| dc.description.abstract | A paralisia cerebral, também chamada encefalopatia crônica não progressiva, é a causa mais frequente de deficiência motora na infância e refere-se a um grupo heterogêneo de condições que cursam com disfunção motora central, afetando o tônus, postura e movimentos. Decorre de lesão, gravidade do acometimento motor e sintomas clínicos associados. A prevalência estimada de pessoas com paralisia cerebral é entorno de 2,1 casos por 1000 nascidos vivos e mantem-se constante ao longo de décadas em diversos estudos. As atividades de vida diária (AVD) que fazem parte do cotidiano infantil incluem tarefas de automanutenção como banho, vestuário, alimentação, uso do banheiro, higiene oral e comunicação. O desempenho de tais atividades é importante para que a criança seja capaz de satisfazer suas necessidades básicas, garantindo maior independência e participação em seu ambiente domiciliar. Em crianças com Paralisia cerebral não progressiva da infância o desempenho dessas atividades é, muitas vezes, a principal queixa de pais e familiares, e/ou da própria criança. A promoção na realização de tarefas de vida diária tem sido, portanto, o principal objetivo almejado pelos terapeutas ocupacionais que trabalham com essa clientela.
O tratamento é paliativo, visto que não se pode agir sobre uma lesão já cicatrizada. As intervenções comprovadamente eficazes distribuem-se por áreas de funcionalidade de acordo com a Classificação Internacional de Funcionalidade (CIF) e são um conjunto de técnicas incluindo medicamentos e procedimentos cirúrgicos ou não, além de atividades de intervenção terapêutica. Certamente eficazes são medicamentos como anticonvulsivantes para o tratamento de convulsões, toxina botulínica, benzodiazepínicos e rizotomia dorsal para o tratamento de espasticidade e bifosfonatos para a saúde dos ossos. Ainda, recomenda-se o uso de calhas ortopédicas e a supervisão sistemática para a prevenção de luxação de quadril, o controle de úlceras de pressão e o treinamento aeróbico para a manutenção da funcionalidade.
Dado que os canabinóides são capazes de atenuar a excito toxicidade, a inflamação e o estresse oxidativo, eles vêm sendo propostos como candidatos promissores a se tornarem terapias neuro protetoras eficazes, incluindo danos cerebrais na isquemia neonatal. Portanto, as evidências pré-clínicas coletadas até o momento são altamente sugestivas de importantes benefícios a serem alcançados em recém-nascidos afetados pela encefalopatia por isquemia com terapias baseadas em
canabinóides, em particular com o CBD fitocanabinóide não psicoativo, que parece ser uma opção terapêutica adequada para o tratamento da doença neonatal e distúrbios infantis. De fato, o CBD já foi formulado como Epidiolex (GWPharma) e recebeu a designação órfã das agências reguladoras dos EUA e da Europa para o tratamento de epilepsias refratárias infantis.
Assim, este projeto aborda o efeito dos canabinoides em micro doses na restauração da função motora grossa, desenvolvimento musculoesquelético, comunicação cognitivas e incapacidade, função cerebral e resposta inflamatória em pacientes com PC. Definindo-se outra premissa, a de que isto pode ser verdade pelo fato da presença de receptores de canabinoides em diferentes tipos de células do sistema nervoso central (SNC) (isto é, neurônios e micróglia). Seu objetivo de longo prazo é explorar o uso de micro doses canabinoides como uma abordagem nova, segura e multidirecionada para a terapêutica da PC.Nossa primeira pergunta é: Considerando a relação entre o hipóxia neonatal ou período pré-natal onde, onde acontecem outros acometimetimentos a encéfalo e a deficiência do sistema endocanabinoide, este sistema estaria envolvido na fisiopatologia da PC? Em caso afirmativo, nossa segunda pergunta é: as micro doses canabinoides poderiam ser um tratamento eficaz e seguro para pacientes com PC? E por último, é possível que micro doses de canabinoides atuem na progressão de modo a impedir, diminuir a condição da doença? | pt_BR |
