A Gestão da Integração Ensino Serviço nas Escolas Médicas do Paraná

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Data

2021-05-14

Autores

Boff Zarpelon, Luis Fernando

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Resumo

Para superar os desafios da educação médica, a integração com o sistema de saúde deve estar no centro do desenho curricular da formação, da mesma forma que a organização do trabalho em saúde deve prever a incorporação de processos formativos permanentes em todos os níveis. Suportar a complexa rede resultante dessa integração, caracterizada por relações interinstitucionais, policêntricas, de natureza horizontal e interdependentes, requer novos modelos de gestão. O objetivo deste trabalho foi analisar os processos de gestão da integração ensino serviço comunidade nas escolas médicas do Paraná, apreendendo as concepções dos gestores sobre o tema, conhecendo as práticas de integração produzidas no território, identificando os fatores determinantes dessas relações, analisando os modos e processos de avaliação utilizados e as características gerenciais/operacionais existentes. Trata-se de um estudo transversal, qualitativo, exploratório, descritivo e explicativo conduzido entre coordenadores de curso de escolas médicas com ao menos um ciclo formativo completo e gestores do SUS dos seus respectivos territórios. O conjunto final foi composto por 9 escolas médicas (75% do total elegível), sendo 4 públicas, 3 filantrópicas e 2 de fins lucrativos, correspondendo respectivamente a 80%, 75% e 100% das escolas elegíveis em cada segmento. O grupo de gestores foi formado por 4 secretários municipais e 3 diretores de regional de saúde das regiões de maior densidade populacional e com maior número de equipamentos de saúde do Estado, além de um representante da Comissão Estadual de Integração Ensino Serviço Comunidade. Os dados foram produzidos pela aplicação de entrevistas semi estruturadas em cinco eixos temáticos a partir de questões norteadoras que buscavam alcançar os objetivos estabelecidos e submetidos a análise de conteúdo de Bardin, na modalidade análise temática. Os resultados demonstram que os processos de integração configuram uma rede gestora de política e se expressam em termos dos efeitos produzidos por estas relações; que as práticas produzidas no cotidiano resultam de uma governança que não considera as características intrínsecas de uma rede gestora; que os fatores determinantes destas relações estão ligados ao arcabouço jurídico vigente, a capacidade em alinhar-se ao mesmo e aos mecanismos gerenciais envolvidos; que os processos avaliativos são frágeis, baseados em percepções, inconstantes, pouco priorizados e raramente utilizados para subsidiar as decisões; e que os processos gerenciais existentes não dão conta de atender as complexidades de um sistema em rede. A integração ensino serviço no território pesquisado, embora compreendida como uma rede gestora de política, não é gerida como tal. Disso resultam práticas inadequadas de integração, que inviabilizam o aprimoramento dos sistemas avaliativos, comprometem a formação consentânea e sobrecarregam em demasia o sistema de saúde. Os novos requisitos da formação médica, para além dos aspectos regulatórios, exigem uma formação que transcenda o aparato escolar e repouse sobre todo sistema de saúde, reclamando novos e complexos arranjos de governança entre escolas e serviços, para os quais o entendimento das redes gestoras de política é indispensável.

Abstract

Descrição

Palavras-chave

Educação Médica., Integração Ensino Serviço Comunidade, Redes Gestoras de Políticas, Educação Baseada em Sistemas de Saúde

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