O locus do corpo feminino e a (des)construção da nação em Impuesto a la carne
Resumo
Diamela Eltit (Santiago, 1949) é um dos nomes mais proeminentes das letras hispânicas do
presente. Tal estatuto se deve, sobretudo, à complexa relação corpo/política que emerge do discurso
narrativo de sua obra. A autora é considerada, ainda, uma das vozes mais singulares da literatura
realizada por mulheres, pois seus escritos, ao contrário das retóricas institucionalizadas da chamada
palavra engajada, suscitam as políticas do (bio) poder que, historicamente, tolhem o corpo feminino
sem, no entanto, aderir às fórmulas do panfletário. Nesse sentido, nesta comunicação, propomos
uma reflexão em torno à escritura de Diamela Eltit, mais especificamente, de Impuesto a la carne
(2010). Investigaremos de que modo a diegese da narrativa, centrada na simbiótica relação
mãe/filha, permite o questionamento do ideário de coesão social da nação moderna. Para tanto,
vislumbraremos como o locus do corpo feminino enfermo, posto em cena no horizonte da clínica
médica, pode fazer ecoar os contornos da pátria (Chile) e dos dispositivos desta de uniformização
das subjetividades