LC - Dissertação

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    Volver a ser uno: Contra el tiempo de la catástrofe.
    (2023) Schwaab, Dino Brian
    O trabalho que segue parte da necessidade de fazer o próprio processo de investigação um problema. Com A queda do céu. Palavras de um xamã yanomami (2015), de Davi Kopenawa e Bruce Albert, como principal aliado — mas não único —, tenta-se ver como vemos, e como o que aqui chamamos, para esquematizar, lógica onírica, pode repercutir em nossos próprios modos de elaborar pensamento, como trazer esse outro lado que é o sonhar xamânico, a este lado no qual nós pensamos? A catástrofe, longe de ser uma ameaça iminente, já começou, estamos em seu tempo, e a lógica binária –que separa cultura e natureza, nós e mundo, sujeito e objeto, pensamento e corpo, eu e outro, etc.– é a condição sob a qual propaga-se. A partir daqui, torna-se necessário pensar como pensamos, porque esta separação, longe de ser uma obviedade, é o efeito de uma vinculação com o tempo que coloca seu sentido fora dele, num "além". Se é porque "não sabem sonhar que os brancos destroem a floresta", segundo fala o xamã, é porque, separados do vivo, só vemos nela um meio para um fim. Essa percepção que se separa do mundo no qual se tece, sendo herança de uma longa tradição ocidental, hoje se dá sob o modo de produção capitalista, no qual "tempo é dinheiro". É este modo de estar na Terra sem perceber-se parte dela que hoje, sob o comando do capital, encontra limitações em todo tempo e lugar, fazendo eclodir a guerra em todo lado, dentro e fora, aqui e ali. O que esta separação implica e o modo em que o xamanismo yanomami pode nos ajudar a sair dela, é o que aqui se tenta pensar. Da mesma forma, adotamos o gênero ensaio para elaboração do texto, pois este gênero permite fazer da forma e do tempo da escrita um problema em si mesmo da pesquisa acadêmica.
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    Vozes insurgentes: escrevivência e luta antirracista em Carolina Maria de Jesus e Conceição Evaristo.
    (2023) Palomo, Débora Nunes
    As obras literárias Quarto de Despejo (1960), de Carolina de Jesus, e Becos da Memória (2006), de Conceição Evaristo, são os objetos de estudo desta pesquisa, que busca compreender o papel da decolonialidade e sua relevância na sociedade contemporânea. O objetivo é analisar se o movimento de escrita/vivência, sob uma perspectiva decolonial, desempenha um papel importante na luta antirracista e na (des)construção do imaginário social em relação à identidade da mulher negra. Para embasar teoricamente o estudo, serão considerados autores como Aníbal Quijano (2005) e Maria Lugones (2020), bem como de outros pesquisadores latino-americanos que pensam criticamente o processo de modernidade/colonialidade/decolonialidade. Além disso, serão exploradas as reflexões de Conceição Evaristo (2005, 2019, 2020) acerca do conceito de (Escre)vivência, bem como reflexões de Lélia González (2020), Patrícia Hill Collins (2015, 2016), bell hooks (2020), Djamila Ribeiro (2017) e outras intelectuais negras, a fim de obter uma compreensão ampla da condição social das mulheres negras através de representações literárias e de autoras que falam/criam suas narrativas tomando em conta suas vivências, as quais estão conectadas às intersecções de raça, gênero e classe.
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    Presença de Antônio Lopes: trajetória de um polígrafo no meio do folclore maranhense
    (2023) Barros, Luis Fernando Nascimento
    Este trabalho aborda a trajetória intelectual de Antônio Lopes (1891-1950), intelectual maranhense, que foi ativo nos campos do Direito, da Literatura, do Jornalismo, da História, da Geografia e da Etnografia, com ênfase na sua atuação com temáticas relacionadas ao folclore, à cultura popular do seu Estado natal e do patrimônio histórico e arquitetônico. A pesquisa destaca a originalidade de alguns dos resultados e dos produtos da sua intensa e multifacetada atividade intelectual.
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    Uma trajetória de horror na classe média: conflito de classes em trabalhar cansa (2011) e o animal cordial (2017)
    (2023) Germano, Pedro da Cunha
    As transformações políticas e sociais no Brasil durante os últimos dez anos produziram certos efeitos de natureza narrativa no cenário de produção cinematográfica de horror. O cinema de medo brasileiro passou por um significativo aumento e com isso um diálogo muito próximo à realidade política tomou forma em muitas das narrativas do gênero. Trabalhar Cansa (2011) e O Animal Cordial (2017) são dois enredos que representam uma psique da classe média urbana brasileira em dois momentos diferentes da década. Compreender a trajetória de receio e ódio dos protagonistas de ambas as narrativas acaba por traçar um paralelo às mudanças no cenário político do Brasil.
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    Paisagens pseudo-sertanejas e ecumenismo em “O Recado do Morro”, de João Guimarães Rosa
    (2023) Leal, Juliana Aparecida
    Este estudo propõe-se a perscrutar O recado do morro (1956), de João Guimarães Rosa (1908-1967), no que se refere à convergência recíproca entre concepção/percepção de paisagens, linguagem poética e religiosidades. A pesquisa parte da representação verbal da geografia concreta em busca de um imaginário simbólico, consubstanciado pela palavra demiúrgica. Portanto, como ponto de partida, perfazemos uma revisão bibliográfica em torno do conceito de paisagem, em sua condição de representação imaginária e idiossincrática, que deverá nos permitir analisar certos elementos apresentados no conto com base em uma perspectiva religiosa ou, com mais propriedade, espiritual. Tal viés decorre de uma hipótese de trabalho em que a narrativa apresentaria o sertão não apenas como referência geográfica externa, mas também como um espaço interior e simbólico. Buscamos dar forma a outras possíveis perspectivas de leitura inédita para essa narrativa. Para tanto, partimos de uma declaração de Guimarães Rosa, tal como citada por Haroldo de Campos (2006), em que o romancista assim afirma: “as pessoas dizem que só estou pintando uma cena do interior de Minas e estou é fazendo uma espécie de omelete ecumênico”. Nesse sentido, buscamos identificar passagens textuais e paisagens culturais articuladas em torno da religiosidade, tal como a crítica literária vem analisando desde os estudos pioneiros de Araújo (1996) e Utéza (1994), passando pelos recentes estudos de Marinho (2001, 2003, 2008, 2012), Castro e Marinho (2021); Castro, Marinho e Maciel (2022); Maciel e Marinho (2021); Marinho e Maciel (2021); Marinho e Silva (2019, 2020); Marinho e Oliveira (2021); Souza, Marinho e Maciel (2022). Com esteio em minuciosa análise dos campos lexicais que emergem da obra de Rosa, o presente estudo prospecta essa obra literária para além da categoria de “regionalismo”, com ênfase na universalidade anunciada por Antônio Cândido (2002).
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    Am I Latina/Nordestina Enough?: Representações Identitárias pelas Poetas Melissa Lozada-Oliva e Bell Puã
    (2023) Araujo, Laura Emilia
    Esta dissertação por meio dos estudos da performance e da colonialidade, procura propor uma análise da experiência feminina latina e latino-americana por meio de vídeo-performances em competições de poesia falada, Slam, e reflexões pessoais. Para tanto, foi selecionado como corpus seis video-performances de duas poetas, uma delas descendente de imigrantes latino-americanos nos Estados Unidos (Melissa Lozada-Oliva) e a segunda uma mulher negra pernambucana (Bell Puã). Elas se conectam por essa rubrica do slam e de seus poemas sobre si, também pelo processo de marginalização de suas identidades e corpos empreendido pela colonialidade. Como os negativos desta dissertação-retrato, apresento minha relação com as autoras e seus trabalhos, um relato de experiência de uma sequência didática de uma aula de português para estrangeiros analisando poemas de Bell Puã, além de uma reflexão sobre o fazer tradutório de quatro poemas de Melissa Lozada-Oliva. A discussão é empreendida com base em autores como Durval Muniz Albuquerque Junior (1999), Diana Taylor (2016), Ruth Behar (1993), Ellen Jones (2022), entre outros. A dissertação se atenta à elaboração de interpretações, teorizações e críticas por meio da performance, conferindo centralidade aos temas: identidade, linguagem e gênero.
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    Aportes del Cine Documental Contemporáneo en la Reconstrucción de La Memoria sobre la Dictadura Uruguaya
    (2022) Amaro Carbone, Carla
    El presente trabajo pretende comprender las formas en que el cine documental contemporáneo ha reconstruido la memoria sobre los sucesos de la última dictadura cívico-militar uruguaya, comprendida entre 1973 y 1985. Las medidas políticas que fueron aplicadas a partir de 1985 en la transición hacia la democracia generaron un silenciamiento sobre el tema, no siendo mayormente tratado en ámbitos públicos, lo cual repercutió en la producción cinematográfica, sobre todo de documentales. A partir de 2005, con las decisiones de un gobierno comprometido en formular políticas públicas de memoria sobre la dictadura, se genera un notable incremento en la producción de documentales sobre la problemática. Esta investigación se centra en tres documentales realizados en el periodo que se inicia en 2005: Secretos de lucha (2007), de Maiana Bidegain; Es esa foto (2008), de Álvaro Peralta Techera, y El círculo (2008) de Pedro Charlo y Aldo Garay, películas que abordan el exilio, la prisión y la ausencia a través del testimonio de quienes lo vivieron, lo que contribuye de manera decisiva a la construcción de la memoria colectiva.
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    Resistência e Protagonismo Indígena em Metade Cara, Metade Máscara, de Eliane Potiguara
    (2023) Trento, Bruna Maria; Matias, Felipe dos Santos
    A presente dissertação de mestrado realiza uma análise da obra Metade cara, metade máscara (2004), da escritora Eliane Potiguara, a partir das ideias de resistência e protagonismo indígena na produção literária. Neste livro, a autora traz uma discussão em que problematiza a invasão europeia e as diversas formas de violência colonial sobre os povos originários do subcontinente latinoamericano. Mesclando testemunho, autobiografia, romance e poesia, Eliane Potiguara desenvolve em Metade cara, metade máscara uma narrativa híbrida, na qual se observa uma voz autoral, que ao mesmo tempo em que expõe uma série de relatos autobiográficos e reflexões socio-históricas acerca das populações tradicionais, conta as peripécias do casal de personagens indígenas Cunhataí e Jurupiranga, que, separados pelo colonizador, viajam ao longo do tempo e espaço, testemunham as atrocidades colonialistas e lutam para se reencontrar e para libertar os povos indígenas da opressão e marginalização social. O estudo é desenvolvido em diálogo com os aportes teórico-críticos de Graça Graúna, Julie Dorrico Peres, Daniel Munduruku, Olívio Jekupé, entre outros.
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    Mar Paraguayo: o 'Trans' como Chão de uma Poética, uma Leitura em Ciranda
    (2023) Aires, Ana Gabriella Melo Ribeiro
    Muitos questionamentos já foram apontados e tantos outros surgem a partir da aproximação à obra Mar Paraguayo (1992), de Wilson Bueno, mas são dois os que orientam a escrita desta pesquisa: como ler Mar Paraguayo hoje, justo após trinta anos desde a sua primeira publicação? Como dialogar com essa obra a partir de onde se lê? Desse modo, sem preconizar respostas, mas de maneira propositiva, entendemos a necessidade de discutir Mar Paraguayo enquanto construção de uma narrativa trans: narrativa que está ‘para além’ de limites desde o corpo trans da marafona do balneário de Guaratuba, nossa narradora e única voz da narrativa, também persona-personagem. Nesse sentido, notando a potência do ‘trans’ como chave de leitura à narrativa, a partir da narrativa marafa vamos refletir sobre categorias como, por exemplo, língua ou translíngua (MIRANDA, 2019); linguagem, ritmo, imagem (PAZ, 2012); linguagem performática, tempo (MARTINS, 2021); memória (ASSMANN, 2011); comunidade (ANDERSON, 2008; NANCY, 2006) em perspectiva com as multidões kuir (PRECIADO, 2019) e com a relação por extensão (GLISSANT, 2021). Ainda, vamos considerar as redes (JASINSKI, 2017; BRAVO, 2011) que foram e continuam sendo articuladas e de que fazem parte Mar Paraguayo em suas reverberações e Wilson Bueno em sua presença na máquina performática (AGUILAR; CÁMARA, 2017) enquanto autor-crítico-editor a projetar-se sempre além-fronteiras. Ademais, além de toda a discussão, o presente trabalho conta com quatro entrevistas feitas em campo com autores partícipes das redes que tanto Mar Paraguayo quanto Wilson Bueno também fazem parte, a saber: Jorge Kanese, Douglas Diegues, Jussara Salazar, Ricardo Corona. Dessa maneira, buscamos realizar uma leitura em ciranda de Mar Paraguayo na medida em que compreendemos a importância de ressaltar de onde parte nossa leitura e que a contemporaneidade da obra também solicita modos de leitura contemporâneos.
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    Entre a Poesia e o Teatro de Animação: (Des)Educação do Sensível e Criação Artística na Obra o Livro das Ignorãças (1993), de Manoel de Barros
    (2023) Ferreira, Leonardo Pontes
    Esta dissertação registra o processo teórico-prático de uma pesquisa que se situa num campo de discussões entre a poesia, a filosofia e o teatro de animação. Para tanto, estabelecemos como objeto desta análise O livro das ignorãças (1993), do poeta mato-grossense Manoel de Barros (1916 – 2014). No percurso, procuramos mesclar referências, fontes, textos e corpos no intento de refletir sobre a criação artística, poética e teatral, a partir de uma leitura “expandida”, atenta para as maneiras como a escrita de Barros pode repercutir na imagem e no corpo em acontecimento. Interagimos com o texto poético buscando pelos desdobramentos possíveis com a arte teatral, portanto, nos incluímos como atores de um processo criativo e reflexivo com a palavra barrosiana. Mesmo assim, realizamos um exercício de olhar para a obra em busca das ações, dos gestos e das imagens que evidenciam os deslimites da imaginação poética e os descaminhos possíveis da criação literária. Nosso estudo se abre a territórios da investigação cênica, que não se desprende do próprio exercício de análise e crítica literária. Por não se desprender, acreditamos que a experimentação cênica com bonecos, objetos e formas animadas pode ser um caminho para acessar e ler a poesia de Barros. Assim nos perguntamos: de que maneira é possível articular os conceitos oriundos do teatro de animação numa análise da poética de Manoel de Barros? Haveria elementos teatrais latentes na poesia de Manoel de Barros? Seria possível pensar em uma “poesia cênica”?
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    A Mulher Negra como Força das Transformações Sociais: Correlações entre Água de Barrela e Até o Fim
    (2023) Frias, Lara Fratucci
    Arte é reconhecimento, principalmente quando expressa e reflete sobre a população, seus costumes, memórias e vivências. A presente pesquisa propõe um estudo do romance histórico Água de Barrela (2018), de Eliana Alves Cruz, e o filme Até o Fim (2020) de Glenda Nicácio e Ary Rosa. O objetivo geral da investigação é analisar alguns aspectos das representações, literária e cinematográfica, sobre as transformações sociais empreendidas por mulheres negras ao longo da história brasileira. Para isso, busca-se compreender algumas questões referentes às violências sistêmicas no processo de formação estrutural, social e cultural do Brasil, particularmente perpetradas sobre a população negra de espectro feminino e como as duas obras abordam o tema, ética, estética e politicamente. A análise das obras se apoia nos estudos interseccionais, com o apoio teórico comparatista, a fim de compreender as imbricações entre memória, violência e resistência na formação nacional e suas ressignificações a partir do fazer artístico. Por meio desse olhar sobre a representação artística da força feminina, esperamos ajudar a construir formas para melhor entender o passado-presente patriarcal-escravista brasileiro, em direção a um futuro mais justo e igualitário.
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    Atravessamentos Fronteiriços, Linguísticos e Poéticos em Fabián Severo & Raquel Valle Sentíes
    (2023) Martins dos Santos, Ana Carolina
    Esta pesquisa, situada no âmbito da Literatura Comparada, tem como tema a escrita literária transfronteiriça e translíngue. Para conduzir a discussão, inicialmente, são propostas algumas diferenciações entre certos conceitos sobre fronteira, bem como a exploração das zonas fronteiriças abordadas neste trabalho, através de tópicos como nação, sujeito, diáspora, entre outros. Em um segundo momento, recorre-se ao aporte teórico referente às práticas linguísticas decorrentes desses espaços, nomeados aqui como “portuñol” e “spanglish”, do mesmo modo que se produz objetos a partir de diferentes trânsitos literários. Posteriormente, discute-se sobre as noções de memória e língua com base nas suas íntimas relações entre infância e território. Buscando contemplar os objetivos deste estudo, tomou-se para análise poemas das seguintes publicações: Noite nu Norte: Poemas en Portuñol (2010), de Fabián Severo e The Ones Santa Anna Sold (2014), de Raquel Valle Sentíes. Ambos os livros versam sobre a vida de sujeitos fronteiriços, localizados em espaços geográficos diferentes, mas que para além de aspectos territoriais, dialogam muito entre si poeticamente. Por um lado, a fronteira uruguaio-brasileira, em Noite nu Norte e, por outro, a mexicana estadunidense, na obra de Sentíes. Nesse sentido, pensar a contemporaneidade da literatura latino-americana requer uma reflexão sobre os muitos deslocamentos culturais que marcaram/marcam o nosso contexto histórico como latino-americanos e o lugar da escrita nessa experiência. Por essa razão, desde o princípio desta investigação as obras são examinadas, visando propor diversas relações com as temáticas abordadas, por meio da compreensão de como o atravessamento da fronteira está diretamente relacionado com os modos de identificação de sujeitos transfronteiriços e como essa vivência se manifesta na literatura.
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    Edíria Carneiro(1918-2011): Trajetória de uma Artista Plástica Comunista
    (2022) Albarello Paloschi, Silvia Beatriz
    Este trabalho apresenta a trajetória de Edíria Carneiro (1918-2011), uma artista plástica baiana, que desde jovem militou no Partido Comunista do Brasil. Embora Edíria seja lembrada como artista e militante política em alguns sítios web dedicados à arte ou ao Partido Comunista nos seus últimos anos de vida, a hegemonia não permitiu, até hoje, que Edíria fosse visibilizada totalmente no espaço brasileiro das artes (ainda controlado pela academia com tendência europeia e falocêntrica). O método é qualitativo com emprego de uma pesquisa documental e outra de campo, com entrevistas (a distância) ao filho de Edíria, João Carlos Amazonas. Obtiveram-se valiosos dados que permitiram descobrir e valorizar a vida pessoal, artística e militante desta artista, conseguindo apresentar suas pinturas e gravuras que denunciam, através da linguagem visual, as diferenças sociais do Brasil e o sofrimento das classes trabalhadoras. Conclui-se que o esquecimento proposital de Edíria é a forma que a classe hegemônica brasileira mantém para invisibilizar e/ou diminuir o valor artístico dela que, como muitas outras, são “apagadas” da história do Brasil por não pertencerem ao círculo restrito da indústria cultural, e também por ser do gênero feminino.
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    Mediação de Leitura Literária em Uso: Conceito e Prática
    (2022) Dias de Farias, Lais; Orientação
    Este trabalho tem como tema a mediação de leitura literária. A mediação de leitura literária é uma prática que se preocupa em incentivar a leitura de literatura. De acordo com Almeida Júnior e Bortolin, pesquisadores estão há anos buscando conceitos de mediação de leitura (2007), mas os trabalhos sobre o tema costumam se preocupar com a definição do trabalho do mediador, nem tanto com a definição do conceito que define o profissional em questão. A dificuldade em conceituar um termo relacionado à mediação não é algo exclusivo da mediação de leitura, também está presente na discussão sobre a mediação de outras artes e produtos culturais. Em vista disso, são necessárias pesquisas que investiguem a mediação como um conceito. Este trabalho é um esforço exploratório sobre mediação de leitura literária feito com a intenção de auxiliar na compreensão do conceito e propiciar maior reflexão sobre seu uso. Dessa forma, questiona-se: como a noção de mediação de leitura literária é compreendida pelos autores que são referência no tema? Para responder a questão é necessário investigar as bases teóricas da mediação enquanto conceito aplicado em diversas áreas (DAVALLON, 2007; PERROTTI, 2014; 2015; 2019; OROZCO GÓMEZ, 1991; 1993; 1997; 2000; COUTINHO, 2009; HONORATO, 2007; 2011; 2013; 2015); examinar se a teoria da estética da recepção pode fundamentar a historicidade da concepção de mediação de leitura literária (JAUSS, 1994; ZAPPONE, 2004; ZILBERMAN, 1999; 2008); examinar a leitura (CHARTIER, 1998; 2011), a conversa literária (CHAMBERS, 2007; 2017) e comparar perspectivas sobre a mediação de leitura literária (PETIT, 2001, 2008; HIRSCH MAN, 2011; CHAMBERS, 2007; 2017) e, por fim, observar e analisar com base na teoria como clubes de leitura não formais podem ser espaços de mediação de leitura literária (SOUZA, 2018). O estudo aponta que a mediação de leitura literária, mais do que uma prática de iniciação ao ato da leitura, quando baseada no interesse em proporcionar o diálogo e a interação social, pode promover um espaço de aprendizado e de aprimoramento das habilidades de leitura, de comunicação e de reflexão mesmo de leitores experientes. A mediação também fomenta o contato entre leitores que podem ter percepções e perspectivas que são novas para os demais, o que contribui para a ampliação do significado das obras e do sentido da própria prática de leitura literária. Além disso, a mediação de leitura literária facilitaria a comunicação entre sujeitos e grupos sociais por organizar a leitura e a conversa ao redor de textos de linguagem poética que tem o potencial de desarmar a percepção e o discurso dos leitores. Portanto, a mediação de leitura literária potencializa os impactos da leitura literária ao ampliar as suas possibilidades graças ao aprendizado e produção de significados coletivos que proporciona.
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    Mulheres empilhadas (2019) e Temporada de furacões (2017): expressões da violência de gênero em narrativas contemporâneas
    (2023) Souza, Viviani Busko; Orientação
    A presente pesquisa objetiva compreender comparativamente as relações entre as figurações da violência e as composições utilizadas para representar os contextos e as questões de gênero discutidas contemporaneamente na América Latina. Para tanto, a análise pretendida possui como objeto as produções de duas autoras, Fernanda Melchor e Patrícia Melo. Considerando a estrutura violenta e patriarcal das sociedades latino-americanas, as obras escolhidas, Temporada de furacões (2017) e Mulheres Empilhadas (2019), possibilitam a compreensão e contemplação da capacidade humana de transformar em arte as circunstâncias mais dilacerantes, cumprindo algumas das funções da literatura, como a representação, crítica e denúncia da realidade. Para tal fim, a análise, dividida em três capítulos, está apoiada nas conexões propostas por Jaime Ginzburg (2013) sobre literatura e violência, nas dimensões e mecanismos da violência identificados por Marilena Chauí (2017), nos alertas de Slavoj Žižek (2014) sobre a violência invisível, além de outros pesquisadores de literatura, violência e cultura. Em relação às questões de gênero, os escritos de Heleieth Saffioti (1995), Rita Laura Segato (2016), Pierre Bourdieu (1998) e Marcela Lagarde (1996), foram a base para a comparação, visto que tratam de temas centrais nas obras literárias de Melo e Melchor, como a dominação masculina, a violência de gênero, aborto, feminicídio e estupro.
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    Enterre seus Mortos Bajo este Sol Tremendo — Violência contra os Corpos nas Narrativas de Ana Paula Maia e de Carlos Busqued
    (2022) Kiill, Diego
    O presente trabalho tem como objetivo compreender de um modo comparativista as representações da violência, principalmente as que atingem corpos humanos e animais, em produções literárias latino-americanas. Dessa forma, realizamos reflexões sobre o romance Enterre seus mortos (2018), da escritora brasileira Ana Paula Maia, que traz a recorrente personagem Edgar Wilson, um removedor de animais mortos em estradas e que, em dado momento, encontra dois corpos humanos, uma mulher e um homem. Diante da crise financeira que atinge o setor de transporte da polícia, o mesmo torna-se responsável pelo destino dos corpos. Para a comparação, escolhemos Bajo este sol tremendo (2009), do argentino Carlos Busqued, protagonizada por Cetarti, um homem desempregado, que fica responsável por reconhecer os corpos da mãe e do meio-irmão em outra cidade, recebendo a ajuda de Duarte, um ex-policial corrupto, que ganha a vida produzindo filme pornográfico e sequestrando pessoas. A partir da leitura das obras, observa-se a violência que atinge humanos e animais, tanto os vivos quanto os mortos; além da coisificação do ser humano e o abandono dos corpos. A dissertação está dividida em quatro capítulos, o primeiro uma reflexão geral sobre os aportes utilizados; no segundo e terceiro tece uma análise das figurações da violência nas duas obras estudadas; e no último capítulo, concentra-se o estudo comparado dos romances. Como principais aportes teóricos serão utilizadas as considerações de Jaime Ginzburg (2013), Karl Erik Schøllhammer (2014), Slavoj Žižek (2014), Judith Butler (2019) e Gabriel Giorgi (2014).
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    Atos Artísticos do Real: Biodrama, Remake e Performance Autobiográfica de Vivi Tellas, Lola Arias e Janaína Leite
    (2022) Magueta, Evelyn Fernanda
    O teatro como representação da vida e dos processos de resistência inspirou, na Argentina, artistas e diretoras teatrais como Vivi Tellas e Lola Arias, e no Brasil, Janaína Leite, a trazerem para o palco biografias de pessoas vivas que, com suas performances, promovem aos espectadores, reflexões críticas, a fim de que novas sociedades possam surgir com mais igualdade e menos injustiça, fomentando um modelo de teatro que produz memórias sociais atravessadas por contextos políticos e históricos. Os marcos teóricos que conduzem a presente investigação são as teorias de Michael Foucault (1984), acerca da constituição do sujeito para compreender a construção das biografias de pessoas vivas; Diane Klinger (2006) e a escrita de si como fundamento para a autobiografia e criação de arquivo próprio; Aleida Assmann (2011), para a abordagem sobre o acesso as memórias e a materialização da memória social. Ao estabelecer análises comparativas das autoras-diretoras, mencionaremos os seus processos na esfera do “teatro real”, ou “teatros do real”, conceito fundamentado, primeiramente, pela psicanalista e filósofa francesa Maryvonne Saison (1998). Ao final, busco conclusões do trabalho artístico, vindo das inspirações das diretoras, ao criarem vertentes do teatro do real influenciadas pelos ideais feministas, articulados por Margareth Rago, em diálogo com os discursos de Foucault. As considerações demonstram a compreensão dos teatros do real como procedimentos de afirmação da identidade – formas de ser e existir –, bem como o teatro como um espaço de liberdade de criação e construção de memória social de um povo.
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    A Faca do Pasmado e a Daga de Moreira: Representações Artefatuais na Literatura Oitocentista
    (2022) Costa Júnior, José Luciano da
    Neste trabalho realiza-se a comparação dos folhetins Juan Moreira (1879), do rio-platense Eduardo Gutiérrez (1851-1889) e O Cabeleira (1876), do cearense Franklin Távora (1842-1888), tendo como ponto de partida os artefatos textualmente representados nas duas obras. A estrutura do texto se divide em três ensaios que acenam para diferentes momentos da pesquisa. No primeiro deles, intitulado Da “arte da alma” à “arte das coisas”, busco demonstrar a partir de um breve panorama histórico como, do ponto de vista dos procedimentos de escrita literária – para os quais me valho como referencia do texto Narrar ou Descrever? De Georg Lukács – os objetos e as coisas nem sempre fizeram parte do gosto ou das necessidades de uma obra literária, sendo, a princípio, um aspecto secundário ou inexistente. Já no segundo, intitulado Redes textuais e apontamentos históricos desde a América del Sur – me embrenho nas obras de escritores oitocentistas da Argentina e do Brasil na intenção de identificar quais noções e valores circundam o universo semântico dos artefatos ficcionais nesse período. Verso assim, sobre a gauchesca de Bartolomé Hidalgo (1788 – 1822) e as ideias de Civilización y Barbarie disseminadas por Domingo Faustino Sarmiento (1811 – 1888); sobre a escrita “etnográfica” dos poemas de Gonçalves Dias (1823 – 1864) e a perspectiva “arqueológica” de Manuel Araújo Porto-Alegre (1806 – 1879), além de uma gama de ensaios, artigos e outras fontes textuais de origens diversas. Não somente, o capítulo culmina ainda nas biografias de Eduardo Gutiérrez e Franklin Távora evidenciando os métodos e preferencias que subsidiaram seus estilos literários. Por fim, no ensaio A faca do Pasmado e a daga de Moreira, faço um breve relato autobiográfico da pesquisa na tentativa de conduzir o texto a algumas reflexões acerca dos desdobramentos históricos e culturais dos folhetins Juan Moreira e O Cabeleira. Nesse sentido, as adaptações da novela argentina para o mimodrama, o teatro e o cinema; bem como as versões da novela brasileira migradas para a televisão e o universo HQ e os acervos dos Museus do Cangaço de Serra Talhada-PE e Piranhas-AL, são tomados como ponto de partida para explorar as permanências e rupturas do passado com a história recente. Assim, num jogo de idas e voltas entre as literaturas analisadas e as produções subsequentes, saliento o modo distinto como ambas ficções foram apropriadas pelas “narrativas oficiais”.
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    Tem que Ter Coragem para Ser Feliz: Gênero, Sexualidade e Violência em Dois Romances de Alexandre Vidal Porto
    (2022) Candido da Silva, Deni Iuri Soares
    Pensar em assumir uma identidade de gênero ou condição sexual, no processo de compreender-se como um sujeito não heteronormativo, pode ser extremamente desafiador, a depender do contexto em que tal identidade tenta se afirmar. Nesse processo de identificação pode haver até elementos de compensação, como o privilégio de classe social, por exemplo, mas, mesmo nessas circunstâncias, se assumir desviante de um suposto padrão é um ato de coragem e de embate frente a diversas formas de violência. Este é o caso em questão em duas representações literárias aqui estudadas, Cloro (2018) e Sergio Y. vai à América (2014), ambas do escritor Alexandre Vidal Porto. Tentando entender os processos literários que implicam tal representação, esta dissertação se constrói a partir de algumas questões dos estudos queer em Butler (2017) e Louro (2013), ambas renomadas estudiosas no que diz respeito ao gênero e sexualidade, assim como no texto de Ginzburg (2013) sobre a compreensão do amplo campo da violência. Há, neste estudo, também a presença de Bourdieu (2019), contribuindo com questões relacionadas à construção da masculinidade. Por meio deste caminho, se espera agregar uma contribuição aos estudos literários e de gênero, na busca de um mundo onde os corpos desviantes possam ser respeitados, entendidos e aceitos; de um mundo mais justo, onde tais corpos não precisem mais passar por constante violência, preconceito e discriminação.
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    Gênero, Raça e Desigualdade Social em Paulina Chiziane e Conceição Evaristo
    (2022) Malam Sambu Sanha, Satumata; Matias, Felipe dos Santos
    A presente dissertação de mestrado pretende analisar a representação literária relacionada às lutas contra as desigualdades racial, social e de gênero nas obras Niketche: uma história de poligamia (2002), da escritora moçambicana Paulina Chiziane, e Becos da memória (2006), da brasileira Conceição Evaristo. No primeiro romance, a autora traz uma discussão em que problematiza a dominação masculina sobre a feminina no que se refere ao casamento na sociedade africana, em especial em Moçambique, e as contradições e hibridismos culturais. Nesta obra, Niketche, Chiziane desconstrói aquilo que chama de poligamia urbana, que é diferente da tradicional na sociedade moçambicana. Já no segundo romance, Becos da memória, Evaristo aborda o cenário brasileiro, debatendo as temáticas ligadas especialmente à população negra, numa perspectiva de racismo, gênero e condição social dos negros no Brasil de modo geral. A dissertação está dividida em dois capítulos. O primeiro aborda as questões interseccionais, dialogando com os aportes teórico-críticos de Kimberlé Crenshaw, Gayatri Spivak, Angela Davis, Lélia Gonzalez, entre outros. No segundo, realiza-se a análise dos romances Niketche: uma história de poligamia e Becos da memória, a partir da ótica relacionada à intersecção de gênero, raça e classe social.