Direção e idade das dispersões das linhagens de Atelidae (Primates: Platyrrhini) na região neotropical

dc.contributor.authorOliveira, Laura de
dc.date.accessioned2025-08-14T20:21:10Z
dc.date.available2025-08-14T20:21:10Z
dc.date.issued2025-08-14
dc.descriptionDissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Biodiversidade Neotropical, do Instituto Latino-Americano de Ciências da Vida e da Natureza da Universidade Federal da Integração Latino-Americana, como requisito parcial à obtenção do título de Mestre em Biodiversidade Neotropical.
dc.description.abstractA Família Atelidae compreende os maiores primatas vivos das Américas e inclui quatro gêneros, Alouatta, Ateles, Brachyteles e Lagothrix. As espécies desse grupo ocupam uma ampla área geográfica, que se estende da América Central ao norte do Uruguai. A partir da localização geográfica das espécies e de suas relações evolutivas, a biogeografia histórica permite estimar como as linhagens evoluíram na ocupação geográfica ao longo do tempo, por meio de processos de dispersão e extinção local, além de reconstruir suas áreas ancestrais. Diante disso, este estudo reconstruiu a direção e o tempo dos eventos de dispersão das espécies da família Atelidae na Região Neotropical. Para isso, adotamos a hipótese filogenética proposta por Springer et al. (2012) e atualizada por Silvestro et al. (2019). Obtivemos as distribuições geográficas das espécies nos bancos de dados da International Union for Conservation of Nature (IUCN) e do Global Biodiversity Information Facility (GBIF). Aplicamos o esquema de regionalização dos macacos do Novo Mundo e codificamos as bioregiões com base na presença ou ausência das espécies. Reconstruímos as áreas ancestrais e inferimos os eventos de dispersão utilizando o modelo dispersão-extinção-cladogênese. Posteriormente, aplicamos o mapeamento estocástico biogeográfico. A direção e o tempo dos eventos de dispersão foram analisados por meio de visualizações em rede e histogramas de frequência normalizadas. A Amazônia Ocidental (WAM) foi identificada como a área ancestral mais frequente para todo o clado Atelidae, especialmente para Ateles. O gênero Brachyteles teve origem na Mata Atlântica Sul (SAF), enquanto Alouatta apresentou uma distribuição ancestral mais complexa, e Lagothrix originou-se entre a WAM e a Amazônia Oriental (EAM). A análise direcional estabeleceu a WAM como a principal fonte de dispersões, com movimentos predominantes em direção à EAM, ao Chaco (CHA) e ao Chocó (CHO). As rotas de dispersão datam do final do Mioceno, com a maior parte concentrando-se no Plioceno e Pleistoceno. Além disso, os resultados indicaram que a dispersão ocorreu em quatro fases distintas. Entre 35 e 5 milhões de anos atrás (Ma), os eventos de dispersão foram pouco frequentes, mas passaram a se intensificar gradualmente, culminando em grande aumento a partir de 4 Ma até o presente. Um aumento expressivo na frequência relativa de dispersão foi registrado entre 12 e 10 Ma. Esse período também se sobrepõe a importantes transformações geológicas, como a transição do sistema Pebas para o sistema Acre na bacia amazônica e a regressão do Mar Paranaense, que favoreceram a conexão entre os biomas Amazônia e Mata Atlântica. Este estudo evidenciou a importância central dos eventos de dispersão na construção da história evolutiva e na distribuição geográfica atual da família Atelidae na região Neotropical. Resumen La familia Atelidae comprende los primates vivos más grandes de las Américas e incluye cuatro géneros: Alouatta, Ateles, Brachyteles y Lagothrix. Las especies de este grupo ocupan una amplia área geográfica que se extiende desde América Central hasta el norte de Uruguay. A partir de la ubicación geográfica de las especies y de sus relaciones evolutivas, la biogeografía histórica permite estimar cómo evolucionaron las distintas líneas en su ocupación espacial a lo largo del tiempo, mediante procesos de dispersión y extinción local, además de reconstruir sus áreas ancestrales. En este contexto, este estudio reconstruyó la dirección y el momento de los eventos de dispersión de las especies de la familia Atelidae en la región Neotropical. Para ello, se adoptó la hipótesis filogenética propuesta por Springer et al. (2012) y actualizada por Silvestro et al. (2019). Las distribuciones geográficas de las especies se obtuvieron a partir de las bases de datos de la Unión Internacional para la Conservación de la Naturaleza (IUCN) y del Global Biodiversity Information Facility (GBIF). Se aplicó el esquema de regionalización de los monos del Nuevo Mundo y se codificaron las bioregiones con base en la presencia o ausencia de las especies. Las áreas ancestrales se reconstruyeron y los eventos de dispersión se infirieron mediante el modelo de dispersión-extinción-cladogénesis, seguido del mapeo estocástico biogeográfico. La dirección y el momento de los eventos de dispersión fueron analizados mediante visualizaciones en red e histogramas de frecuencia normalizada. La Amazonía Occidental (WAM) fue identificada como el área ancestral más frecuente para todo el clado Atelidae, especialmente para Ateles. El género Brachyteles se originó en la Mata Atlántica Sur (SAF), mientras que Alouatta presentó una distribución ancestral más compleja, y Lagothrix se originó entre WAM y la Amazonía Oriental (EAM). El análisis direccional estableció a WAM como la principal fuente de dispersión, con movimientos predominantes hacia EAM, el Chaco (CHA) y el Chocó (CHO). Las rutas de dispersión se remontan al final del Mioceno, concentrándose en su mayoría durante el Plioceno y el Pleistoceno. Además, los resultados indicaron que la dispersión ocurrió en cuatro fases distintas. Entre 35 y 5 millones de años atrás (Ma), los eventos de dispersión fueron poco frecuentes, pero comenzaron a intensificarse gradualmente, con un marcado aumento a partir de 4 Ma hasta el presente. Un incremento notable en la frecuencia relativa de dispersión se registró entre 12 y 10 Ma, coincidiendo con importantes transformaciones geológicas, como la transición del sistema Pebas al sistema Acre en la cuenca amazónica y la regresión del Mar Paranaense, que favorecieron la conexión entre los biomas amazónico y atlántico. Este estudio evidenció la importancia central de los eventos de dispersión en la construcción de la historia evolutiva y en la configuración geográfica actual de la familia Atelidae en la región Neotropical.
dc.identifier.citationDE OLIVEIRA , LAURA. Direção e idade das dispersões das linhagens de Atelidae (Primates: Platyrrhini) na Região Neotropical. 2025. 48p. Dissertação de mestrado do Programa de Pós-Graduação em Biodiversidade Neotropical – Universidade Federal da Integração Latino-Americana, Foz do Iguaçu, 2025.
dc.identifier.urihttps://dspace.unila.edu.br/handle/123456789/9224
dc.language.isovi
dc.rightsopenAccess
dc.subjectprimatas
dc.subjectbiogeografia
dc.subjectevolução (Biologia)
dc.subjectdispersão humana
dc.titleDireção e idade das dispersões das linhagens de Atelidae (Primates: Platyrrhini) na região neotropical
dcterms.abstractThe Atelidae family comprises the largest living primates in the Americas and includes four genera: Alouatta, Ateles, Brachyteles, and Lagothrix. Species in this group occupy a wide geographic area, ranging from Central America to northern Uruguay. Based on the geographic distribution of species and their evolutionary relationships, historical biogeography makes it possible to estimate how lineages evolved in their spatial occupation over time through processes of dispersal and local extinction, as well as to reconstruct their ancestral areas. In this context, the present study reconstructed the direction and timing of dispersal events in Atelidae species across the Neotropical region. To achieve this, we adopted the phylogenetic hypothesis proposed by Springer et al. (2012) and updated by Silvestro et al. (2019). Species distributions were obtained from the databases of the International Union for Conservation of Nature (IUCN) and the Global Biodiversity Information Facility (GBIF). We applied the regionalization scheme for New World monkeys and coded the bioregions based on species presence or absence. Ancestral areas were reconstructed, and dispersal events were inferred using the dispersal-extinction-cladogenesis model. Subsequently, we applied stochastic biogeographic mapping. The direction and timing of dispersal events were analyzed using network visualizations and normalized frequency histograms. Western Amazonia (WAM) was identified as the most frequent ancestral area for the entire Atelidae clade, particularly for Ateles. The genus Brachyteles originated in the Southern Atlantic Forest (SAF), while Alouatta showed a more complex ancestral distribution, and Lagothrix originated between WAM and Eastern Amazonia (EAM). Directional analysis identified WAM as the main source of dispersal, with predominant movements toward EAM, the Chaco (CHA), and the Chocó (CHO). Dispersal routes date back to the Late Miocene, with most events concentrated during the Pliocene and Pleistocene. Additionally, the results indicated that dispersal occurred in four distinct phases. Between 35 and 5 million years ago (Ma), dispersal events were infrequent but gradually increased, culminating in a marked surge from 4 Ma to the present. A significant rise in the relative frequency of dispersal was observed between 12 and 10 Ma. This period also coincides with major geological changes, such as the transition from the Pebas system to the Acre system in the Amazon Basin and the regression of the Paranaense Sea, which facilitated connections between the Amazon and Atlantic Forest biomes. This study highlighted the central role of dispersal events in shaping the evolutionary history and current geographic distribution of the Atelidae family in the Neotropical region.

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