dc.description.abstract | Ao passo que, no Brasil, o feminicídio das mulheres não negras diminuiu 7,4% entre
2005 e 2015, o feminicídio das mulheres negras aumentou 22% no mesmo período de tempo.
Essa discrepância apontada pelo Atlas da Violência de 2017 possui raízes históricas. Não se tem o
número exato de pessoas escravizadas vindas da África chegaram ao Brasil durante o período
Colonial. Sabe-se que entre homens, mulheres e crianças todos viviam em condições subumanas
de moradia, alimentação e trabalho. Durante este período as mulheres eram obrigadas a produzir
tanto quanto os homens, porém a elas eram destinados castigos que só às mulheres cabiam, além
de inúmeras vezes serem exploradas sexualmente. Logo percebe-se que a mulher negra sempre
sofreu por sua condição de gênero e raça, uma dupla opressão. Com a abolição da escravatura
sem nenhuma política de inserção social para os libertos, estas pessoas foram lançadas à
sociedade e passaram a ocupar os locais menos prestigiados e mais marginalizados, formando
assim a classe socioeconômica mais baixa. Essa situação perpetuou e fortaleceu o racismo que
havia legitimado o período escravocrata. Fazendo parte do corpo de pessoas mais pobres,
marginalizadas por serem negras e sendo oprimidas por seu gênero, as mulheres negras foram e
são historicamente negligenciadas. Apagadas como agentes históricas (salvo por sua condição de
escravizadas) e invisibilizadas, a sociedade menospreza o massacre diário de mulheres negras. À
insistente não há proteção | pt_BR |