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Item Museus Portáteis e Outras Histórias da Arte-moda(Edunila, 2023) Acon, Ana Carolina (org.); Grippa, Carolina Bouvie (org.); Bosak, Joana (org.); Alves, Paulo Gabriel (org.)O livro é uma coletânea de textos vinculados aos estudos do grupo de pesquisa História da Arte e Cultura de Moda/UFRGS/CNPq. O grupo de pesquisa que, embora nasça com endereço físico no Instituto de Artes da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, extrapola, em muito, fronteiras territoriais e de pensamento. Os autores do livro residem em diferentes regiões da América Latina e com integrantes residentes na Europa também. Essa noção de espacialidade transbordante dimensiona a própria temática da publicação: a Moda em sua transdisciplinaridade inerente, sempre com um “pé” na arte, seja em aproximações ou desvios. Da mesma forma, extrapassa a subárea de conhecimento da História da Arte na diversidade de formações dos autores, oriundos de áreas como história, artes, moda, design, antropologia, filosofia, literatura, educação, comunicação, psicanálise e museologia. A multiplicidade de pesquisas relacionando moda, para além de sua perspectiva mercadológica e sistemática, evidencia o que há de comum a todas essas possibilidades – a saber – algo que sempre acompanha as relações humanas, as práticas do vestir e suas implicações. Implicações que aqui aparecem como imagem, seja na fotografia ou pintura carregadas de memórias, histórias e narrativas; na cultura material de objetos em suas relações familiares, sociais, públicas ou privadas, mas possuindo trajetórias de vida, biografias culturais até chegarem no museu; e ainda, na invisibilidade de corpos sem lugares identitários no espelho do racismo estruturado, mas que reafirmam suas ancestralidades nos entre-lugares da miscigenação e admirável hibridismo cultural. Desse modo, o livro Museus portáteis e outras histórias da Arte-Moda é uma publicação que legitima o Campo da Moda para além da efemeridade, mas trazendo as relações do perene, lidando com corpos que transbordam os modos de vestir e despir, sejam adornos, panos ou ferramentas que expandem os corpos. Corpos reais, em carne e osso ou em sua forma inorgânica nas pinturas e esculturas, mas aquilo que é capaz de dar forma às vestes, ao tecido. E assim, este livro que poderia então, ele próprio, constituir esse Campo da Moda, apresenta sua construção na inter e transdisciplinaridade de áreas que o abordam. Os artigos trazem questões dos corpos e práticas do vestir – a moda – não como algo da esfera do fútil, como fora outorgada tantas vezes, mas algo de fundamental para as questões de resistência, temáticas sobre o corpo feminino, violência, racismo e outros tantos corpos marginalizados. Dessa forma, as reflexões que o livro apresenta são importantes referências para a expansão do Campo como lugar de resistência e pensamento pungente: como a indagação sobre o lugar do indígena, seu povo, cultura e artefatos no museu; ou ainda, a intolerante pergunta sobre o que vestiam as vítimas de violação sexual. Essas são algumas questões relacionadas ao vestir que o Campo da Moda deve se ocupar. Este livro torna-se poética pedagógica, endereçada a pesquisadores, docentes e demais leitores.. “Museus Portáteis”, pois, a roupa, entre as artes e os ofícios, é uma manifestação que se carrega, que se leva às ruas, casas portáteis que nos abrigam, contam narrativas, são matérias históricas e estéticas, e, muitas vezes, devêm objetos de museu.