Francini, Ana Carolina Mecena2017-08-092017-08-092016-08https://dspace.unila.edu.br/handle/123456789/2123IX Congresso Brasileiro de Hispanistas realizado nos dias 22 a 25 agosto 2016Em seu livro Homo sacer (2002), o filósofo italiano Giorgio Agamben analisa o fracasso da civilização, pondo em xeque o que se convencionou como ‘estado de direito’, ao afirmar que na modernidade a lei não se opõe à violência, mas se instaura nela e se sustenta por meio dela. O homo sacer, figura contraditória no direito romano arcaico, é o ser vivente que caracteriza esse estado contraditório, o qual por ser sacro estava excluído das leis da esfera mundana, mas que, por isso mesmo, poderia ser morto por qualquer um, sem configurar um homicídio: o que o autor denomina de mera ‘vida nua’, não politizada, abandonada pelo direito, incluída na sociedade pela exclusão. Para o filósofo italiano, o que era exceção no direito romano parece se tornar regra na sociedade atual, na qual (mesmo com a declaração dos direitos humanos) a destruidora "máquina- antropológica" – apresentada por Agamben em seu livro Lo abierto (2005) –, reconfigurando a concepção de humano como lhe convém, exclui e recaptura os seres viventes, transformandoos em vida nua, vida não humana, em estado de natureza anterior ao surgimento da pólis. Tendo essas ideias como base, este artigo apresenta uma breve leitura do conto “Pueblerina”, do livro Confabulario (1952), do autor mexicano Juan José Arreola, cujo objetivo não foi somente analisar a dimensão da vida nua do protagonista o qual está nos limites do humano, mas o impreciso e problemático limiar entre cultura e natureza ou entre civilização e barbárieporopenAccessJuan José Arreola (1918-2001) - escritor mexicanoA "máquina antropológica em ação": o aniquilamento do não humano em "Pueblerina", de Juan José ArreolaconferenceObject