Carvalho, Mayra Moreyra2017-09-152017-09-152016-08https://dspace.unila.edu.br/handle/123456789/2372IX Congresso Brasileiro de Hispanistas realizado nos dias 22 a 25 agosto 2016Em dezembro de 1958, quando ainda residia na Argentina, Rafael Alberti recebe uma carta anônima escrita desde uma prisão na Espanha. A missiva é publicada em 1976 na edição da revista Litoral dedicada a textos sobre a relação entre poesia e prisão. Em junho de 1959 já viera à luz a resposta de Alberti, intitulada Carta a los presos de España. A leitura atenta dessas correspondências desvela intenções que ultrapassam o âmbito íntimo, expectativa primeira criada pelo gênero textual, aqui considerado a partir dos estudos de Foucault (2006), Pedro Salinas (2007), Marcos Antonio de Moraes (2008) e Claudio Guillén (1985). Propomos ler as duas cartas numa perspectiva mais ampla que implica, por um lado, uma reflexão sobre os limites da ação do poeta e da poesia, e, por outro, uma complexa conjuntura história na passagem dos anos 50 para os 60, na qual não se pode ignorar o papel dos intelectuais detidos em prisões espanholas – como o poeta Marcos Ana, cujo período de detenção em Burgos foi amplamente estudado por Manuel Aznar Soler (2003) –; o movimento europeu e americano pela anistia de presos políticos na Espanha e em Portugal; e o acirramento das tensões ideológicas decorrentes da Guerra Fria. A armação discursiva das cartas, organizada a partir da reivindicação, tanto dos presos como de Rafael Alberti, por uma voz plena e legítima capaz de se erguer contra o silêncio decretado pela ditadura franquista após a Guerra Civil Espanhola, reafirma o compromisso deste poeta e evidencia sua lúcida atuação artística e política num contexto histórico especialmente intrincadoporopenAccessPoeta partilhada“A todos nos ha tocado vivir la crueldad de este tiempo”. Da esfera íntima à histórica, a voz do poeta partilhadaconferenceObject