Encontro de Estudos Sociales desde América Latina y el Caribe
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Navegando Encontro de Estudos Sociales desde América Latina y el Caribe por Assunto "Desenvolvimento social"
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Item Feira popular, requalificação urbana e turismo: quando a higiene suprime sentidos(2013-11-07) Silva, Marcus Vinícius de Oliveira; Melo, Marta CerqueiraO projeto de requalificação por que passa a maior feira da Bahia, a Feira de São Joaquim, na cidade de Salvador, evoca a reflexão acerca da relação mantida pelos sujeitos, no âmbito da sociedade ocidental, para com os seus dejetos, detritos, lixo e com os ordenamentos espaciais, separações, misturas e diversidades. Envolvendo as noções de limpeza, higiene e saúde, esta relação, reconhecida em sua historicidade, tem as suas interfaces reservadas com os campos político, econômico e social. Analisar, pois, o contexto no qual se insere o projeto direcionado à Feira é um modo de, por um lado, problematizar a naturalização por que passa o sentido hegemônico do lixo nas sociedades ocidentais (Rodrigues, 1999) e, ao mesmo tempo, tecer uma compreensão possível acerca dos discursos e intencionalidades que embalam as dimensões material e simbólica envolvidas na apreciação da questão. Para tanto, o espaço da Feira, no qual se dão as transformações, passa a ser encarado enquanto um campo de relações, onde a interculturalidade que lhe permeia não mascara, e muito menos repara, as assimetrias sociais que neste cenário são perceptíveis. Configurase enquanto um reduto das classes populares, zona em que as pertenças de classe e étnicoculturais, apresentamse enquanto recursoschave para a compreensão do papel que a diversidade sociocultural cumpre no estabelecimento de marca e distinção social. As medidas de requalificação urbana, que inscreverão a Feira no Circuito Turísticocultural da Cidade Baixa, devem ser apreciadas também como referidas num projeto de “racionalização” urbana, movido por interesses exógenos, com vistas a potencializar a instrumentalização econômica da cultura como recurso de desenvolvimento social (Yúdice, 2004) manejado desde as lógicas tecnocráticas e etnocêntricas, que permitem uma limitada expressão dos modos de vida dos grupos sociais que historicamente ofereceram sustentação à existência da Feira. Desse modo, tal fenômeno põe a Feira de São Joaquim numa condição que favorece o exame de aspectos que envolvem os híbridos processos de modernização das sociedades periféricas, nas quais os aspectos de constituição da interculturalidade (Canclini, 2009) dialogam intimamente com as lógicas que assinalam a desigualdade social e possibilitam o exercício e a manutenção das estruturas de poder que garantem a vigência de fluxos hegemônicos de intervenção direcionados a uma dada realidade. Temse, portanto, a possibilidade de análise do projeto de Requalificação da Feira enquanto medida promotora da adequação do espaço a fim de potencializar a sua frequentação pelo público proveniente do circuito turístico; forma através da qual se realizará o asseio, produzindo a pulcritud (Kusch, 1962) do espaço à medida que visa extirpar os odores, texturas, umidades típicas das feiras populares que se contrapõem aos padrões assépticos hegemônicos na urbe. Em outras palavras, a reforma atesta a diferenciação de “tipos humanos” a partir da maneira como se relacionam com o espaço da Feira ou dos usos que dele fazem, e aviva o debate sobre a relevância das diferenciações vinculadas a fatores tais como a pertença étnica, a classe social, o lugar que ocupam na sociedade e a opção por sanar o “desconforto” que gera aos turistas o modo de vida dessas pessoas que convivem em meio àquela sujeira. Palavraschave: desenvolvimento social; cultura; higiene.