Potencial Biorremediador de Microrganismos Isolados de Sedimentos Marinhos Antárticos
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Data
2022
Autores
Carlos, Layssa de Melo
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Resumo
No processo de extração, transporte e uso do petróleo, podem ocorrer derrames acidentais que contaminam o ambiente terrestre e aquático, prejudicando a fauna e a flora, causando desequilíbrio ecológico e problemas à população humana. A biorremediação tem sido considerada uma alternativa promissora na tentativa de descontaminar ambientes contaminados com compostos derivados do petróleo, pois espécies microbianas sintetizam enzimas que degradam estes compostos. Os microrganismos encontrados na Antártica possuem características peculiares, como sobrevivência em baixas temperaturas e alta exposição à radiação UV. Esta adaptação é suportada pela capacidade destes organismos em sintetizar enzimas e/ou metabólitos diferenciados dos produzidos por microrganismos de ambiente mesofílicos. Assim, os microrganismos antárticos e seus mecanismos de sobrevivência ainda precisam ser investigados de maneira mais efetiva quanto à capacidade de sintetizar compostos que possam auxiliar importantes processos como a biorremediação de ambientes frios contaminados com derivados do petróleo. O objetivo desse estudo foi investigar a capacidade de bactérias e fungos isolados de amostras de sedimento marinho Antártico em sintetizar enzimas e/ou metabólitos capazes de transformar/degradar hidrocarbonetos derivados do petróleo. Foram isolados 168 microrganismos, 144 bactérias e 24 fungos filamentosos. As bactérias isoladas com enriquecimento e os fungos isolados sem enriquecimento foram submetidos a ensaios de tolerância a compostos derivados do petróleo e potencial produtor de compostos biossurfactantes. Sete isolados bacterianos (10%) apresentaram capacidade de tolerar a presença de óleo diesel (um deles também foi tolerante a gasolina). Dezoito bactérias (26%) e três fungos filamentosos (12,5%) apresentaram capacidade biossurfactante sendo que duas linhagens bacterianas apresentaram mais de 10% de índice de emulsificação. Todos os fungos filamentosos foram submetidos a ensaios de descoloração do corante RBBR, sendo que oito isolados (33,3%) foram capazes de descolorir o corante em meio sólido e dois isolados (8,3%) descoloriram mais de 60% do corante em meio líquido. Os isolados FAR18 (Cladosporium sp.), FAD28 (não identificado), BADL15 (não identificado) e BADL17 (Psychrobacter sp.) foram os isolados que apresentaram os melhores valores em tolerância ao hidrocarboneto e derivados do petróleo e atividade enzimática. Ensaios de massa seca mostraram que BADL17 (0,05 g.mL-1), BADL15 (0,02 g.mL-1), FAR18 (0,2 g.mL-1) e FAD28 (0,1 g.mL-1) foram tolerantes a presença do composto pireno. Os mesmos isolados apresentaram atividade da enzima lacase variando de 0,005U.L-1 até 0,1 U.L-1. Os resultados do presente estudo demonstram o potencial que microrganismos recuperados de amostras marinhas do continente Antártico podem apresentar em processos de biorremediação de ambientes frios contaminados com compostos derivados do petróleo bem como corantes sintético.
Abstract
Descrição
Dissertação de mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduaçãoem Biociências, do Instituto Latino-Americano de Ciências da Vida e da Natureza, da Universidade Federal da Integração Latino-Americana, como requisito parcial à obtenção do título de Mestre em Ciências, área de concentração Biociências.
Palavras-chave
Biorremediação, Microrganismos antárticos, Lacase, Biossurfactantes, Pireno