Análise dos Efeitos Tóxicos do Extrato da Hidrólise Ácida da Agave Sisalana Perrine (Ehaas), em Linhagens Celulares de Melanoma Metastático
Abstract
O câncer é uma doenças que mais afetam a população mundial, sendo o câncer de
pele um dos mais frequentes, com mais de 80.000 novos casos por ano. O subtipo
melanoma é o mais letal com taxa de mortalidade até 75% e dentre fatores genéticos
e ambientais que influenciam o seu desenvolvimento, o mais relevante a exposição à
radiação ultravioleta (UV). Os tratamentos disponíveis para o melanoma metastático
apresentam taxa de resposta inferiores a 15%, e severos efeitos colaterais. A
prospecção de novas substâncias terapêuticas tem sido cada vez mais necessária e
os fitoterápicos despontam como potenciais adjuvantes em terapias oncogênicas.
Nesse sentido, avaliamos os efeitos tóxicos do extrato da hidrólise ácida da espécie
vegetal Agave sisalana Perrine (EHAAS), rico em saponinas, e da ciclofosfamida (CP)
em células de melanoma metastático (A2058 e SK-MEL-5) e em células controle, de
fibroblasto normal de pulmão (MRC5). Nossos resultados demonstraram que o
background genético distinto entre as linhas de melanoma metastático, influenciam no
perfil de respostas citotóxicas. Para tumores com o perfil mutacional da linhagem
A2058, o EHAAS sobre concentrações menores que 50 µg/mL induzem a apoptose,
frente a uma viabilidade de 80% das células controle. O potencial genotóxico também
foi mais evidente em células de melanoma (A2058) quando comparadas as células
controles (MRC5). Para tumores com o perfil mutacional da linhagem SK-MEL-5, a
ciclofosfamida demonstrou um maior potencial citotóxico, enquanto o EHAAS
desencadeia um processo necroapoptótico. Sugerimos que as vias de morte induzidas
por EHAAS, na linhagem SK-MEL-5 possam estar intimamente ligadas a expressão
de RIP1 e nfK-β. O tratamento com EHAAS na concentração de 100 µg/mL promoveu
uma expressiva atividade citotóxica, porém com níveis de ROS estatisticamente
semelhantes ao controle, reforçando atividade antioxidante do extrato. Estes
resultados sugerem que o EHAAS poderia atuar como adjuvante no combate ao
estresse oxidativo, intrinsecamente relacionada ao câncer. Esses dados reforçam
ainda mais o papel da heterogeneidade neoplásicas de diferentes respostas
terapêuticas observadas nos pacientes.