Análise das relações comerciais do Brasil com a China e o Mercosul. Competitividade, dependência e integração
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Data
2025-06-24
Autores
Pinheiro, Marcos Jardim
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Resumo
No início do século XXI, observam-se importantes mudanças no comércio internacional, destacando-se a ascensão da China, sua entrada na Organização Mundial do Comércio (OMC) e uma expressiva demanda por bens primários. O Grande Asiático passou por intensas transformações desde 1978, caracterizadas por reformas econômicas que incluíram a abertura comercial e uma crescente disputa hegemônica com os EUA. No contexto brasileiro, a China desempenha um importante papel como principal parceira comercial, demandando produtos como soja, minério de ferro e petróleo, e exportando manufaturados. A expansão chinesa esteve associada a uma tendência de reprimarização nas economias latino-americanas, inclusive no Brasil, acentuando a dependência econômica. Apesar desse cenário desafiador, o Mercosul mantém uma pauta exportadora concentrada fortemente em manufaturas, o que o diferencia das demais relações comerciais do Brasil no período. Entretanto, verifica-se uma forte perda de participação nas exportações brasileiras com o bloco, além de evidenciar-se assimetrias econômicas entre os países-membros, que impõem enormes desafios para a integração produtiva. A presente pesquisa tem como objetivo analisar e caracterizar o padrão exportador do Brasil com o mundo, China e Mercosul no século XXI, explorando a relação de dependência do Brasil com o Grande Asiático e utilizando-se, para tal, do instrumental teórico estruturalista latino-americano e da Teoria Marxista da Dependência, como contrapartida da análise das vantagens comparativas ricardianas. A investigação discutirá o rompimento epistemológico do estruturalismo latino-americano com a teoria ortodoxa e a importância disso para uma melhor compreensão das dinâmicas econômicas dos países dependentes. Posteriormente, serão debatidas as críticas ao modelo, bem como o corpo teórico da TMD, destacando a importância dessas teorias, que, embora com distinções analíticas, evidenciam a condição do Brasil como país periférico. A hipótese da pesquisa é de que as relações comerciais entre Brasil e China no século XXI intensificam a reprimarização da economia brasileira, enquanto o Mercosul possui elementos que podem contrabalancear essa tendência. Na parte empírica, será aplicada a matriz de competitividade de Fajnzylber e Mandeng, juntamente com o índice de comércio intraindustrial. Essa análise permitirá uma compreensão mais aprofundada do padrão exportador e comercial brasileiro nesses mercados, sendo essencial para entender o processo de integração e traçar um delineamento detalhado dessas estruturas de mercado.
Abstract
At the beginning of the 21st century, significant transformations in international trade have been observed, particularly the rise of China, its accession to the World Trade Organization (WTO), and a substantial increase in demand for primary goods. Since 1978, the Asian giant has undergone profound changes, driven by economic reforms that included trade liberalization and an escalating hegemonic rivalry with the United States. In the Brazilian context, China plays a crucial role as the country’s main trading partner, demanding commodities such as soybeans, iron ore, and oil while exporting manufactured goods. China's expansion has been associated with a trend toward the reprimarization of Latin American economies, including Brazil, deepening economic dependence. Despite this challenging scenario, Mercosur maintains an export agenda largely concentrated on manufactured goods, distinguishing it from Brazil’s other trade relationships during the period. However, a significant decline in Brazil’s export share within the bloc has been observed, alongside evident economic asymmetries among member countries, which pose major challenges to productive integration. This research aims to analyze and characterize Brazil’s export pattern with the world, China, and Mercosur in the 21st century, exploring Brazil’s dependency on the Asian giant while employing the theoretical framework of Latin American structuralism and the Marxist Theory of Dependency as a counterpoint to Ricardian comparative advantage analysis. The study will examine the epistemological rupture between Latin American structuralism and orthodox economic theory and its relevance for a deeper understanding of the economic dynamics of dependent countries. Subsequently, critiques of the model and the theoretical foundations of Dependency Theory will be discussed, emphasizing their importance in highlighting Brazil’s position as a peripheral country despite their analytical distinctions. The central hypothesis of the research is that trade relations between Brazil and China in the 21st century have intensified the reprimarization of the Brazilian economy, whereas Mercosur presents elements that may counterbalance this trend. In the empirical analysis, the Fajnzylber and Mandeng Competitiveness Matrix will be applied alongside the Intra-Industry Trade Index. This approach will enable a more in-depth understanding of Brazil’s export and trade patterns within these markets, which is essential for comprehending the integration process and mapping out the structural dynamics of these trade relations.
Descrição
Palavras-chave
dependência de países estrangeiros, competitividade, exportações, tratados comerciais