Mulheres perpassadas por fronteiras: brasileiras e paraguaias e a situação de violência na fronteira de Foz do Iguaçu e Ciudad del Este.
Resumo
São muitos os tipos de violência que fizeram parte da construção da nossa América Latina, a violência contra a mulher se configura em apenas uma delas. Situado no
contexto de países latino-americanos, divididos fisicamente pela faixa de fronteira, de
um lado o Brasil e do outro o Paraguai, a linha que delimita onde termina um país e
começa o outro não é clara, apesar da divisão física, estabelecida pela criação de
nações impostas pelos Estados. Quando se fala em violência doméstica, estuda-se que
existem vários tipos de violência além da violência física, mas isso não significa que
esses outros tipos de violência são menos perigosos ou menos prejudiciais as quem as
experiencia. Ambos os países possuem legislações próprias e dispositivos públicos
especializados para combater o problema, mas ainda não existe uma parceria integrada
entre os dois para frear o número de casos que crescem abundantemente todos os dias.
Devido nossa particularidade transfronteiriça, devemos lembrar que entre as cidades
fronteiriças dos países Brasil, Paraguai e Argentina há uma população estimada de 846
mil habitantes e ainda maior considerando a população em trânsito, nos dois lados da
fronteira as mulheres constituíram importantes figuras na formação desse território, e
provavelmente grande parte delas foram e são vítimas de violência. O olhar voltado
para esse fenômeno deve ser de entendê-lo como questão social, podendo ser
analisado em diferentes dimensões, existindo variadas formas de intervenção. É preciso
inclusive, como nós vivemos na particularidade da fronteira, observar os territórios como
não separados em estados nações, mas entendê-los como parte de um mesmo território
com suas diferentes populações e de como estas estão sendo afetadas pela violência.