O redimensionamento da cidadania no mundo globalizado: Mercosul e União Europeia
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Data
2025-08-11
Autores
Chaer, Guilherme Vieira
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Resumo
O presente trabalho é qualitativo e utiliza os métodos histórico e indutivo em caráter exploratório para analisar o redimensionamento da cidadania perante os impactos da globalização, especificamente as cidadanias regionais e supranacionais presentes do Mercosul e na União Europeia como estudos de caso. A hipótese levantada é de que a cidadania tem rompido com suas principais bases na contemporaneidade, sobretudo com a alteração dos elementos do Estado, onde especificamente nos blocos regionais de integração, o comportamento dos elementos clássicos “povo, território e soberania” se alteram, o que transcende a equação cidadão=nacional proposta na modernidade. Segue-se a ideia de que essas organizações, e em especial a União Europeia, tem agido como laboratórios de ensaio para o Direito, criando um ambiente ideal para a transformação sócio-política. Explorando as características da cidadania mercosulina e europeia, se verifica algumas diferenças estruturais quanto a força motriz dos processos integrativos, a natureza das instituições, as dimensões da participação política e da democracia transnacional, da imigração, do pertencimento e da construção social da integração, que criam, doravante, modelos diferentes de cidadania. Em conclusão, se atesta que a construção da dimensão social no Mercosul foi significativa, mas não pôde se desenvolver como foi idealizada, sobretudo pela falta de visibilidade e força política para manter as iniciativas, que foram desmobilizadas na última década do bloco. Quanto a cidadania europeia, se reconhecem muitos logros quanto à um novo conceito de cidadania, porém com diversas zonas obscuras e contradições quanto ao discurso e a prática dos princípios universalistas, notadamente na falta de harmonização em questões migratórias, na flutuação do déficit democrático e no crescimento do nacionalismo. Entendendo que o modelo de política deliberativa de Jurgen Habermas não se adequa à realidade sul-americana por haver estruturas intrinsecamente diferentes na trajetória da cidadania nacional no Sul Global — nomeadamente na ausência de direitos sociais antes do estabelecimento de uma cidadania regional, o que parece criar um terreno fértil para uma configuração pós-nacional. Conclui-se com um olhar habermasiano ante os principais dilemas da cidadania europeia, expondo suas maiores fraturas, que, além de si, revelam um horizonte onde se delineiam caminhos para um futuro status de cidadania global, o que talvez seja seu maior legado atual, ainda que essa condição esteja muito longe de ser acessível à todos.
Resumen
Este trabajo cualitativo utiliza los métodos histórico y inductivo para analizar la transformación de la ciudadanía ante los impactos de la globalización, específicamente las ciudadanías regionales y supranacionales del Mercosur y la Unión Europea como casos de estudio. Le plantea la hipótesis de que la ciudadanía ha ido rompiendo con sus bases fundamentales en la época contemporánea, especialmente con la transformación de los elementos del Estado. Específicamente en los bloques de integración regional, el comportamiento de los elementos clásicos "pueblo, territorio y soberanía" ha cambiado, trascendiendo la ecuación ciudadano=nacional propuesta en la modernidad. Se argumenta que estas organizaciones, y en especial la Unión Europea, han actuado como laboratorios del Derecho, creando un entorno ideal para la transformación sociopolítica. Al explorar las características de la ciudadanía del Mercosur y la europea, observamos algunas diferencias estructurales en cuanto a la fuerza impulsora de los procesos de integración, la naturaleza de las instituciones, las dimensiones de la participación política y la democracia transnacional, la inmigración, la pertenencia y la construcción social de la integración, que, a partir de entonces, crean diferentes modelos de ciudadanía. En conclusión, constatamos que la construcción de la dimensión social en el Mercosur fue significativa, pero no logró el desarrollo previsto, principalmente debido a la falta de visibilidad e influencia política para sostener las iniciativas, que se desmovilizaron en la última década del bloque. En cuanto a la ciudadanía europea, se reconocen numerosos logros en torno a un nuevo concepto de ciudadanía, pero con diversas zonas grises y contradicciones en cuanto al discurso y la práctica de los principios universalistas, en particular la falta de armonización en materia migratoria, el fluctuante déficit democrático y el desarrollo del nacionalismo. Entendiendo que el modelo de política deliberativa de Jürgen Habermas no se adapta a la realidad sudamericana, dadas las estructuras intrínsecamente diferentes de la ciudadanía nacional en el Sur Global — en particular la falta de derechos sociales previos al establecimiento de la ciudadanía regional, lo cual parece crear un terreno fértil para una configuración posnacional, el artículo concluye con una perspectiva habermasiana sobre los principales dilemas de la ciudadanía europea, exponiendo sus principales fracturas. donde, además de sí mismas, revelan un horizonte donde se trazan caminos hacia un futuro estatus de ciudadanía global, constituyendo quizás su mayor legado actual, aunque este estatus dista mucho de ser accesible para todos.
Abstract
This qualitative work uses historical and inductive methods to analyze the reshaping of citizenship in the face of the impacts of globalization, specifically the regional and supranational citizenships of Mercosur and the European Union as case studies. The main hypothesis is that citizenship has been breaking with its core foundations in contemporary times, especially with the shift in the elements of the State. Specifically in regional integration blocs, the behavior of the classic elements "people, territory, and sovereignty" has changed, transcending the citizen=national equation proposed in modern times. The argument follows that these organizations, and especially the European Union, have acted as testbeds for law, creating an ideal environment for socio-political transformation. Exploring the characteristics of Mercosur and European citizenship, it’s possible to observe structural differences regarding the driving force behind integration both processes, the nature of institutions, the dimensions of political participation and transnational democracy, immigration, belonging, and the social construction of integration, which henceforth create different models of citizenship. In conclusion, we attest that the construction of the social dimension in Mercosur was significant, but it could not develop as it was intended, mainly due to the lack of visibility and political clout to sustain the initiatives, which were demobilized in the bloc's last decade. Regarding European citizenship, many achievements are recognized regarding a new concept of citizenship, but with several gray areas and contradictions regarding the discourse and practice of universalist principles, notably the lack of harmonization on migration issues, the fluctuating democratic deficit, and the growth of nationalism. Understanding that Jurgen Habermas's model of deliberative politics is not suited to the South American reality, given the intrinsically different structures of national citizenship in the Global South — particularly the lack of social rights prior to the establishment of regional citizenship, which appears to create fertile ground for a post-national configuration, the article concludes with a Habermasian perspective on the main dilemmas of European citizenship, exposing its major fractures, which, apart from themselves, reveal a horizon where paths toward a future status of global citizenship are outlined, what may be perhaps its greatest current legacy, even though this status is far from being accessible to all.
Descrição
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Instituto Latino-Americano de Economia, Sociedade e Política da Universidade Federal da Integração Latino- Americana, como requisito parcial à obtenção do título de Bacharel em Relações Internacionais e Integração.
Palavras-chave
cidadania, globalização, cosmopolitismo, universalismo
Citação
CHAER. Guilherme Vieira. 2025. O redimensionamento da cidadania no mundo globalizado: Mercosul e União Europeia. Trabalho de Conclusão de Curso Relações Internacionais e Integração – Universidade Federal da Integração Latino-Americana, Foz do Iguaçu, 2025.