O presente escrito tem por objetivo realizar uma contribuição a uma agenda coletiva de pesquisas do pensamento social brasileiro, que possibilite a compreensão das características fundamentais da formação social brasileira e as relações raciais e de classes que a compõem. Realizamos uma pesquisa bibliográfica, complementada por um estudo aproximativo no campo metodológico de história das ideias, no qual consideramos a íntima relação dialética entre obra, autor e contexto sócio-histórico de produção de duas obras: Casa-Grande & Senzala, de Gilberto Freyre, e Rebeliões da Senzala, de Clóvis Moura. Partindo da questão: qual a compreensão de cada autor a respeito das características gerais da formação social brasileira? E, como as relações de classe e raça são interpretadas por eles?, realizamos uma revisão bibliográfica baseada nas obras em questão e em comentadores. A análise aponta para a necessidade de compreender as razões pelas quais autores como Moura, que ofereceram uma interpretação original e profunda da realidade brasileira, ainda são marginalizados nos meios acadêmicos, sugerindo que isso pode estar relacionado à sua postura de disputa teórico-política contra "pensadores da ordem". Ao mesmo tempo, reconhece-se a relevância contínua de autores clássicos como Gilberto Freyre, cujas obras são fundamentais para a compreensão do Brasil, embora a reflexão crítica também seja essencial para ampliar o debate e o entendimento das complexidades do racismo e das relações de classe no Brasil. Assim, ressalta-se a importância de aprofundar a compreensão teórica dessas questões para avançar no debate acadêmico e político sobre a sociedade brasileira.