Oratura e Transculturação em Los Ríos Profundos (1958), de José María Arguedas.
Resumen
O termo “oratura”, segundo Mendizábal (2012), corresponde a uma forma de comunicação de natureza oral e ritual. A oratura é característica de segmentos à margem da sociedade: comunidades tradicionais tais como as comunidades indígenas, as
comunidades quilombolas, as populações de pescadores e ribeirinhos ou comunidades rurais. Os estudos literários permitem compreender de que forma a cultura erudita ou a cultura urbana percebem e representam essas culturas que estão à periferia. A presente pesquisa parte do pressuposto de que um dos objetivos do peruano José María Arguedas
é o de refletir sobre a situação do povo quéchua e sua memória, por meio de uma obra romanesca em que o leitor entra em contato com as canções escritas na própria língua dos povos autóctones do Peru. O escritor serve-se de fontes orais autóctones para reconstruir uma memória coletiva em que se retrabalham traços culturais peruanos, especialmente os huaynos, expressivas canções tradicionais dos andinos que correspondem a uma manifestação da memória cultural dos povos originários. Observa-se uma releitura de uma literatura nacional peruana, com a inclusão da oratura quéchua.
Para estruturar nossa análise, o presente trabalho está organizado em três partes: I. “Oratura e transculturação na América Latina”; II. “A obra de José María Arguedas (1911-1969): texto e contexto”; III. “Oratura e transculturação em Los Ríos Profundos (1958)”. The term "orature" according Mendizábal (2012) corresponds to a form of
communication and oral ritual nature. The orature is characteristic of segments on the
edge of society: traditional communities such as indigenous communities, maroon
communities, populations of fishermen and coastal or rural communities. Literary
studies allow us to understand how the high culture or urban culture perceive and
represent these cultures that are the periphery. This research assumes that one of the
Peruvian José María Arguedas goals is to reflect on the situation of the Quechua people
and their memory, by means of a Romanesque work in which the reader comes in
contact with songs written in their own language the indigenous peoples of Peru. The
writer makes use of indigenous oral sources to reconstruct a collective memory in which
rework Peruvian cultural traits, especially huaynos, expressive traditional Andean songs
that match a manifestation of the cultural memory of indigenous peoples. There has
been a re-reading of a Peruvian national literature, with the inclusion of Quechua
orature. To structure our analysis, this paper is organized in three parts: I. "orature and
transculturation in Latin America"; II. "The work of José María Arguedas (1911-1969):
text and context"; III."Orature and transculturation in Los Ríos Profundos (1958)".