Boccardo, Raphael2017-09-192017-09-192016-08https://dspace.unila.edu.br/handle/123456789/2408IX Congresso Brasileiro de Hispanistas realizado nos dias 22 a 25 agosto 2016O soneto “Déjame” de Blas de Otero aparece pela primeira vez na revista Espadaña em 1950 sob os olhos de uma censura essencialmente eclesiástica, que ganhara força no regime franquista no PósGuerra Civil Espanhola. Sistematizada para censurar qualquer texto e poesia que fossem diretamente contra a Igreja e a fé cristã, a acusação de “flagrante heresia” por parte dos censores forçou Blas de Otero a trocar de título, de “Déjame” para “Lástima”, e inserir, como epígrafe, um trecho de San Juan de la Cruz para retificarse ao diário católico e afirmar a religiosidade de seu soneto. Os versos e as estrofes, porém, foram mantidas intactas. Tendo isto em mente, analisaremos, através da dialética de Lukács, como o poema “Déjame”, que carrega uma voz angustiosa diante de uma perda da fé e pela desconfiança da representação de Deus naquele momento da Espanha, é forçado pela censura a tomar uma voz de afirmação religiosa pela inserção de um trecho de San Juan de la Cruz e pela mudança de título, “Lástima”. Ainda que o soneto seja, substancialmente, o mesmo, a censura que força a mudança em seu poema nos permite observar aquilo que Lukács desenvolve em As almas e as formas (2015) sobre o movimento de continuação e descontinuação perante um contexto históricosocial fragmentado. As vozes destes sonetos, “Déjame” e “Lástima”, demonstram a ironia e a capacidade de Blas de Otero em lidar com a repressão do aparato censor da ditadura franquistaporopenAccessSoneto DéjameBlas de Otero - escritor españolPósGuerra Civil EspanholaAs vozes de “Déjame”/“Lástima” Um soneto censurado de Blas de OteroconferenceObject