Quando o internacional é construído por mulheres negras: a centralidade de Edna Roland e as rupturas de Durban

Resumo

Este trabalho analisa como o epistemicídio interseccional se manifesta no campo das Relações Internacionais e de que maneira a III Conferência Mundial contra o Racismo, Discriminação Racial, Xenofobia e Intolerâncias Correlatas (Durban, 2001) representou um marco de ruptura com a lógica de silenciamento e exclusão epistêmica. A pesquisa parte da constatação de que a disciplina das Relações Internacionais foi historicamente estruturada sobre os pilares da branquitude, do patriarcado e do capitalismo, que operam de forma interdependente na produção e na legitimação do conhecimento. A partir de uma abordagem interseccional e decolonial, o estudo busca compreender como esses vetores se materializam na diplomacia brasileira, em especial no Ministério das Relações Exteriores (MRE), analisando a ausência de protagonismo das mulheres negras e a forma como elas tensionam e reconfiguram os espaços de poder. O protagonismo de figuras como Edna Roland, na Conferência de Durban, evidencia o papel transformador da agência negra feminina na construção de uma política externa mais plural, inclusiva e comprometida com a justiça racial e de gênero. Conclui-se que romper com o epistemicídio interseccional exige reconhecer e legitimar as epistemologias produzidas a partir das margens, especialmente aquelas oriundas das mulheres negras latino-americanas, que propõem novas formas de pensar e fazer as Relações Internacionais. Resumen Este trabajo analiza cómo el epistemicidio interseccional se manifiesta en el campo de las Relaciones Internacionales y de qué manera la III Conferencia Mundial contra el Racismo, la Discriminación Racial, la Xenofobia y las Intolerancias Conexas (Durban, 2001) representó un hito de ruptura con la lógica de silenciación y exclusión epistémica. La investigación parte de la constatación de que la disciplina de las Relaciones Internacionales fue históricamente estructurada sobre los pilares de la blancura, el patriarcado y el capitalismo, que operan de forma interdependiente en la producción y legitimación del conocimiento. A partir de un enfoque interseccional y decolonial, el estudio busca comprender cómo estos vectores se materializan en la diplomacia brasileña, en especial en el Ministerio de Relaciones Exteriores (MRE), analizando la ausencia de protagonismo de las mujeres negras y la forma en que tensionan y reconfiguran los espacios de poder. El protagonismo de figuras como Edna Roland, en la Conferencia de Durban, evidencia el papel transformador de la agencia negra femenina en la construcción de una política exterior más plural, inclusiva y comprometida con la justicia racial y de género. Se concluye que romper con el epistemicidio interseccional exige reconocer y legitimar las epistemologías producidas desde los márgenes, especialmente aquellas oriundas de las mujeres negras latinoamericanas, que proponen nuevas formas de pensar y hacer las Relaciones Internacionales.

Abstract

This paper analyzes how intersectional epistemicide manifests in the field of International Relations and how the III World Conference against Racism, Racial Discrimination, Xenophobia and Related Intolerance (Durban, 2001) represented a landmark in breaking the logic of silencing and epistemic exclusion. The research starts from the premise that the discipline of International Relations was historically structured on the pillars of whiteness, patriarchy, and capitalism, which operate interdependently in the production and legitimation of knowledge. Based on an intersectional and decolonial approach, the study seeks to understand how these vectors materialize in Brazilian diplomacy, especially in the Ministry of Foreign Affairs (MRE), by analyzing the absence of Black women's protagonism and how they strain and reconfigure spaces of power. The protagonism of figures like Edna Roland at the Durban Conference highlights the transformative role of Black female agency in building a more plural, inclusive foreign policy committed to racial and gender justice. It is concluded that breaking with intersectional epistemicide requires recognizing and legitimizing the epistemologies produced from the margins, especially those originating from Black Latin American women, who propose new ways of thinking about and practicing International Relations.

Descrição

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Instituto Latino-Americano de Economia, Sociedade e Política da Universidade Federal da Integração Latino- Americana, como requisito parcial à obtenção do título de Bacharel em Relações Internacionais e Integração.

Palavras-chave

mulheres negras, diplomacia, Brasil. Ministério das Relações Exteriores, Conferência de Durban

Citação