A influência da barreira linguística no acesso e na qualidade do atendimento em saúde na atenção primária em Foz do Iguaçu, cidade de tríplice fronteira

Resumo

Este trabalho analisa os impactos da barreira linguística no acesso e na qualidade da Atenção Primária à Saúde (APS), especialmente em contextos multiculturais como o de Foz do Iguaçu, cidade situada na tríplice fronteira entre Brasil, Paraguai e Argentina. Realizou-se uma revisão bibliográfica narrativa com base em artigos científicos de acesso aberto publicados entre 2020 e 2024 nas bases SciELO, BMC Public Health, Revista da Escola de Enfermagem da USP, entre outras, além de documentos institucionais da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS). Foram selecionadas publicações que abordam experiências de atendimento a imigrantes, barreiras comunicacionais e estratégias adotadas no contexto da APS no Sistema Único de Saúde. Os resultados apontam que a barreira linguística compromete a escuta qualificada, dificulta o vínculo terapêutico e aumenta o risco de erros de diagnóstico e de conduta, afetando a adesão ao tratamento. Identificou-se que profissionais de saúde frequentemente improvisam o atendimento, utilizando tradutores informais ou aplicativos, o que acarreta riscos éticos e operacionais. A literatura também destaca a vulnerabilidade ampliada de populações como mulheres imigrantes e refugiadas, que enfrentam barreiras múltiplas no ambiente de cuidado. No entanto, algumas experiências bem-sucedidas foram identificadas, como a produção de materiais bilíngues, a atuação de agentes comunitários de saúde com domínio de outros idiomas e a criação de protocolos institucionais para o acolhimento multilíngue. A revisão conclui que a barreira linguística representa um determinante social da saúde e deve ser enfrentada por meio de políticas públicas intersetoriais, formação continuada das equipes, envolvimento das comunidades migrantes e garantia do direito à comunicação como parte essencial do cuidado integral.

Abstract

city located at the triple border between Brazil, Paraguay, and Argentina. A narrative literature review was conducted based on open-access scientific articles published between 2020 and 2024 in databases such as SciELO, BMC Public Health, Revista da Escola de Enfermagem da USP, among others, as well as institutional documents from the Pan American Health Organization (PAHO). Publications addressing experiences in caring for immigrants, communication barriers, and strategies adopted within PHC were selected. The results show that the language barrier compromises qualified listening, hinders the therapeutic bond, and increases the risk of diagnostic and procedural errors, affecting treatment adherence. Health professionals often improvise communication using informal interpreters or translation apps, which poses ethical and operational risks. The literature also highlights the heightened vulnerability of populations such as immigrant and refugee women, who face multiple barriers within the healthcare environment. However, some successful experiences were identified, including the production of bilingual materials, the involvement of community health agents fluent in other languages, and the implementation of institutional protocols for multilingual care. The review concludes that the language barrier is a social determinant of health and should be addressed through intersectoral public policies, continued professional training, engagement with migrant communities, and the assurance of the right to communication as an essential part of comprehensive care.

Descrição

Palavras-chave

políticas públicas, migrantes, comunicação, barreiras

Citação

Coleções