Manipulação e percussão de objetos em macacos-prego urbanos
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Data
2015-11
Autores
Silva, Géssyca Fernanda da
Freire, Susana Cristina de Brito
Aguiar, Lucas de Moraes
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Editor
Resumo
Os macacos-prego (Sapajus spp.) possuem habilidades manipulativas, são forrageadores
extrativos e percussivos, onde se destaca o uso de ferramentas, sendo que o aprendizado social tem
um papel importante para o desempenho dessas atividades. Estudos sobre a manipulação de
objetos são importantes para entender a cultura material desses animais e as potencialidades para
o uso de ferramentas. Nosso objetivo foi estudar a manipulação e a percussão de objetos, bem
como os seus contextos, em um grupo de macacos-prego que raramente usa ferramentas, e que
habita o bosque urbano do Jardim Ipê em Foz do Iguaçu. Devido ao aprovisionamento e a
influência dos estímulos antrópicos, acredita-se que esses indivíduos dediquem grande parte do
tempo explorando diferentes tipos de objetos. A coleta de dados foi realizada através do
acompanhamento direto dos animais, utilizando-se o método de Evento Focal, durante
aproximadamente dois dias por mês, entre outubro de 2014 e setembro de 2015. Para cada evento
de manipulação foram anotados o tipo de objeto, se houve percussão, o estrato arbóreo, o substrato,
o indivíduo emissor, o indivíduo mais próximo ao emissor, o número de indivíduos presentes, a
duração, a atividade imediatamente anterior e posterior ao evento. Foi observado 1,2 evento/h
(n=114), cuja duração variou entre um e 10 minutos (média= 2 + 0,001 D.P.), em altura que variou
entre zero e 10 metros (média= 4,1 + 2,5 D.P.), e nos estratos do subosque (49%), dossel (35%) e
solo (10%). Os objetos naturais foram manipulados mais freqüentemente (62%; principalmente
galhos e frutas: 34% e 15%, respectivamente) do que os artificiais (38%; principalmente garrafas:
20%). As percussões ocorreram em 83% dos eventos, tendo como substratos os galhos (62%),
troncos (31%), telhados e muros (5%), e solo (2%). Os juvenis foram os principais manipuladores,
envolvendo ou não percussão (86% e 73%, respectivamente). O número de espectadores variou
entre zero e 11 indivíduos por evento (média= 3,9 + 2,2 D.P.), e a distância do vizinho mais
próximo ao emissor variou entre zero e 10 metros (média= 2,22 + 1,82 D.P.). Os juvenis foram os
espectadores mais próximos do emissor na maioria das vezes (65%), tanto em manipulações
realizadas por adultos (50%), quanto por outros juvenis (75%). O principal contexto da
manipulação esteve relacionado ao forrageamento, já que foi a atividade precedida e sucedida na
maioria dos eventos (96% e 80%, respectivamente). Os macacos consumiram o conteúdo do objeto
manipulado em 32% das vezes. A manipulação de objetos, incluindo os artificiais, foi freqüente e
faz parte do ambiente físico e social, e das atividades diárias e de forrageamento, particularmente
dos jovens, indicando-os como os mais propensos a desenvolverem o uso de ferramentas.
Agradecemos à Fundação Araucária pela bolsa, e à Sanney Jaqueline Barros Maia pelo apoio
inicial em campo.
Abstract
Descrição
Anais do IV Encontro de Iniciação Científica da Unila - “UNILA 5 anos: Integração em Ciência, Tecnologia e Cultura na Tríplice Fronteira” - 05 e 06 de novembro de 2015 – Sessão Ciências Biológicas e Saúde Coletiva
Palavras-chave
Flexibilidade comportamental, Forrageamento, Sapajus, Uso de ferramentas, Vida selvagem urbana