sus narrativas mediáticas, tomando como objeto la serie Narcos, producción original de la plataforma Netflix. La serie es solo un ejemplo entre los muchos bienes culturales del cine, la televisión, la literatura y la música que utilizan la narcocultura y sus representaciones, mientras contribuyen a una retroalimentación mutua o incluso a su reinvención. Basado en las reflexiones de Omar Rincón (2013) y Carlos Monsiváis (2006) sobre la violencia y sus repercusiones en los campos de la cultura y la política, el trabajo se desarrolla en dos ejes de análisis: a) la narcocultura incorpora elementos de diferentes lenguajes de la cultura mediática, tales como melodrama, realismo mágico, series de televisión, cine de ficción y documental, y subvierte, despoja o resignifica sus sentidos originales para crear su propia mentalidad “ética- estética”, jugando con los valores y sentidos morales de la familia, la propiedad y la religiosidad de la tradición latinoamericana; y b) la mediación promovida por Narcos de la narcocultura realiza una apropiación específica de esta mentalidad “ética- estética”, midiendo sus elementos constitutivos, y toma la figura mítica de Pablo Escobar como el elemento central de una producción transnacional dirigida a una audiencia global. En términos de análisis comparativo, lo que se considera es el punto de contacto y la convivencia de matrices culturales y sus lenguajes dentro de la misma obra audiovisual. La narcocultura extrae dispositivos estéticos de las matrices culturales populares en su búsqueda de autenticidad. Por lo tanto, esta forma cultural emplea desdoblamientos estéticos, éticos y políticos en el campo de las representaciones de la “cultura mediática”. Así, el análisis de la serie está respaldado por Andreas Huyssen (1997), Douglas Kellner (2001) y Vera Lúcia Follain de Figueiredo (2010), dado que Narcos es otro producto cultural que aborda el fenómeno de la violencia y el narcotráfico, siendo así un elemento de la llamada cultura mediática que aterroriza y fascina tanto a la sociedad que, en sus múltiples llamados de consumo, se siente atraída por la riqueza “ética-estética” de la narcocultura, produciendo innumerables narrativas a partir de representaciones mediáticas, lo que cuestiona los sentidos de la narcocultura y sus significados en América Latina
As a contribution to the study of contemporary aesthetics, this dissertation aims to study the phenomenon of Latin American narcoculture and its media narratives, taking as its object the Narcos series, original production by Netflix platform. The series is just one example among the many cultural goods of film, television, literature and music that use narcoculture and its representations while contributing to a mutual feedback or even to their reinvention. Based on the reflections of Omar Rincón (2013) and Carlos Monsiváis (2006) on violence and its repercussions in the fields of culture and politics, the work unfolds in two axes of analysis: a) narcoculture incorporates elements from different languages of media culture such as melodrama, magical realism, television series, and both fiction and documentary filmmaking, and subverts, deprives or resignifies their original senses to create its own “ethics- aesthetic” mentality, playing on the family, property and religiosity‟s values and moral senses present in the Latin American tradition; and b) Narcos‟ mediation of narcoculture makes a specific appropriation of this “ethics-aesthetic” mentality, measuring its constituent elements, and takes the mythical figure of Pablo Escobar as the central element of a transnational production intended towards a global audience. In terms of comparative analysis, what is considered is the point of contact and the coexistence of cultural matrices and their languages within the same audiovisual work. Narcoculture draws aesthetic devices from popular cultural matrices in its quest for authenticity. Therefore, this cultural form employs aesthetic, ethical and political deviations in the field of representations of “media culture”. Thus, the analysis of the series is supported by Andreas Huyssen (1997), Douglas Kellner (2001) and Vera Lúcia Follain de Figueiredo (2010), given that Narcos is another cultural product that addresses the phenomenon of violence and drug trafficking, thus being an element of the so-called media culture that so terrifies and fascinates society that, in its many consumption appeals, is attracted by the “ethics-aesthetic” richness of narcoculture, producing numerous narratives from media representations, what puts in dispute the senses of narcocultura and their meanings in Latin America

Descrição

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Literatura Comparada da Universidade Federal da Integração Latino-Americana, como requisito parcial à obtenção do título de Mestre em Literatura Comparada. Orientador: Prof. Dr. Dinaldo Sepúlveda Almendra Filho

Palavras-chave

Série televisiva - Narcos, Violência - narcocultura, Mediações culturais - violência, Pablo Escobar (1949-1993) - narcotraficante colombiano

Citação

LOUZADA, Isabel Cristina Costa. Tráfico de linguagens na cultura da mídia: a “ética-estética” da narcocultura e as mediações em Narcos. 2019. 203 f. Dissertação (Mestrado em Literatura Comparada) – Programa de Pós-graduação em Literatura Comparada, Universidade Federal da Integração Latino-Americana, Foz do Iguaçu, 2019.