Góes, Suheide Rosa de Oliveira Sousa2024-10-282024-10-282024https://dspace.unila.edu.br/handle/123456789/8586Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Instituto Latino-Americano de Arte, Cultura e História da Universidade Federal da Integração Latino-Americana, como requisito parcial à obtenção do título de Licenciado em Letras – Espanhol e Português como Línguas Estrangeiras.Este trabalho foi realizado a partir da análise reflexiva e comparativa do conto denominado “Puna”, que consta no livro Nosotros los Índios (2016 - versão em espanhol), de Hugo Blanco Galdos, traduzido para o português com o título de Nós xs Índixs (2022). A tradução em questão foi realizada colaborativamente de 2019 a 2021 no projeto de extensão Laboratório de Tradução da UNILA, e eu como parte integrante da equipe do projeto pude contribuir na tradução para a língua portuguesa. Assim, a partir desta experiência, tenho, neste trabalho de conclusão de curso, o objetivo de analisar e compreender, de maneira comparativa e descritivamente, a importância de se traduzir sem apagar línguas minoritárias contidas nos textos. Neste caso em particular, a língua indígena quéchua, presente na elaboração do texto-fonte do conto “Puna”. Para tanto, foram feitas análises que trataram de descrever de maneira comparativa não apenas palavras e termos dentro do texto, mas também decisões mais amplas, que orientaram o processo de tradução na busca por manter determinadas particularidades do texto-fonte na tradução e, ao mesmo tempo, atender a uma oralidade que se pretendia obter no texto-meta (em português). Nesse sentido, utilizamos como fundamentação teóricometodológica conceitos como a intercompreensão (Escudé; Del Olmo, 2019), a (re)criação e a transcriação (Campos, 2011), a estrangeirização e a domesticação de textos (Venuti, 1995). Concluímos que as análises feitas entre os dois textos (o original e o traduzido) nos mostram a relevância de se trabalhar com um senso crítico e ativista de valorização das línguas e culturas, especialmente as originárias, sobretudo quando atravessam textos escritos em línguas neolatinas, como o espanhol e o português. Foi possível perceber que o conto “Puna”, presente no texto-fonte, carrega um estranhamento em sua construção mesmo para leitores hispanos, pois o seu conteúdo carrega a língua quéchua como parte integrante da construção linguística. Dessa maneira, em meu trabalho optei por mostrar que a tradução do referido conto para o português foi construída com esse mesmo estranhamento, pois mesmo não conhecendo os aspectos linguísticos padrões e usuais da língua quéchua que foram transportados para o texto na língua portuguesa na escrita, consegue compreender seu conteúdo. Isso deve-se ao fato de que mantivemos, de acordo com o projeto de tradução, a forma mais oral presente dentro do texto-fonte. Assim, a opção tradutória, respeitando os conceitos teórico-metodológicos, de manter o entendimento das palavras e termos originários, propicia ao leitor vivenciar a experiência de observar a riqueza estética, cultural e linguística de uma língua que não faz parte de nosso cotidiano.openAccesstraduçãoHugo Blanco Galdoslíngua quéchuaA arte da tradução como instrumento de resistência política para o não apagamento de línguas indígenas: um estudo de caso a partir da tradução ao português do conto "Puna" de Nós xs Índios, de Hugo Blanco Galdos.