Determinação das Emissões de CO2 e Energia Incorporada de Argamassas de Revestimento na Fase de Execução: Estudo de Caso de Foz do Iguaçu
Abstract
As argamassas mistas de revestimento são consideradas como potencial fonte de
emissões de CO2, devido ao processo produtivo dos materiais presentes em sua
composição, como cimento e cal. No Brasil, o uso desses materiais para a produção das
argamassas de revestimento em obra, ainda é realizada de forma convencional, com baixo
nível de industrialização, com influência pessoal da mão de obra. Tal processo de produção
é caracterizado por maiores consumos de materiais, devido ao desconhecimento das
propriedades e características do revestimento, interferindo de forma negativa em aspectos
ambientais. Assim, o objetivo deste trabalho foi determinar as emissões de CO2 e a energia
incorporada na fase de execução das argamassas de revestimento em obras na cidade de
Foz do Iguaçu-Pr. Para isto, executou-se um estudo inventário baseado no pensamento do
Ciclo de Vida, segundo a NBR ISO 14044, com dados primários de 12 obras residenciais
de médio e baixo padrão. As informações sobre consumos dos materiais, dos combustíveis
para transporte até a obra, da energia elétrica para produção dos revestimentos, da água
de lavagem da betoneira e as perdas incorporadas devido a sobrespessura, foram
coletadas por meio de visita e acompanhamento dos processos de produção e aplicação
dos revestimentos in loco. Os resultados mostraram que os traços utilizados apresentam
variações, entre 1:0,5:6 e 1:2,8:6,8 (cimento:cal:areia). O consumo de cimento foi de 2,4 e
8 kg/m², da cal de 0,7 e 9,6 kg/m², do filito de 1,2 a 2,6 kg/m² e da areia 13 e 56 kg/m². Com
isto as emissões de CO2 variaram de entre 3 e 29 kgCO2/m² em traços com o uso de cal
na composição, e entre 2 e 7 kgCO2/m² com o uso de filito. A energia incorporada variou
entre 12 a 171 MJ/m² quando empregada a cal e 8 a 40 MJ/m² quando empregado filito. As
perdas incorporadas variaram de 17 e 151% equivalentes a 1 e 25 kgCO2/m² e 5 e 146 MJ.
Identificou-se ainda que, revestimentos com maior resistência de aderência a tração aos
sete dias de cura, não necessariamente necessitam de maiores consumos de cimento e cal
nos traços. Para melhorar o uso dos recursos materiais mais emitentes é necessário um
maior controle tecnológico nos processos em obra, através da definição de premissas na
produção e aplicação dos revestimentos. Estas contemplam a orientação da mão de obra
responsável pela produção, principalmente sobre ordem do emprego dos materiais na
mistura, do tempo de mistura e da espessura necessária de aplicação do revestimento.