A Transversalidade entre o Regionalismo Literário e o Conceito Geográfico de Região: Contribuições para a Reflexão e a Prática Escolar
Resumo
O presente artigo foi proposto como estratégia pedagógica transversal para definir um elo didático entre o regionalismo literário (de acordo com as diretrizes estético-ideológicas do romance alinhado ao Manifesto Regionalista de 1926) e a região enquanto conceito geográfico. O ponto de encontro entre o literário e o geográfico, em semelhante ligação transdisciplinar na análise do romance Vidas Secas (1938) de Graciliano Ramos, e o objetivo metodológico dessa transversalidade são apresentados com o intuito de problematizar o estereótipo do semiárido nordestino brasileiro (cenário do romance) como uma região da fome. É como se as características socioespaciais do sertão, ou seja, seu clima, sua vegetação, sua paisagem e a peculiaridade de sua cultura, fossem determinantes para o subdesenvolvimento econômico e o atraso social; mazelas essas, cuja síntese mais evidente é o flagelo da fome. O principal resultado apresentado neste artigo é a articulação da transversalidade com as expectativas pedagógicas em favor de uma leitura de mundo que problematize estereótipos e naturalizações que ocultam desigualdades socioespaciais sob a pretensa fatalidade de características físicas hostis de uma dada região, como é o caso da intermitência fluvial e da irregularidade pluvial do semiárido nordestino.