A figura do diabo no imaginário social da literatura latino-americana: estudo comparativo de suas concepções em o reino deste mundo e a festa do bode
Carregando...
Data
2025-08-12
Autores
Reis, Brunna Eduarda
Título da Revista
ISSN da Revista
Título de Volume
Editor
Resumo
Em obras-chave da literatura latino-americana, a figura do diabo emerge como símbolo das tensões históricas entre dominação e resistência. Considerando a relevância do diabo enquanto constructo político e cultural nas literaturas latino-americanas,, este trabalho analisa, de forma comparativa, como essa figura adquire outras significações em A Festa do Bode, de Mario Vargas Llosa, e O Reino deste Mundo, de Alejo Carpentier. Por meio de análise de conteúdo literário, demonstra-se que o diabo, em ambas as narrativas, articula simultaneamente mecanismos ideológicos de opressão e formas de insurgência popular, refletindo conflitos sociopolíticos específicos de cada contexto histórico. O objetivo geral consiste em analisar criticamente a representação ambígua do diabo como força opressora e como símbolo de insurgência popular em cada narrativa, tendo como corpus A Festa do Bode e O Reino deste Mundo. Para tanto, emprega-se uma metodologia comparativa de caráter qualitativo, que combina análise de conteúdo literário e leitura hermenêutica, visando articular os contextos sociopolíticos das obras com as distintas significações demoníacas. Como principais resultados, constata-se que ambas as narrativas utilizam a figura demoníaca para denunciar regimes de poder autoritário e também para evidenciar os mecanismos de resistência popular e as ambiguidades morais que permeiam as lutas sociais. Conclui-se que a figura do diabo é ressignificada como constructo cultural ambíguo, evidenciando os mecanismos de controle e resistência nas narrativas e se insere como figura complexa, carregada de significados históricos e culturais, sendo fundamental para a compreensão das dinâmicas de dominação e subversão no imaginário latino-americano.
Resumen
En obras clave de la literatura latinoamericana, la figura del diablo emerge como símbolo de las tensiones históricas entre dominación y resistencia. Considerando la relevancia del diablo como constructo político y cultural en las literaturas latinoamericanas, este trabajo analiza, de forma comparativa, cómo dicha figura adquiere otras significaciones en La Fiesta del Chivo, de Mario Vargas Llosa, y El Reino de Este Mundo, de Alejo Carpentier. A través del análisis de contenido literario, se demuestra que el diablo, en ambas narrativas, articula simultáneamente mecanismos ideológicos de opresión y formas de insurgencia popular, reflejando conflictos sociopolíticos específicos de cada contexto histórico. El objetivo general consiste en analizar críticamente la representación ambigua del diablo como fuerza opresora y como símbolo de insurgencia popular en cada narrativa, teniendo como corpus La Fiesta del Chivo y El Reino de Este Mundo. Para ello, se emplea una metodología comparativa de carácter cualitativo, que combina análisis de contenido literario y lectura hermenéutica, con el fin de articular los contextos sociopolíticos de las obras con las distintas significaciones demoníacas. Como principales resultados, se constata que ambas narrativas utilizan la figura demoníaca para denunciar regímenes de poder autoritario y también para evidenciar los mecanismos de resistencia popular y las ambigüedades morales que atraviesan las luchas sociales. Se concluye que la figura del diablo es resignificada como constructo cultural ambiguo, evidenciando los mecanismos de control y resistencia en las narrativas, y se inserta como figura compleja, cargada de significados históricos y culturales, siendo fundamental para la comprensión de las dinámicas de dominación y subversión en el imaginario latinoamericano.
Abstract
In key works of Latin American literature, the figure of the devil emerges as a symbol of the historical tensions between domination and resistance. Considering the relevance of the devil as a political and cultural construct in Latin American literatures, this study analyzes, in a comparative approach, how this figure acquires new meanings in The Feast of the Goat, by Mario Vargas Llosa, and The Kingdom of This World, by Alejo Carpentier. Through literary content analysis, it is demonstrated that the devil, in both narratives, simultaneously articulates ideological mechanisms of oppression and forms of popular insurgency, reflecting sociopolitical conflicts specific to each historical context. The general objective is to critically analyze the ambiguous representation of the devil as an oppressive force and as a symbol of popular insurgency in each narrative, with The Feast of the Goat and The Kingdom of This World as the corpus. For this purpose, a qualitative comparative methodology is employed, combining literary content analysis and hermeneutic reading, aiming to connect the sociopolitical contexts of the works with the different demonic meanings. The main findings show that both narratives use the demonic figure not only to denounce authoritarian regimes, but also to highlight mechanisms of popular resistance and the moral ambiguities present in social struggles. It is concluded that the figure of the devil is re-signified as an ambiguous cultural construct, revealing mechanisms of control and resistance in the narratives and functioning as a complex figure, laden with historical and cultural significance, essential for understanding the dynamics of domination and subversion in the Latin American imaginary.
Descrição
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Instituto Latino-Americano de Arte, Cultura e História da Universidade Federal da Integração Latino-Americana, como requisito parcial à obtenção do título de Licenciado em Letras – Espanhol e Português como Línguas Estrangeiras.
Palavras-chave
demônio na literatura, autoritarismo, resistência popular, literatura latino-americana