A Península Ibérica é um jardim milenar onde germinaram, floresceram e
murcharam línguas com origens as mais diversas: célticas, fenícias, latinas, germânicas,
moçárabes, entre outras. O convívio de numerosas línguas num espaço geográfico tão
restrito sempre gerou conflitos, levando a um processo de (im/o/sobre)posição de umas
em relação às outras. Esse processo não é estranho aos idiomas que atualmente gozam
do status de oficialidade na região (português, espanhol, galego, catalão/valenciano e
basco), com importante impacto nas respectivas literaturas.
O presente trabalho pretende tratar das relações entre as diferentes literaturas
ibéricas, em especial quanto ao bilinguismo literário e às mútuas influências,
estabelecendo um paralelo com o contexto sul-americano, em que o contato entre o
português e o espanhol tem apresentado como resultado mais expressivo, para além das
inflexões recíprocas, uma linguagem literária totalmente nova, baseada na interlíngua da
fronteira: a florescente literatura em portunhol.