Relações entre Humanos e Macacos-prego (Sapajus sp.) em um Fragmento Urbano em Foz do Iguaçu, Sul do Brasil: Uma Abordagem Interdisciplinar
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Data
2014-11-07
Autores
Suzin, Adriane
Back, Janaína Paula
Ciacchi, Andrea
Aguiar, Lucas de Moraes
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Resumo
O aumento populacional e a fragmentação de florestas têm acentuado as interações
entre homem e animais, e o estudo interdisciplinar dessas relações torna-se essencial para a
conservação. O objetivo foi estudar sob duas abordagens (entrevistas e acompanhamento de
macacos-prego, Sapajus sp.) a percepção de moradores do entorno de um bosque urbano
(25o28'56.1”S; 54o33'55.9”O) em Foz do Iguaçu e suas interações com os macacos. Através
de amostragem por conglomerados, aplicou-se um formulário semiestruturado a 61 pessoas.
Para o estudo das interações (julho/2012 a junho/2013) e da dieta dos macacos (janeiro/2012 a
junho/2013) utilizou-se o método de todas as ocorrências e o de varreduras instantâneas,
respectivamente, e acompanhou-se os animais durante três dias mensais, das 07:00h às
17:00h. A maioria dos entrevistados conhece o bosque (89%) e o considera importante (85%);
utiliza-o (62%) principalmente para lazer (67%) e para alimentar ou ver os macacos (39%).
Grande parte gosta dos macacos (84%), aponta a insuficiência de recursos na mata (85%) e
afirma já ter os alimentado (53%). A maioria deseja a permanência dos animais (73%) e
afirma que pessoas de outros locais os visitam (43%); há uma percepção positiva quanto à
visitação (95%). Houve uma relação significativa entre aqueles que residem no bairro dizerem
que frequentam o bosque moderadamente e que não conseguem diferenciar o sexo dos
macacos. Houve também relação entre dizer que a floresta está suja e dizer que ela não está
conservada. Houve uma tendência dos mais velhos dizerem que não sabem reconhecer os
macacos individualmente. Contudo, percebe-se uma tendência dos jovens responderem que já
forneceram alimentos aos macacos e que acham isso correto. As interações (n=138) foram
iniciadas principalmente pelas pessoas (97,7%) e a distância mínima variou de zero a oito
metros (média=1,73±2,1m). Ocorreram sobretudo no interior do bosque (60,6%), com
duração de um a 43min (média=10±14,5min). Observou-se durante as interações uma média
de 3,1±2,5 pessoas/evento e 3,1±2 macacos/evento. O número de interações não diferiu entre
o fim e durante a semana, tampouco entre a manhã e a tarde; contudo, foram
significativamente mais frequentes no outono do que no verão. A maioria das interações
(n=127; excetuando-se com agentes municipais) envolveu comportamentos afiliativos
(92,9%) e em menor quantidade, agonísticos (8,7%). Quanto à dieta (n=1477), os animais
consumiram significativamente mais itens de origem antrópica (70,7%), sobretudo os
fornecidos pelos visitantes (61,9%). Os alimentos disponíveis na mata foram consumidos em
menor quantidade (29,3%). O consumo de itens de origem antrópica e da mata não variou
significativamente entre as estações. Percebe-se uma relação positiva entre os humanos e os
macacos, onde os primeiros valorizam a natureza e os últimos tiveram nos humanos a base de
sua dieta, sugerindo uma relação para além da comensal. Agradecemos ao PIBIC-FA e ao
Michel V. Garey
Abstract
Descrição
Anais do III Encontro de Iniciação Científica da Unila - Sessão de Saúde Coletiva e Biologia I - 07/11/14 – 08h30 às 11h10 - Unila-PTI – Bloco 03 – Espaço Mercosul – Sala 06
Palavras-chave
Comensalismo, Conservação, Etnoprimatologia, Populações selvagens urbanas, Protocooperação