Manifestações feministas na América Latina: clipping de notícias de 2016 a 2019.

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Data

2021

Autores

Costa, Flávia Foresto Porto da

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Pelas notícias, é possível mapear momentos-chave do que Alba Carosio chama de terceira ou quarta onda feminista latino-americana. Apesar de não começar em 2016, esse é um ano emblemático para o movimento de mulheres na América Latina, com o fortalecimento do grito do “Ni Una a Menos” na Argentina, após o brutal feminicídio de Lucía Pérez, em outubro daquele ano. Como um rastilho de pólvora, o “Ni Una a Menos” espalhou-se pela América Latina e pelo mundo. Ainda em dezembro de 2016, na Colômbia, o sequestro, estupro e assassinato de uma menina indígena de sete anos por um membro da classe alta geraram uma enorme comoção nacional nas ruas do país, engrossando o grito contra os feminicídios na América Latina. O 8 de março de 2017 foi marcado pela Greve Internacional de Mulheres, que teve forte repercussão nos países latino-americanos. Em 2018, os pañuelos verdes, símbolo da luta pela legalização do aborto da Argentina, voltam a tomar as ruas do país com o debate sobre sua descriminalização no legislativo, que seria rejeitado no Senado. Esse ano seria de lutas intensas também para as brasileiras, a começar pela intensa mobilização diante do assassinato da vereadora Marielle Franco, em março, e as jornadas contra a eleição de Jair Bolsonaro, conhecidas como “Ele Não”, essas últimas encabeçadas pelas mulheres. No Chile, o estallido social de 2019 teve ampla participação das mulheres e do movimento feminista, que pautaram, além do repúdio ao neoliberalismo e à repressão estatal, o tema da violência de gênero, representado na performance “Un violador en tu camino”, do coletivo feminista Las Tesis. Pelas notícias, é possível perceber as particularidades de cada movimento nos diferentes países e momentos. Na Argentina, a luta contra o feminicídio e pela legalização do aborto juntou-se às críticas às políticas neoliberais do governo Macri. No Brasil, viu-se uma mobilização feminista intensa contra o avanço da violência contra as mulheres e de movimentos de teor machista e militarizados, expressos nas manifestações pró-impeachment da ex-presidenta Dilma Rousseff, no assassinato de Marielle Franco e na eleição de Bolsonaro. Na Colômbia, a luta das mulheres se junta à luta pela paz no país e contra a violência cometida pelo Estado e por paramilitares. Já no Chile, o estallido de 2019 possibilitou a conquista de uma nova assembleia constituinte que enterre a constituição da era Pinochet.

Palavras-chave

feminismo latino-americano, feminismo, América Latina, estallidos

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