A Linha de Cor é o Fio de Ouro: o Papel da Raça e da Escravidão na Formação do Sistema Internacional Moderno

Carregando...
Imagem de Miniatura

Data

2023

Autores

Santos, Erica Paula Vasconcelos dos

Título da Revista

ISSN da Revista

Título de Volume

Editor

Resumo

O objetivo central do artigo é de denotar o papel da raça e da escravidão na formação do sistema internacional moderno partindo do conceito teórico da linha de cor. Para isso, analisa-se o imperialismo europeu como elemento principal na perpetuação de hierarquização e dominação em dimensões materiais e estruturais. Nesse sentido, o argumento do artigo é de que a raça e o sistema escravocrata foram primordiais no desenvolvimento do capitalismo industrial e na formação do novo sistema de poder. De modo a desenvolver o seu argumento, o artigo está estruturado em três seções. A primeira seção irá delinear sobre o imperialismo europeu para a formação do sistema internacional moderno. A segunda seção irá discorrer sobre a raça enquanto elemento de poder e a escravidão enquanto sistema econômico industrial. A terceira aponta o legado teórico e político do conceito de Web Du Bois da linha de cor, para repensar a raça e seus desdobramentos na estrutura internacional da modernidade. As perspectivas presente neste trabalho contribui com o debate de que o processo gerados pela raça e a escravidão devem ser analisados de forma multidimensional, demonstrando a viabilização de outros horizontes emancipatórios e includentes e não hierarquizadas. The main objective of the article is to denote the role of race and slavery in the formation of the modern international system, starting from the theoretical concept of the color line. For this, European imperialism is analyzed as the main element in the perpetuation of hierarchization and domination in material and structural dimensions. In this sense, the argument of the article is that race and the slave system were primordial in the development of industrial capitalism and in the formation of the new system of power. In order to develop its argument, the article is structured in three sections. The first section will outline European imperialism for the formation of the modern international system. The second section will discuss race as an element of power and slavery as an industrial economic system. The third points to the theoretical and political legacy of Web Du Bois's concept of the color line, to rethink race and its consequences in the international structure of modernity. The perspectives present in this work contribute to the debate that the process generated by race and slavery must be analyzed in a multidimensional way, demonstrating the feasibility of other emancipatory and inclusive and non-hierarchical horizons. El objetivo principal del artículo es denotar el papel de la raza y la esclavitud en la formación del sistema internacional moderno, a partir del concepto teórico de la línea de color. Para ello, se analiza el imperialismo europeo como elemento principal en la perpetuación de la jerarquización y la dominación en dimensiones materiales y estructurales. En este sentido, el argumento del artículo es que la raza y el sistema esclavista fueron primordiales en el desarrollo del capitalismo industrial y en la formación del nuevo sistema de poder. Para desarrollar su argumentación, el artículo se estructura en tres apartados. La primera sección delineará el imperialismo europeo para la formación del sistema internacional moderno. La segunda sección discutirá la raza como elemento de poder y la esclavitud como sistema económico industrial. El tercero apunta al legado teórico y político del concepto de línea de color de Web Du Bois, para repensar la raza y sus consecuencias en la estructura internacional de la modernidad. Las perspectivas presentes en este trabajo contribuyen al debate de que el proceso generado por la raza y la esclavitud debe ser analizado de manera multidimensional, demostrando la viabilidad de otros horizontes emancipatorios e inclusivos y no jerárquicos.

Descrição

Artigo publicado como requisito para obtenção do título de especialista em Relações Internacionais Contemporâneas.

Palavras-chave

Sistema internacional moderno. Raça. Escravidão. Web Du Bois.

Citação

ACHARYA, Amitav. Race and racism in the founding of the modern world order. Constructing global order. International Affairs 98: 1, 2022. ANIEVAS, Alexander, MANCHANDA, Nivi, SHILLIAM, Robbie. Race and racism in international relations: confronting the global colour line. Routledge. Third Avenue, Nova York, 2015. APPIAH, Kwame Anthony. ‘Racisms’ in David Theo Goldberg (ed.) Anatomy of Racism. Minneapolis: University of Minnesota Press, 1990, 3–18. BULL, Hedley; WATSON, Adam. The Expansion of International Society. Oxford: Oxford University Press, 2002. BHAMBRA, Gurminder K, BOUKA, Yolande, PERSAUD, Randolph, RUTAZIBWA, Olivia, THAKUR, Vinnet, BELL Duncan, SMITH, Karen HAASTRUP, Toni, ADEM, Seifudein. Why Is Mainstream International Relations Blind to Racism? Ignoring the central role of race and colonialism in world affairs precludes an accurate understanding of the modern state system. Disponível em: https://foreignpolicy.com/2020/07/03/why-is-mainstream-international-relations-ir-blind-to-racism-colonialism/. Acesso em 14/jan/2023. BLANCO, Ramon.; DELGADO, Ana Carolina Teixeira.“Problematising the Ultimate Other of Modernity: the Crystallisation of Coloniality in International Politics”. Contexto Internacional, Rio de Janeiro, v. 41, n. 3, pág. 599-619, 2019. BARDER, Alexander D. Global Race War: international politics and racial hierarchy. New York, NY: Oxford University Press, 2021. BARROS, Maria Fernanda de. A dimensão da historização do sistema internacional moderno. São Paulo: Universidade Zumbi dos Palmares, vol.3, 2015. Disponível em: https://revista.zumbidospalmares.edu.br/index.php/edicoes-anteriores?layout=edit&id=81. Acesso em: 14/jan/2023 CHAKRABARTY, D. Provincializing Europe: Postcolonial Thought and Historical Difference. Princeton and Oxford: Princeton University Press, 2008. DERRIDA, Jacques. Torres de Babel. Belo Horizonte: UFMG, 2006. DU BOIS, W.E.B. As Almas da Gente Negra. Tradução de Heloisa Toller Gomes. Rio de Janeiro: Lacerda, 1999. DU BOIS, Web. Worlds of Color. Negócios Estrangeiros, 1925, vº 3, 44-423. DU BOIS, Web. Darkwater: Voices from Within the Veil. Em Sundquist, EJ (ed.) The Oxford WEB Du Bois Reader. Nova York, NY: Oxford University Press, 1996, 483–623 DIALLO, Mamadou Alpha. Paz e desenvolvimento na África do século XXI: um balanço do período pós-guerra fria. Faculdade de Direito e Relações Internacionais, Videre, Dourados, MS, ano 3, n. 5, p. 43-61, jan./jun. 2011 FOUCAULT, Michel. Nascimento da biopolítica. São Paulo: Martins Fontes, 2008. GOMES, Laurentino. Escravidão: Do primeiro leilão de cativos em Portugal à morte de Zumbi dos Palmares. Volume 1. Rio de Janeiro: Globo Livros, 2019. KEENE, Edward. Beyond The Anarchical Society: Grotius, colonialism and order in world politics. Cambridge: Cambridge University Press, 2002. KISSINGER, Henry A. Ordem mundial. Rio de Janeiro: Objetiva, 2015. GOLDBERG, David Theo. The Threat of Race: Reflections on Racial Neoliberalism. Malden, MA: Blackwell Publishing, 2009. JORDAN, Winthrop D. White over Black: American Attitudes toward the Negro, 1550–1812. Chapel Hill: University of North Carolina Press, 1968. JONES, Gruffydd Branwen. ‘Race in the ontology of international order’, Political Studies 56, 907–27, 2008. HESSE, Barnor. ‘Racialized modernity: an analytics of white mythologies’, Ethnic and Racial Studies 30(4), 643–63. 2007 HUNT, E. K. História do pensamento econômico. Rio de Janeiro: Ed. Campus, 1986. p. 218 a 242 LESSA, Luma Freitas. A problematização da diferença nas dimensões de raça, gênero e colonialidade como chave para pensar além do internacional. Rio de Janeiro: Hoplos, vol.2, 2018. MAIA, Suzana. Neoliberalismo global, capitalismo racial e organização política de mulheres numa comunidade pesqueira quilombola do Recôncavo da Bahia. Latin American: Research Review, 2021, pp. 371–384. MARX, K. O Capital - Livro I – crítica da economia política: O processo de produção do capital. Tradução Rubens Enderle. São Paulo: Boitempo, 2013. MILLS, Charles: The Racial Contract. Ithaca: Cornell University Press, 1997. MELAMED, Jodi. “Racial Capitalism.” Critical Ethnic Studies, 2015, (1): 76–85. OMI, Michael, WINANT, Howard. Racial Formation in the United States: From the 1960s to the 1990s. New York and London: Routledge, 1994. ONG, Aihwa: Neoliberalism as Exception: Mutations in Citizenship and Sovereignty. Durham, NC: Duke University Press. PEREIRA, Alexsandro Eugenio, BLANCO, Ramon. Teorias contemporâneas de relações internacionais. Curitiba: InterSaberes, 2021. QUIJANO, Aníbal. Colonialidade do poder, Eurocentrismo e América Latina. Conselho Latinoamericano de Ciencias Sociales: Buenos Aires, 2005, pág. 117-142. ROBINSON, Cedric J. Black Marxism: The Making of The Black Radical Tradition. London: Zed, 1983. SPIVAK, G. C. Pode o Subalterno Falar?. Belo Horizonte: UFMG, 2012. SANTOS, Boaventura de Souza. Epistemologies of the South: Justice Against Epistemicide. London: Routledge, 2016 SILVA, Karine de Souza. “Esse silêncio todo me atordoa”. A surdez e a cegueira seletivas para as dinâmicas raciais nas Relações Internacionais. RIL, Brasília a. 58, n. 229, p. 37-55, jan./mar. 2021. TAUBIRA, Christiane. L’esclavage raconté à ma fille. ed. rev. e ampl. L’Isle-d’Espagnac- France: Editions Philippe Rey, 2015. TOLEDO, Áureo. (org.). Perspectivas pós-coloniais e decoloniais em relações internacionais. In: YAMATO, Roberto Vilchez (org.): Pode a migrante falar? um exercício de rearranjar desejos, escavar o eu, e tornar delirante o outro em nós. F: EDUFBA, 2021. WATSON, Hilbourne.‘Theorizing the racialization of global politics and the Caribbean experience’, Alternatives 26(4), 449–83, 2001. WILLIAMS, Eric. Capitalismo e escravidão. Tradução Denise Bottmann. 1. ed. São Paulo: Companhia das Letras, 2012. ZVOBGO, Kelebogile, LOKEN, Meredith. Why Race Matters in International Relations: Western dominance and white privileges permeate the field. It 's time to change that. Jun., 2020. Disponível em: https://foreignpolicy.com/2020/06/19/why-race-matters-international-relations-ir/. Acesso em 14/jan/2023.