Estratégias feministas na América Latina: uma análise do coletivo Ni Una Menos
Carregando...
Data
2023
Autores
Mandelli, Thatiane
Título da Revista
ISSN da Revista
Título de Volume
Editor
Resumo
A América Latina é a região mais letal do mundo para as mulheres, fora de um ambiente de
guerra. Este é o panorama da região a respeito do feminicídio. Embora na maior parte dos
países da região seja tipificado como crime, os índices seguem altos. Tomando isso em conta,
no ano de 2015, surge o coletivo argentino Ni Una Menos, ou NUM, formado inicialmente
por jornalistas e escritoras em um momento em que a Argentina também enfrentava a
ocorrência quase diária de feminicídios. O que se viu foi um movimento de revitimização por
parte da mídia e a inércia do Estado. A partir desse momento, com estratégias inovadoras e de
impacto mobilizador massivo, o coletivo inicia suas ações com o intuito de denunciar, cobrar
respostas e punições e, acima de tudo, impedir que mais mulheres percam a vida pela
violência machista e misógina. Importa frisar que a Argentina possui um longo histórico de
luta feminista e a memória é utilizada como um instrumento ativista para reivindicar justiça e
evitar que o passado se repita. O Ni Una Menos, fazendo jus a esse histórico de luta, somado a
estratégias de uso de redes sociais e a criação de laços transnacionais, evoca a politização do
feminicídio não somente na Argentina, mas fora dela também, espraiando-se para toda a
América Latina e outras latitudes. A partir disso, o objetivo deste trabalho é fazer uma análise
do coletivo, suas estratégias transnacionais de luta e mobilização, com foco principalmente no
uso das redes sociais. Como aporte teórico, nos valemos dos pressupostos do giro decolonial,
em especial da “colonialidade de gênero” e as propostas das feministas decoloniais. Trata-se
de pesquisa metodológica qualitativa, elaborada a partir de revisão bibliográfica a respeito do
tema, análise discursiva de ações do coletivo, do espaço das redes sociais, de documentos
disponíveis online, utilizando o aparato teórico e metodológico de diferentes correntes da
análise do discurso (AD) , além de realização de pesquisa de campo utilizando o método de
observação-participante. As últimas décadas mostram que houve significativos avanços no
combate à violência de gênero na América Latina. Contudo, a violência de gênero persiste,
em todas as suas formas, e o Ni Una Menos, nos últimos nove anos, mostra a força feminista
de mobilizar e disputar os espaços, apontando caminhos para o fim dessa violência.
Abstract
Descrição
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Integração Contemporânea da América Latina da Universidade Federal da Integração Latino-Americana, como requisito parcial à obtenção do título de Mestre em Integração Latino-Americana.
Palavras-chave
Ni Una Menos; Redes Sociais; Transnacionalização; Feminicídio