O Diario de Djelfa e a tradução do grito
Resumen
Esta comunicação propõe uma reflexão sobre a tradução de poesia no contexto da literatura de
testemunho. Seu ponto de partida é um projeto de pesquisa cujo objetivo central é a tradução
comentada para o português do Diario de Djelfa (1944), de Max Aub. Tratase de um conjunto de 47
poemas, a maior parte escrita no período em que o autor esteve preso no campo de concentração de
Djelfa (19411942), na Argelia, durante a 2a Guerra Mundial. Publicado pela primeira vez em 1944,
no México, Diario de Djelfa chegou ao público com 27 poemas, seis fotografias tiradas no campo
de Djelfa e um prólogo assinado por Aub. Em 1970, com aprovação de Max Aub, a editora Joaquín
Mortiz lançou nova edição do Diario de Djelfa – nela foram acrescentados outros vinte poemas,
publicados, originalmente, na revista Sala de Espera (1948/1951). Na Espanha, como marca do
silêncio e do apagamento resultante da ditadura franquista, o livro só foi publicado em 1998. Diante
da compreensão de que os poemas reunidos no Diario de Djelfa foram produzidos à sombra da
violência do Estado e estão, portanto, inseridos no contexto da literatura de testemunho – mas
especificamente na corrente que entende o testemunho como elemento não restrito aos campos
nazistas (MARCO, 2004) –, buscase aqui, discorrer sobre um dos possíveis caminhos para
responder aquela que consideramos nossa pergunta chave: Como traduzir o poema sem silenciar a
força do testemunho? Para isso, seguiremos um percurso fundamentado teoricamente no olhar que
autores como Antoine Berman e Lawrence Venuti compartilham sobre a tradução