Pelos fios da memória e da história, a poesia social de Xosé Lois García

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Data

2016-08

Autores

Fontoura, Sirlei da Silva

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Editor

UNILA

Resumo

A partir dos contextos histórico, político, literário e social em que se inscreve o autor Xosé Lois García, poeta social galego pouco conhecido no Brasil, entretanto de grande representatividade na cultura e literatura galegas, o presente trabalho objetiva explicitar as dimensões memorialística e histórica traduzida esteticamente em suas obras. A análise incide sobre um discurso social que permeia os seus versos, tornandoos diretos, combativos e realistas, uma vez que suas poesias têm nítida inclinação às questões políticas e sociais, capazes de representar uma tomada de posição do seu autor diante dos problemas concretos da sociedade. A partir desse ponto de vista, instaurase a ideia de uma arte engajada, arte voltada para aquele escritor que aceita uma causa e assume compromissos com o coletivo. Afinal de contas, qual seria o sentido de um poema, por exemplo, voltado apenas para a própria palavra enquanto vivemos em uma sociedade opressora, na qual a liberdade inexiste? Com o seu labor poético ainda em curso, faz da sua literatura um valioso instrumento de denúncia social, voltando a sua mirada às classes menos favorecidas, aos camponeses oprimidos, ao proletariado explorado, à sua Galiza esmagada pelos falangistas e franquistas durante a Guerra Civil Espanhola e pela ditadura que logo após culminou. Cabe salientar que nos anos 60 e 70, o labor literário com traços de compromisso social foi denominado de poesia de combate, poesia social ou socialrealismo. Além disso, suas poesias refletem uma marcante preocupação com a memória e com o vivido, razão pela qual se nota que na reconstituição de histórias de perdas, derrotas, sofrimento e opressão, García reconstitui experiências pessoais e sociais com um espírito de pertença, identificandose com os seus irmãos galegos. Para Halbwachs (2004), só é possível transformar as situações vividas em memória se o sujeito que traz consigo as lembranças sentese afetivamente ligado ao grupo ao qual pertence. É como se estivesse engendrado em uma cadeia de pertencimento afetivo que mantém acesa a chama da memória e isso se torna nítido em García. Os fatos passados estão imbricados entre a memória e a história e encontra na linguagem artística amparo legítimo que reduz, unifica e aproxima no mesmo espaço histórico e cultural a imagem lembrada (BOSI, 1995), ou seja, o ato de rememorar não só aflora as lembranças, mas também o sentimento do momento presente, no qual se complementam no instante do processo de criação de forma subjetiva e produtora de sentidos que compõem o universo estético do autor. No caso de Xosé Lois García, a repressão pela qual passou Galícia durante a Guerra Civil Espanhola ainda se manifesta atual, uma vez que a violência desatada na comunidade galega foi extrema. A forma com que a história é significada pelo sujeito autor, determina a forma com que este entende o momento presente e dá sentido ao seu entendimento de mundo. Nessa perspectiva, o ato poético se insere no mundo por meio da história. O poema não teria sentido nem existência sem a história (PAZ, 1982). Em suma, o presente trabalho tratase de uma pesquisa qualitativa, de natureza bibliográfica, visando a análise e interpretação de material bibliográfico embasado em referencial teórico de crítica e análise literária, engajamento e literatura

Descrição

IX Congresso Brasileiro de Hispanistas realizado nos dias 22 a 25 agosto 2016

Palavras-chave

Xosé Lois García (1945-) - escritor galego, Literatura galega

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