Os Impactos da Transição Hegemônica sobre a Periferia: uma Análise dos Arranjos Político-Institucionais da América do Sul no Século XXI desde a Perspectiva do Sistema-Mundo

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Data

2022

Autores

Morais Silva, Ana Karolina

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Resumo

A presente dissertação trata dos arranjos político-institucionais da América do Sul, considerando a transição hegemônica e seus impactos para o cenário regional sul-americano no século XXI. Partimos da premissa de que a (re)emergência dos polos de poder eurasiáticos nas últimas duas décadas acelera o processo de transição hegemônica, levando ao aprofundamento da competição interestatal entre Estados Unidos, Rússia e China. Esta competição abrange cada vez mais as regiões periféricas do sistema-mundo, incluindo a América Latina, a qual tem sido reposicionada no tabuleiro internacional e reorganizada como um espaço de atuação geoestratégica das potências em meio às disputas globais de poder. Neste contexto, buscamos analisar de que forma a competição interestatal entre as potências tem afetado os arranjos político-institucionais da América do Sul desde os anos 2000. Realizando procedimentos de revisão bibliográfica e análise documental, empreendemos uma análise qualitativa que se apoia nas contribuições teórico-metodológicas da análise dos sistemas-mundo. Assim, duas hipóteses gerais foram adotadas na condução desta pesquisa: (I) conforme a competição interestatal se acirra, a potência hegemônica busca reassegurar sua hegemonia global, partindo da retomada do seu domínio regional em seu entorno geográfico imediato, a saber, nas Américas; (II) como consequência dessa reorganização estratégica da potência hegemônica, intensifica-se a disputa geopolítica entre esta e as potências concorrentes em diversas regiões, incluindo a América do Sul. Os resultados observados nos mostram que a transição hegemônica tem se acelerado nestas primeiras décadas do século XXI e, em face do aprofundamento da competição interestatal, a principal estratégia adotada pelas potências na última década tem sido a contenção mútua – tendência que, tudo indica, deve manter-se pelos próximos anos. É neste sentido que os Estados Unidos, em um movimento de contrarreação hegemônica, têm buscado mitigar ou retardar os avanços estratégicos de seus principais competidores, Rússia e China. Sob este contexto, conforme a potência norte-americana aumenta as pressões nos respectivos entornos das potências eurasiáticas e em seu próprio entorno imediato, com o objetivo de assegurar sua hegemonia no “Hemisfério Ocidental”, Rússia e China também têm buscado contrabalancear os Estados Unidos na Eurásia e na América Latina e Caribe. Desta forma, a contenção mútua entre as potências tem desencadeado um efeito cascata que impacta os arranjos político-institucionais sul-americanos. Por meio de diversas táticas de Guerra Híbrida, os Estados Unidos têm promovido golpes de Estado e explorado a polarização política na América do Sul para favorecer, direta ou indiretamente, a emergência de governos (geralmente neoconservadores e neoliberais) alinhados aos seus interesses estratégicos. Priorizando a aproximação internacional com os países do Norte, estes governos têm atacado e/ou negligenciado a cooperação sul-americana, levando a um atrofiamento das instituições regionais de integração. Assim, a atual conjuntura regional se desenhou, em grande medida, devido ao padrão de relacionamento estabelecido entre os novos governos sul-americanos e Washington, especialmente a partir de meados da década de 2010, quando a contrarreação hegemônica estadunidense se intensificou.

Descrição

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Integração Contemporânea da América Latina da Universidade Federal da Integração Latino-Americana, como requisito parcial à obtenção do título de Mestre em Integração Latino-Americana.

Palavras-chave

Sistema-Mundo; Transição Hegemônica; Competição Interestatal; América do Sul; Integração Regional.

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