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Item Quebras dialéticas no continuum ditadura-mercado na literatura contemporânea sul-americana: três perspectivas de trabalho de luto(2013-11-07) Pereti, EmersonComo parte das pesquisas desenvolvidas em tese de doutorado sobre ficção contemporânea e continuum ditatorial no ConeSul americano, esta comunicação pretende levar à discussão diferentes perspectivas de trabalho de luto em três romances publicados na Argentina, Chile e Brasil na primeira década dos anos 2000. O estudo parte da ideia de que as ditaduras recentes nesses países, como transições violentas do Estado para o Mercado, impingiram uma quebra fundamental na relação entre experiência e representação literária, obrigando as Literaturas nacionais a buscar novos expedientes artísticos para representar um mundo fundamentalmente determinado pelo terrorismo institucional. Passado o deslumbramento neoliberal da década de 90, uma parte da produção literária, que emerge como extensão do trauma ditatorial, será obrigada a voltarse novamente em direção à catástrofe na tentativa de entendêla. As narrativas aqui em questão trazem alguns exemplos de operativos literários a partir dos quais se dá esse difícil trabalho de luto: as relações entre memória, trauma e resistência ao esquecimento passivo no romance Não falei, de Beatriz Bracher; a alegoria como representação do indizível ante atrocidades como a “apropiación”, em Dos veces junio, de Martin Kohan; a degradação do sujeito social na sociedade de consumo “pósditatorial” chilena, presente em Mano de obra, de Diamela Eltit. Recorrendo agora às políticas da memória e do esquecimento, aos fragmentos da totalidade destruída, à ética do luto – como conteúdo – e ao discurso de memória, à metaficcionalização da história, à alegoria – como forma – essas narrativas se somam a outras estratégias de reivindicação histórica que renunciam ao próprio continuum instaurado pelas ditaduras. Ao voltar seu impulso representacional em direção à perda, às ruínas ditatoriais, esse tipo de Literatura põe em movimento um conjunto de operações dialéticas que redimensionam o significado histórico dessas catástrofes. Parte da vontade que orienta este estudo é entender como isso acontece.