De uma margem a outra: o diálogo transatlântico entre Carolina de Jesus e Françoise Ega

dc.contributor.authorSantos Silva, Aline
dc.date.accessioned2024-11-28T01:24:22Z
dc.date.available2024-11-28T01:24:22Z
dc.date.issued2024
dc.descriptionDissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Literatura Comparada da Universidade Federal da Integração Latino-Americana, como requisito parcial à obtenção do título de Mestre em Literatura Comparada.
dc.description.abstractEsta investigação tem como horizonte interpretativo as obras literárias de duas escritoras que viveram e produziram em continentes diferentes, mas compartilharam de realidades sociais muito próximas. Ao retratarem seus contextos, tornaram-se contemporâneas e partícipes de um fazer literário que rompe um silêncio historicamente imposto sobre seus corpos. Por meio de uma leitura que transita entre os registros memorialísticos e arte narrativa, realiza-se aqui um estudo comparativo entre as obras Quarto de Despejo: diário de uma favelada, da brasileira Carolina Maria de Jesus ([1960] 2020), e Cartas a uma negra: narrativa antilhana ([1978] 2021), da autora martinicana Françoise Ega. A proposta é pôr em diálogo as duas autoras, observando os elementos da escrita de si em formato de diário que a sua vez adquire caráter epistolar, como as cartas de Ega, pretensamente endereçadas à autora brasileira com o desejo de se fazer conhecer e de comunicar a sua interlocutora o itinerário de uma vivência afro-caribenha, também marcada pela subalternização. Ambas as autoras, mulheres negras periféricas, potencializam suas trajetórias com o relato concomitante e resiliente ao processo de escrita a partir da margem. A pesquisa procura discutir narratividade, memória, testemunho e colonialidade, tendo como arcabouço teórico autores como Paul Ricoeur (1994), Aleida Assmann (2008) e Frantz Fanon (2008). Do mesmo modo, faz uso dos conceitos de pacto autobiográfico (LEJEUNE, 2008), dororidade (PIEDADE, 2017) e tempo espiralar (MARTINS, 2021) para entender as relações de aproximação e/ou distanciamento entre as escritas íntimas e cotidianas que temporalizam a vida de suas autoras. O estudo dessas narrativas permite rasurar a hegemonia e homogeneidade das produções discursivas branco/euro centradas, bem como propor uma discussão teórica acerca dos possíveis alicerces para uma prática contra-colonial (BISPO, 2015) dos estudos literários comparatistas a partir de vozes femininas em processo de re(in)surgência.
dc.identifier.urihttps://dspace.unila.edu.br/handle/123456789/8696
dc.rightsopenAccess
dc.subjectCarolina Maria de Jesus
dc.subjectFrançoise Ega
dc.subjectdiário
dc.subjectcarta
dc.titleDe uma margem a outra: o diálogo transatlântico entre Carolina de Jesus e Françoise Ega
dcterms.abstractThis research focuses on the literary works of two women writers who lived and produced on different continents, but shared very close social realities. By portraying their contexts, they have become contemporaries and participants in a literary process that breaks a silence historically imposed on their bodies. Through a reading that moves between memoirs and narrative art, this study compares the works Quarto de Despejo: diário de uma favelada, by the Brazilian Carolina Maria de Jesus ([1960] 2020), and Cartas a uma negra: narrativa antilhana ([1978] 2021), by the Martinican author Françoise Ega. The aim is to bring the two authors into dialogue, observing the elements of self-writing in diary format, which in turn takes on an epistolary character. Like Ega's letters, purportedly addressed to the Brazilian author with the desire to make herself known and to communicate to her interlocutor the itinerary of an Afro-Caribbean experience, also marked by subalternization. Both authors, peripheral black women, enhance their trajectories with a concomitant and resilient account of the process of writing from the margins. The research seeks to discuss narrativity, memory, testimony and coloniality, using authors such as Paul Ricoeur (1994), Aleida Assmann (2008) and Frantz Fanon (2008) as its theoretical framework. It also makes use of the concepts of autobiographical pact (LEJEUNE, 2008), dorority (PIEDADE, 2017) and spiral time (MARTINS, 2021) to understand the relationships of closeness and/or distance between the intimate and everyday writings that temporalize the lives of their authors. The study of these narratives makes it possible to erode the hegemony and homogeneity of white/Euro-centric discursive productions, as well as to propose a theoretical discussion about the possible foundations for a countercolonial practice (BISPO, 2015) of comparative literary studies based on female voices in the process of re(in)emergence.

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