A migração é um fenômeno social quase que inerente à vida humana, que se intensificou com o processo de globalização. Nesse sentido, este artigo é um relato de experiência que visa abordar a atuação de uma Psicóloga Residente em Saúde da Família com imigrantes dentro da Atenção Primária à Saúde, trazendo aspectos do processo migratório no sofrimento humano e possibilitando articulações que tragam a visibilidade da problemática dentro do âmbito da saúde pública. Assim, pretende-se expor a importância de um atendimento humanizado e uma escuta sensibilizada que considere aspectos transculturais do ser humano. Os resultados das intervenções revelaram que apesar da queixa inicial dos imigrantes não estarem relacionadas ao ato migratório, o cerne de seu sofrimento e dos sintomas produzidos estavam relacionados às experiências traumáticas e as violências vivenciadas no país anfitrião. Logo, entende-se que o trabalho do psicólogo nesse contexto deve superar o modelo clínico tradicional, de modo a ampliar o olhar para as dimensões biopsicossociais no sofrimento psíquico do sujeito imigrante, sendo além de um profissional da saúde, um agente promotor de direitos humanos.