Klumb, Stefani Andersson2024-09-272024-09-272024https://dspace.unila.edu.br/handle/123456789/8514Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Literatura Comparada da Universidade Federal da Integração Latino-Americana, como requisito parcial à obtenção do título de Mestre em Literatura Comparada.A presente pesquisa focalizou-se em realizar reflexões e análises comparatistas sobre três produções literárias da autora contemporânea Sheyla Smanioto que possuem como eixo temático principal a violência contra a mulher em suas mais variadas formas e que acontecem, sobretudo, no âmbito doméstico, a saber, o romance de estreia Desesterro (2015), que retrata a vida de quatro gerações de mulheres do sertão nordestino inseridas em diferentes formas de opressão; o conto “Mulher bicho” (2016), que revela os efeitos negativos que as imposições sociais historicamente delineadas pelo patriarcado causam nos sujeitos do sexo feminino; e o romance Meu corpo ainda quente (2020), que configura-se em torno de uma sociedade distópica onde as mulheres não são donas do próprio corpo. A partir da perspectiva da Literatura Comparada, que nos permite explorar o imbricamento da literatura com outras formas de conhecimento, delineamos, como objetivo geral, compreender como ocorre a representação da violência contra o corpo feminino nas três obras literárias selecionadas como corpus, visando compreender de que forma a escritora contribui para promover visibilidade às distintas formas e consequências desta manifestação. Na perspectiva de alcançar o objetivo proposto, sustentamos a pesquisa nos estudos de Heleieth Saffioti (1987; 1994; 2001; 2011), Lia Zanotta Machado (1998; 2000) e Lilia Schwarcz (2019), que refletem sobre o fenômeno da violência, sobretudo perpetrada contra a mulher; nos pressupostos teóricos acerca da produção literária de autoria feminina, com foco voltado à representação da violência contra o corpo da mulher, desenvolvidos por Carlos Magno Gomes (2013; 2014; 2017); Eurídice Figueiredo (2020), Lúcia Zolin (2021) e Regina Dalcastagné (2010; 2016); e na tipologia corpórea, desenvolvida por Elódia Xavier (2021). Trata-se de uma pesquisa bibliográfica, que adota uma perspectiva interdisciplinar e plurimetodológica, com o intuito de, a partir da articulação de diferentes epistemes, construir uma abordagem compreensiva da violência contra a mulher, buscando cumprir não apenas uma função estética em torno de um estudo literário, mas também social, visto que favorece um posicionamento crítico diante das questões exploradas por Sheyla Smanioto. Como resultado desse processo de investigação, foi possível perceber como a escritora ficcionaliza o real para suscitar reflexão, convertendo o processo de escrita em uma ferramenta de resistência e expansão de experiências femininas, transfigurando-o em um ato político.viopenAccessviolência contra a mulherSheyla Smaniotoliteraturapatriarcado.Literatura como manifesto político: uma análise da representação da violência contra o corpo feminino nas produções literárias de Sheyla Smanioto.