Acolhimento e Integração de Crianças Refugiadas em Escolas Públicas da Região de Fronteira Trinacional: um Estudo de Caso
Abstract
Segundo dados da agência da ONU (Organização das Nações Unidas) para os
refugiados, o ACNUR, a crise humanitária pela qual a Venezuela vem passando já
levou mais de 5,6 milhões de pessoas a deixar o país e buscar refúgio,
principalmente, nos países vizinhos. O Brasil se encontra no top 5 da lista dos
principais destinos – abaixo da Colômbia e do Peru que são os países que mais
recebem imigrantes venezuelanos/as – e o fluxo para cá vem aumentando
vertiginosamente desde 2018. Ao lado de haitianos/as e bolivianos/as, venezuelanos
e venezuelanas têm passado a ser a maior comunidade de imigrantes e refugiados
no Brasil e a maioria das pessoas que emigram de lá vem acompanhada de suas
famílias. Diante desta constatação, esse trabalho reflete sobre ações de
acolhimento, e a ausências delas, a crianças refugiadas através do estudo de caso
envolvendo uma família vinda da Venezuela cuja criança se encontra matriculada
em uma escola pública do município de Santa Terezinha de Itaipu-PR. Para a
construção dos dados dessa pesquisa, além do pai e das duas crianças
venezuelanas, entrevistamos as professoras, a diretora e a coordenadora de sua
escola; a representante da Secretaria Municipal de Educação de Santa Terezinha de
Itaipu e o chefe do Núcleo de Imigração (Numig) do escritório da Polícia Federal em
Foz do Iguaçu. Esse estudo se insere no campo das pesquisas qualitativas e
interpretativas e a análise dos dados foi feita à luz da bibliografia adequada.
Também foram utilizadas as ideias de Postmodern Emergence, de Somerville
(2007), de como a teoria passa a ser construída juntamente com os dados coletados
e construídos no processo de pesquisa. A pesquisa constatou a carência de políticas
de acolhimento a crianças refugiadas e migrantes de crise que dê enfoque a
educação intercultural (CANDAU, 2006) e ao acolhimento em línguas (BIZON;
CAMARGO, 2018). Reforçamos nossa perspectiva de que o acolhimento tem que
ser feito sem apagar as subjetividades, inclusive linguísticas, e de forma bilateral
entre os sujeitos migrantes e a comunidade receptora