Geoprocessamento e biopolítica: Vigilância espacial por meio do Sistema Único de Saúde
Visualizar/ Abrir
Data
2019-12-05Autor
Silva, Izabelle Cristina da
Metadata
Mostrar registro completoResumo
O geoprocessamento permite uma leitura do espaço geográfico que abre oportunidades para a
manipulação e visualização de dados georreferenciados com o objetivo de representar a
realidade da maneira mais fiel possível. Ao contribuir para as análises e tomadas de decisões
em relação à políticas de gestão pública dos meios de vida (como saúde ou segurança), o
geoprocessamento ganha uma noção ampliada de poder sobre os fenômenos humanos
enquanto espécie. Diante do referencial de Michel Foucault, o geoprocessamento pode ser
compreendido como um dispositivo utilizado pela biopolítica. Desta maneira, o presente
estudo buscou analisar seus usos e aplicações na modalidade SIG, bem como suas
consequências sobre a gestão territorial e populacional, além de refletir sobre as
potencialidades e riscos que envolvem o acesso (ou não acesso) às informações produzidas e
como questionamentos dessa natureza podem afetar a sua credibilidade científica e seu real
significado, que certamente ultrapassa o caráter meramente técnico. Nesse sentido, o estudo
também buscou estabelecer uma relação sobre a Medicina Social e a criação do Sistema
Único de Saúde no Brasil por meio de revisão bibliográfica. A pesquisa verificou, portanto,
que o uso massivo de sistemas de informação em saúde, como o SISAB e da base nacional de
dados presente no DATASUS, existe como meio de garantir que mantenha-se o exercício de
relações de biopoder por meio dos serviços prestados à população, principalmente na escala
primária, a Atenção Básica. Seguindo a lógica do SUS, os dados levantados na atenção básica
são repassados ao SISAB e posteriormente ao DATASUS para produção de análises espaciais,
e dessa forma, o geoprocessamento configura-se como uma ferramenta útil para identificar
variáveis que mostrem a realidade da estrutura socioeconômica e ambiental para,
consequentemente, apontar onde existe risco à saúde. Assim, o território é um pilar
fundamental do controle e vigilância da saúde da população The geoprocessing allows a comprehension of geographic space that opens opportunities for
manipulation and visualization of georeferenced data in order to represent scenarios as
realistic as possible. By contributing to analysis and decision-making regarding public
management policies (such as health or security), the geoprocessing gains a broader notion of
power over human phenomena as a species. And given Michel Foucault's studies, it’s can be
understood as a device used by biopolitics. Thus, the present study aimed to analyze its uses
and applications in the GIS modality, as well as its consequences on the territorial and
population management, besides reflecting on the potentialities and risks that involve the
access (or non-access) to the information produced and how as questions of such a nature can
affect its scientific credibility and real meaning, which certainly goes beyond the technical
character. This research also sought to establish a relationship on Social Medicine and the
creation of the Unified Health System in Brazil, through literature review. Therefore, it was
verified that the massive use of health information systems, such as SISAB and the national
database present in DATASUS, exists as a way to ensure that the exercise of biopower
relations through the services provided is maintained to the population, especially at the
primary care. In the logic of SUS, the data collected in the first scale are passed on to SISAB
and later to DATASUS for the production of spatial analysis, and consequently, the
geoprocessing is a useful tool to identify variables that shows the reality of socioeconomic
structure to point out where there is a risk to health. For that reason, the territory is a
fundamental pillar of population health control and surveillance