Baixas Doses de Canabinoides para o Tratamento de Sintomas Não Motores e Qualidade de Vida de Pacientes com Doença de Parkinson: um Relato de Cinco Casos

Resumo

Os sintomas não motores afetam significativamente a qualidade de vida dos pacientes com doença de Parkinson (DP). A farmacoterapia disponível não é totalmente eficaz e gera efeitos que contribuem para a debilitação do paciente. Uma associação farmacológica é necessária, gerando efeitos adversos além de tornar o tratamento mais caro. Estudos com canabinoides demonstram que estes podem melhorar os sintomas não motores da DP, no entanto, usando uma alta concentração de canabinoides. Neste estudo, avaliamos os efeitos de um extrato contendo baixas concentrações de canabinoides sobre os sintomas não motores e a qualidade de vida de cinco pacientes com DP. Foram incluídos 5 pacientes voluntários, com diagnóstico de DP idiopática há pelo menos 5 anos, com idade superior a 40 anos, em tratamento estável com levodopa há pelo menos 30 dias, com estadiamento 3 ou 4 segundo a escala de Hoehn & Yahr. Os pacientes receberam aleatoriamente um extrato oleoso contendo canabinoides, onde dois pacientes receberam o extrato com concentração de 28µg/mL de Canabidiol (CBD) e 250µg/mL de delta-9-tetrahidrocanabinol (THC), e três receberam a concentração de 112µg/mL de CBD e 1000µg/mL de THC via oral por 90 dias. Tanto os pesquisadores quanto os pacientes foram cegados, visando reduzir possíveis interferências nos resultados do estudo. Uma avaliação basal foi realizada antes do início do tratamento, sendo os pacientes reavaliados após 15, 30, 60 e 90 dias do início do estudo. As avaliações foram realizadas por entrevista presencial, onde os sintomas depressivos foram mensurados através do Inventário de Depressão de Beck (BDI-II), sintomas ansiosos por meio da Escala de Ansiedade de Hamilton (HAM-A), sintomas cognitivos pela Avaliação Cognitiva de Montreal (MoCA), qualidade do sono através da aplicação do Índice de Qualidade de Sono de Pittsburgh (PSQI), insônia pelo Índice de Gravidade de Insônia (IGI), sonolência diurna por meio da Escala de sonolência de Epworth (ESS), e a qualidade de vida através da Escala de Qualidade de Vida da Doença de Parkinson (PDQ-39). Os dados obtidos por este estudo demonstraram o potencial terapêutico das duas doses de um extrato contendo canabinoides sobre os sintomas não motores da DP. Além disso, demonstramos que baixas concentrações de canabinoides podem promover a melhora dos sintomas como depressão, ansiedade, sono, déficit cognitivo e qualidade de vida dos pacientes com DP. A melhora sobre a qualidade de vida se deu através da melhora dos sintomas depressivos e sobre o sono. Estes resultados confirmam os canabinoides como promissores para o tratamento dos sintomas não motores da DP. Estudos com uma amostra maior devem ser conduzidos, visando validar nossos resultados, principalmente com relação às doses utilizadas.

Descrição

Dissertação de mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduaçãoem Biociências, do Instituto Latino-Americano de Ciências da Vida e da Natureza, da Universidade Federal da Integração Latino-Americana, como requisito parcial à obtenção do título de Mestre em Ciências, área de concentração Biociências.

Palavras-chave

Canabidiol, Tetrahidrocanabidiol, Canabinoides, Doença de Parkinson, Sintomas não motores

Citação

PAULI, Karoline Bach. Baixas doses de canabinoides para o tratamento de sintomas não motores e qualidade de vida de pacientes com doença de Parkinson: um relato de cinco casos. 102. Dissertação de mestrado do Programa de Pós-Graduação em Biociências – Universidade Federal da Integração Latino-Americana, Foz do Iguaçu, 2021.