O museu que nunca houve: o museu da descoberta em disputa pelas memórias portuguesas em zonas de contato.
Resumo
O presente trabalho procura construir uma linearidade entre o passado e o presente da
sociedade portuguesa e analisar como os discursos da modernidade ainda influenciam
suas memórias e identidade no século XXI. A pesquisa tem como objeto de estudo central
o projeto de construção do Museu da Descoberta na cidade de Lisboa, proposto no ano
de 2018 com o objetivo de abordar as navegações portuguesas. Para isso, serão
analisadas as exposições ocorridas no país entre 1940 e 1998, além de uma visita a um
dos museus já existentes com a mesma nomenclatura. Para tal, exploramos como os
museus e as exposições podem ser utilizados a partir de um viés político hegemônico
para propagar um imaginário lusotropicalista, moldando o nacionalismo na sociedade
portuguesa, principalmente a partir do século XX. A utilização de jornais eletrônicos auxilia
no recorte de opiniões de jornalistas e intelectuais portugueses que abordam a construção
do museu atualmente, além da busca por informações e dados levantados no passado. A
pesquisa tem como objetivo questionar como Portugal reproduz a história das
“descobertas” se apoiando nas glórias do passado para construir uma identidade própria
enquanto esconde, em seus manuais didáticos, jornais, exposições e museus, as
explorações e violências cometidas no processo de colonização.