Perspectivas dialética e discursiva da ironia: possibilidades de comparação entre Jorge Luis Borges e Machado de Assis
Abstract
Esta é uma pesquisa comparatista que tem o objetivo de aproximar seis contos — três de
Machado de Assis e três de Jorge Luis Borges —, e analisá-los quanto à manifestação da
ironia literária como recurso estético, focando no que denominamos, através de estudos de
Sócrates e Foucault de “ironia dialética” e “ironia discursiva”. Para isso, realizou-se um
percurso histórico buscando conceituar o que é ironia literária, partindo dos pressupostos
socráticos e chegando à formulação de ironia moderna que se tem na atualidade. Para
compor este capítulo teórico, valemo-nos de Brait (2008) e Moisés (2013), dentre outros
pesquisadores que se debruçaram sobre o tema, relacionando-o ao conceito clássico de
ironia. Na primeira análise, utilizando-se de chaves de leitura, foram comparados três
textos, sendo eles El Aleph e Agosto 25, 1983, de Borges, e A Chinela Turca, de Machado.
Utilizando Compagnon (2010), Barthes (2004) e Perrone-Moisés (2016) como principais
aportes teóricos, o elo escolhido para aproximar as narrativas dos dois autores foi a
metaliteratura. Na segunda análise, a partir de ideias trazidas por Nietzsche (2008) e
Foucault (1999), faz-se uma análise acerca da construção do conhecimento, do valor da
verdade para esta sociedade e, enfim, dos dogmas construídos a partir disso. Tentou-se
demonstrar que tanto Jorge Luis Borges quanto Machado de Assis trabalham com essas
perspectivas dentro de três contos selecionados para esta análise — El Otro, do escritor
portenho, e O Alienista e Ideias do Canário, do autor carioca. Para isso, utilizaram-se de
uma linguagem fortemente irônica permeando todo o discurso, a qual, então, denominamos
“ironia discursiva”, denominação também baseada nos pressupostos foucaultianos, a fim
de criticar a constituição de alguns discursos acerca do conhecimento (que circulavam no
contexto de produção das narrativas). Com isso, foi possível hipotetizar que os autores
buscam provocar uma reflexão: de que o excessivo valor que certas “formas de se fazer
ciência” levam a humanidade a um dogmatismo empobrecedor que, por fim, reduz a
experiência humana no mundo a seus conceitos e métodos constitutivos. Esta es una investigación comparatista que tiene el objetivo de aproximar seis cuentos —
tres de Machado de Assis y tres de Jorge Luis Borges —, y analizarlos en cuanto a la
manifestación de la ironía literaria como recurso estético, enfocándose en lo que
denominamos, a través de estudios Sócrates y Foucault de "ironía dialéctica" e "ironía
discursiva". Para eso, se realizó un recorrido histórico buscando conceptualizar lo que es
ironía literaria, partiendo de los presupuestos socráticos y llegando a la formulación de
ironía moderna que se tiene en la actualidad. Para componer este capítulo teórico,
utilizamos Brait (2008), Moisés (2013), entre otros investigadores que se inclinaron sobre
el tema y lo relacionaron con el concepto clásico de ironía. En el primer análisis, en caso
de que se trate de llaves de lectura, fueron comparados tres textos, siendo El Aleph y
Agosto 25, 1983, de Borges, y A Chinela Turca, de Machado. Utilizando Compagnon
(2010), Barthes (2004) y Perrone-Moisés (2016) como principales aportes teóricos, el
enlace elegido para aproximar las narrativas de los dos autores fue la metaliteratura. En el
segundo análisis, a partir de ideas traídas por Nietzsche (2008) y Foucault (1999), se hace
un análisis acerca de la construcción del conocimiento, del valor de la verdad para esta
sociedad y, en fin, de los dogmas construidos a partir de eso. Se intentó demostrar que
tanto Jorge Luis Borges como Machado de Assis trabajan con esas perspectivas dentro de
tres cuentos seleccionados para este análisis — El Otro, del escritor porteño, y O Alienista
e Ideias do Canário, del autor carioca. Para ello, se utilizaron de un lenguaje fuertemente
irónico permeando todo el discurso, que entonces denominamos "ironía discursiva",
denominación también basada en los presupuestos foucaultianos, con el fin de criticar la
constitución de algunos discursos acerca del conocimiento (que circulaban en el mismo
contexto de producción de las narrativas). Con eso, fue posible hipotetizar que los autores
buscan provocar una reflexión: de que el excesivo valor que ciertas "formas de hacerse
ciencia" llevan a la humanidad a un dogmatismo empobrecedor que, por fin, reduce la
experiencia humana en el mundo a sus conceptos y métodos constitutivos This is a comparative research that aims to bring six short stories — three from Machado
de Assis and three from Jorge Luis Borges — and analyze them as to the manifestation of
literary irony as an aesthetic resource, focusing on what we call, through studies of Socrates
and Foucault of "dialectical irony" and "discursive irony." For this, a historical course was
carried out seeking to conceptualize what is literary irony, starting from the Socratic
presuppositions and arriving at the formulation of modern irony that is in the present time.
To compose this theoretical chapter, we use Brait (2008) and Moisés (2013), among other
researchers who have studied the subject, relating it to the classic concept of irony. In the
first analysis, using three reading keys, three texts were compared: El Aleph and August 25,
1983, by Borges, and A Chinela Turca by Machado. Using Compagnon (2010), Barthes
(2004) and Perrone-Moisés (2016) as main theoretical contributions, the link chosen to
approximate the narratives of the two authors was the metaliterature. In the second analysis,
based on ideas brought by Nietzsche (2008) and Foucault (1999), an analysis is made of
the construction of knowledge, of the value of truth for this society and, finally, of the dogmas
constructed from it. It was tried to demonstrate that both Jorge Luis Borges and Machado
de Assis work with these perspectives within three short stories selected for this analysis —
El Otro, by the writer from Buenos Aires, and The Alienist and Ideas of the Canario, by the
author from Rio de Janeiro. For this, a strongly ironic language was used to permeate the
entire discourse, which we call "discursive irony", a denomination also based on Foucault's
assumptions, in order to criticize the constitution of some discourses about knowledge
(which circulated in the context of narrative production). Thus, it was possible to hypothesize
that the authors seek to provoke a reflection: that the excessive value that certain "ways of
doing science" lead humanity to an impoverishing dogmatism that, in the end, reduces the
human experience in the world to its concepts and methods