Souza, João Marcos de2025-06-302025-06-302025-06-30https://dspace.unila.edu.br/handle/123456789/9132Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação Interdisciplinar em Estudos Latino-Americanos da Universidade Federal da Integração Latino-Americana, como requisito parcial à obtenção do título de Mestre em Estudos Latino-Americanos.Pensando que todo discurso constitui uma pratica, seja ela assertiva ou não, esta pesquisa busca investigar os discursos que perpassam a atuação de oito profissionais da Psicologia Clínica na cidade de Foz do Iguaçu, no Paraná, diante da cis-heteronorma, considerando os efeitos desse regime normativo nas práticas clinicas e na saude de pessoas LGBTQIAPN+. Com base em uma perspectiva crítica e situada, o estudo teve como objetivo analisar como estas pessoas reconhecem, reproduzem ou enfrentam a cis-heteronorma em suas escutas e intervenções. Em vez de tratar o consultório apenas como um espaço em que se aplicam manuais e protocolos prontos, busca-se investigar a maneira pela qual cada profissional, ao nomear pacientes, já se inscreve em um jogo de poder. A metodologia adotada foi qualitativa, e através de entrevistas semiestruturadas, buscou-se proporcionar reflexões a partir dos relatos obtidos, com inspiração foucaultiana para examiná-los. As entrevistas foram transcritas e submetidas a um processo de leitura flutuante, codificação e categorização dos enunciados, de modo a evidenciar os regimes de verdade e os jogos de poder que atravessam as práticas clinicas, tal como as potencias de cada discurso. Os resultados indicaram que há uma tensao constante entre a formação psicológica tradicional, marcada por modelos cis-heteronormativos e patologizantes, e os desafios éticos implicados no atendimento a diversidade de gênero e sexualidade. Dentre as principais formas de enfrentamento a cis-heteronorma encontradas, está o reposicionamento ético-político da escuta clínica, a problematização das normas de gênero e sexualidade como efeitos de poder e a incorporação de epistemologias dissidentes no cuidado. No entanto, também emergiram discursos de silenciamento, desconhecimento e reprodução de violências simbólicas que revelam a persistência de práticas normativas no cotidiano clinico. Esta dissertação nos convida a perceber a clínica como um espaço vivo, permeado por discursos silenciosos e ruídos normativos que afetam a subjetividade de quem busca ajuda, nos convocando ao comprometimento ético como forma de possibilidade de cuidadoptopenAccesspsicologia clínicaFoz do Iguaçu (PR)cis-heteronormatividadeéticaA atuação de profissinais da psicologia clínica frente a cis-heteronorma