Relações entre humanos e macacos-prego (Sapajus SP.) em um fragmento urbano em Foz do Iguaçu, Sul do Brasil: uma abordagem interdisciplinar

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Data

2012-06-05

Autores

Suzin, Adriane
Back, Janaína Paula
Ciacchi, Andrea

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Resumo

A Biologia da Conservação parece não resolver o problema da perda de hábitat e extinções de espécies apenas com os preceitos das Ciências Biológicas. Investigações científicas interdisciplinares (e.g. Etno - primatologia) fazem-se necessárias. O objetivo foi estudar sob duas abordagens (entrevistas e acompa - nhamento de macacos-prego, Sapajus sp.) a percepção da comunidade do entorno de um bosque urbano em Foz do Iguaçu e suas interações com os macacos. Um formulário semiestruturado com 56 perguntas (61% fechadas e 39% abertas) foi aplicado a 59 pessoas (56% homens e 44% mulheres) de distintas ida- des (85% adultos e 15% jovens) entre fevereiro/2011 e janeiro/2012. Para o estudo das interações e da di - eta dos macacos utilizou-se o método de todas as ocorrências e varreduras instantâneas com 3 min de amostragem e 10 min de intervalo. Os animais foram acompanhados durante três dias mensais, das 07:00 às 17:00 h, entre janeiro e março/2012 (90 h de observação direta). Para a maioria dos entrevistados, a tranquilidade (56%), o bosque (24%) e os macacos (20%) são os atrativos mais interessantes do bairro. Consideram o bosque importante (80%) pelos serviços naturais prestados (59%), pelo lazer (21%) e pela presença dos macacos (18%). A maioria gosta dos macacos (81%) por serem divertidos (35%), bonitos (25%), semelhantes aos humanos (19%) e parte da natureza (14%). Grande parte diz que eles consomem frutas e cultivos (95%) e alimentos processados (38%). A maioria comenta que os macacos não têm co - mida suficiente no bosque (81%) e já forneceram alimentos para eles (90%). Os entrevistados simpatizam com visitantes no local (76%) e sugerem que a prefeitura limpe e proíba o lixo (56%), e alimente ou cuide dos macacos (30%). Em relação às interações observou-se 122 pessoas em 63 eventos (média= 1,9$±$1,2 pessoas/evento). As interações foram frequentes (0,7 eventos/h) e ocorreram mais nos finais de semana (0, 93 eventos/h) do que nos demais dias (0,52 eventos/h) e foram principalmente afiliativas (91%) envol - vendo alimentação, chamados ou observações dos humanos. Quanto à dieta, foram 243 registros de ali - mentação em 540 varreduras. Macacos-prego consumiram principalmente alimentos antrópicos (68%), sobretudo aqueles intencionalmente fornecidos (72,7%), oriundos de plantações (20,6%) e em descartes ou lixo (6,7%) (n=165). Alimentos do bosque foram consumidos em menor quantidade (32%), desta- cando-se os frutos (66,7%), invertebrados (18%), vertebrados (9%), folhas (3,9%) e flores (2,6%) (n=78). Macacos-prego parecem dependentes da alimentação antrópica e dos cuidados das pessoas. Estas parecem cativadas com os animais e motivadas a cuidá-los. A presença e contato com os macacos, que podem ser - vir como espelhos e instrumentos do mundo natural, parece contribuir para o bem estar espiritual huma - no. Embora sejam aptas a viver independentemente na natureza, ambas as espécies adquiriram vantagens quando associadas, o que sugere uma relação de protocooperação ao invés de comensalismo.

Descrição

Anais do I Encontro de Iniciação Científica e de Extensão da Unila - Sessão de Ciências Biológicas. Dia 05/06/12 - 08h00 às 12h00, Unila-Centro - Sala 14 - 3o Piso

Palavras-chave

Alto Rio Paraná, Conservação, Etnoprimatologia, Mata Atlântica, Primatas neotropicais, Biologia

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