Efeito de microdoses de canabinoides para tratamento da doença de Alzheimer: um ensaio clínico, duplo-cego, randomizado e controlado por placebo.

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Data

2023

Autores

Cury, Rafael de Morais

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Resumo

A doença de Alzheimer (DA) está relacionada ao acúmulo de neurotoxinas derivadas de frações beta-amilóides e da hiperfosforilação da proteína Tau, que leva a um processo de neurodegeneração e a um comprometimento cognitivo. A conexão entre demência, inflamação, frações beta amilóides (BA) e alterações no sistema endocanabinoide em modelos experimentais de DA tem sido relatada. Atualmente, há poucos estudos publicados examinando o efeito de canabinóides na patologia da DA. A premissa neste estudo é que o desequilíbrio no sistema endocanabinoide ocorre de maneira correlacionada à DA e que microdoses de canabinóides podem reestabelecer as funções cerebrais, sem indução de efeitos colaterais significativos. Avaliou-se o efeito de microdoses de canabinoides em pacientes com DA, por meio de um ensaio clínico, randomizado, duplo-cego e controlado por placebo. Foram selecionados pacientes segundo os critérios da National Institute of Neurological and Communicative Disorders and Stroke and the Alzheimer’s Disease and Related Disorders Association. Os participantes foram divididos em dois grupos, tratado e placebo. Cada paciente tomou 0,35 mL do óleo em uma concentração de 1 mg/mL de THC e 0,7 mg/mL de CBD, administradas uma única vez ao dia, por um período de 180 dias (6 meses). O placebo foi constituído apenas por azeite de oliva. As avaliações clínicas mensais foram com o uso das ferramentas Mini Exame do Estado Mental (MEEM), Escala de avaliação da DA (ADAS-cog) e DSRS. Além disso, o estudo constou de coletas de líquor antes do tratamento (base line – T0), e ao final da pesquisa (T6) para quantificação de BDNF e TAU total. Foram avaliados 141 participantes, 113 foram excluídos devido aos critérios, restando 28. Destes 24 participantes terminaram o estudo. Após, randomização foi possível obter homegeneidade dos grupos para as características epidemiológicas, sociodemograficas e clínicas. Pela análise ANCOVA com variável dependente o último tempo de pesquisa (T6), variável independente grupo tratado/placebo e covariavel o basal de cada paciente pela escala CDR, foi possível obter diferença estatística para o escore MEEM (p=0,028) com melhora da capacidade cognitiva no grupo tratado, demonstrando uma melhora cognitiva sustentada ao final de seis meses de tratamento. Já para o ADAScog (p=0.854) e DSRS (p=0,725) não foi encontrado diferença estatística. Pelo método estatístico ANOVA de medidas repetidas não se obteve uma diferença estatística nas dosagens de BNDF e TAU total tanto entre os grupos como entre T0 e T6. Este estudo demonstrou evidência clínica que o tratamento com canabinoide é eficaz para tratar a DA após seis meses de tratamento. Os resultados deste trabalho sugerem novas abordagens terapêuticas para a DA baseando-se em canabinóides.

Descrição

Dissertação de mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduaçãoem Biociências, do Instituto Latino-Americano de Ciências da Vida e da Natureza, da Universidade Federal da Integração Latino-Americana, como requisito parcial à obtenção do título de Mestre em Ciências, área de concentração Biociências.

Palavras-chave

Alzheimer; THC; CBD; Cognição; Demência

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