Museus da Memória e Paradigma da Segurança Nacional: expressões estéticas de uma ideologia nas ditaduras civil-militares do Cone Sul

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Data

2022

Autores

Fioravanzo, Fernanda Facchin

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Resumo

A segunda metade do Século XX foi marcada pelo aumento de tensões entre Estados Unidos e União das Repúblicas Socialistas Soviéticas em escala global. Especificamente na cena latino-americana, a possibilidade efetiva de perda de zonas de influência para o Bloco Oriental por conta dos desdobramentos da Revolução Cubana implicou que, em um arranjo eficaz e preciso, Estados Unidos assumisse a posição de Estado de contrainsurgência. A ideologização das Forças Armadas latino-americanas foi instrumento cardinal para a concretização de golpes de Estado que deflagraram a instauração de ditaduras civil-militares em toda a América Latina. Esta guisa de administração dos Estados-nação latino-americanos lançou mão de parâmetros da Doutrina de Segurança Nacional para a imposição de políticas autoritárias por toda a região. Nesta conjuntura, a manifestação de contrariedade aos regimes militares gerou assassinatos, desaparecimentos e prisões arbitrárias de cidadãos, abonando um legado de silenciamento e terror para as sociedades nas décadas subsequentes. Com a implementação de medidas que possibilitaram reaberturas políticas e processos de transição para as democracias, os graves crimes cometidos contra as populações passaram a ser detectados pelas sociedades latino-americanas. Neste cenário, as políticas de memória – tais como a consolidação de espaços museais – surgem como perspectiva para a visibilização do terror gerado ao longo dos regimes pela via da reconstrução da memória coletiva e da memória política, possibilitando a ressignificação das identidades latino-americanas. Para tanto, neste estudo, o Museu das Memórias: Ditadura e Direitos Humanos, no Paraguai; o Memorial da Resistência de São Paulo, no Brasil; e o Museu Sítio de Memória da Escola de Mecânica da Armada, na Argentina, foram apresentados por meio da exposição de imagens disponibilizadas nos sites oficiais destas organizações museais com intento de realização de uma reflexão acerca de suas minuciosidades. Destaca-se que estes três espaços abrigaram centros de detenção e tortura onde houve empreendimento de iniciativas previstas à Doutrina de Segurança Nacional deflagradas por meio de intervenções ostensivas, injungidas por agentes das forças militares e de segurança, sobre os corpos dos prisionizados. À luz de conceitos como Arqueologia da Repressão e da Resistência, culturas imateriais e materiais, estética, iconografia, memórias materiais, memorialização, musealização e patrimonialização, as fotografias foram compreendidas como dispositivos eficazes para a visualização das inscrições mnemônicas retidas na história das violências.

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Palavras-chave

ditaduras civil-militares, doutrina de Segurança Nacional, fotografias, museus da memória

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